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Em entrevista ao imirante, Fábio Câmara fala de racismo, vitimismo e povo preto

Numas das mais significativas falas desta campanha eleitoral, pré-candidato do PDT explica ao jornalista Gilberto Léda por que é preciso levar o debate sobre cor da pele para a escolha do 113º prefeito em uma cidade como São Luís, com 75% da população preta e nenhum representante desta raça na história da prefeitura

 

Após quase um ano como pré-candidato a prefeito – já ratificado pelas direções municipal, estadual e nacional do PDT – o ex-vereador Fábio Câmara finalmente foi entrevistado nesta condição por um veículo do grupo Mirante; e mais uma vez teve que explicar sua posição de candidato preto nas eleições municipais.

Jornalista branco, o apresentador do “Cartas na Mesa”, Gilberto Léda, disse incomodar-se com o debate sobre a eleição de alguém “apenas por causa da cor da pele”, o que chamou de “vitimismo”.

São Luís tem 412 anos, teve 112 prefeitos, a segunda maior população preta do Brasil, 75%. Todos nós somos racistas, por que estrutural, inclusive o homem preto, a mulher preta; mas nós nunca tivemos um prefeito preto eleito pelo voto direto. Se vivemos em uma democracia, tem democracia racial nesse sentido? E antes de falar em vitimização, como você falou, eu falo de catalisador de mudanças, eu falo de representatividade”, explicou Fábio Câmara.

Fábio Câmara tendo que se explicar, mais uma vez ao Grupo Mirante, por que quer incluir o debate sobre o povo preto nas eleições de São Luís

Para o candidato do PDT, é impossível falar de representatividade do povo preto a um garoto que vive lá na Zona Rural de São Luís, esquecido e sem espaço às demais regiões da cidade.

Eu fui vereador de São Luís e acessei até aqui. E tenho a lucidez que o homem e a mulher preta vive o melhor momento, mas quando discutimos representatividade, eu duvido que um garoto que mora no Amapá, em Tajaçoaba, se sinta à vontade para chegar numa loja de shopping, que talvez tenha sido até o pai dele quem construiu, e perguntar o preço de uma roupa cara. Não tem condição, é terrível”, ressaltou o candidato.

Vencedor como homem, pai de família, político e empresário, Fábio Câmara mostrou ao jornalista que, mesmo assim, enfrenta preconceitos diários, exatamente perla própria condição que alcançou, de homem sucedido.

Seu eu tivesse vencido como jogador de futebol, com todo respeito aos gigantes do futebol, zero problema; talvez eu chegaria aqui como ídolo. Se tivesse vencido como cantor de pagode, zero problema. Mas quando eu chego aqui como dirigente de uma entidade, numa SW4, numa Hilux, eu tenho todos os dias que está explicando, por que sabe o que passa na cabeça de todos? ai tem coisa erada”, lamentou o pré-candidato.

Durante a entrevista, Fábio Câmara teve que explicar pela enésima vez que vai disputar pra valer a Prefeitura de São Luís, teve que explicar por que fala do povo preto em sua candidatura e teve que explicar que tem o apoio integral do partido, o PDT; pela enésima vez.

A convenção de Fábio câmara acontece n o dia 26 de julho, no Espaço Kabão…

Marco Aurélio D'Eça

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