Ao operar pessoalmente para beneficiar uma empresa criada às pressas – e já denunciada por suspeita de favorecimento no mesmo Detran – o diretor do órgão mostra que este governo se põe acima das leis
A empresa BR Construções foi criada a toque de caixa, em 2014, ao que tudo indica, para se beneficiar com um contrato do Departamento Estadual de Trânsito, chefiado pelo ex-sócio do governador Flávio Dino (PCdoB), o advogado Antonio Nunes.
Isso foi denunciado na imprensa e está sendo investigado pelo Ministério Público.
Mas Antonio Nunes – repita-se: ex-sócio de Flávio Dino em um escritório de advocacia – mostra claramente o que pensa das denúncias da imprensa e do Ministério Público neste caso.
Mesmo depois de comprovada a criação oportunista da empresa, de se mostrar que ela não tinha capacidade técnica para assumir a função dada pelo Detran, Nunes decidiu pagar mais de R$ 6 milhões no primeiro semestre – boa parte sem contrato algum – e vai pagar mais R$ 17 milhões em um segundo contrato.
E para garantir que a BR Construções receba o dinheiro – que, segundo denúncia do jornal O EstadoMaranhão, seria usado para recompensar financiadores de campanha – o ex-sócio de Flávio Dino agiu pessoalmente para garantir que a empresa trabalhasse em seu Detran.
Em julho, após o primeiro contrato, a Comissão de Licitação do governo Flávio Dino desclassificou a BR Construções para a nova concorrência no órgão.
E o que fez Antonio Nunes? O ex-sócio de Flávio Dino decidiu revogar a decisão da CCL e considerou apta a empresa suspeita de ser usada para lavagem de dinheiro para financiadores de campanha.
Sem saída, a Comissão de Licitação decidiu considerar vencedora a empresa apadrinhada por Nunes.
Mas, mesmo depois de homologado o resultado, a BR Construções continuou questionada, desta vez pelas demais participantes do certame.
De novo Antonio Nunes entrou no circuito, e considerou improcedentes todos os cinco recursos contra a BR Construções.
Quatro dias depois, o Detran e a BR Construções assinaram mais um contrato de prestação de serviços.
E Antonio Nunes sorri da opinião pública, sorri do Ministério Público e sorri da Justiça.
Numa espécie de deboche ao povo do Maranhão…