Vinculado à mesma base política do governo Flávio Dino, o deputado do Republicanos conseguiu construir imagem de “outsider” – ajudado pela própria classe política, que o odeia – se afastando do desgaste de ser comunista e da chamada “fadiga de material” das sucessivas gestões pedetistas em São Luís
Desde que assumiu mandato, Duarte Júnior deu de ombros para a rejeição da classe política e se tornou popular nas redes sociais e nas ruas
A pesquisa do Instituto Prever divulgada neste sábado confirmou um fato que vinha se desenhando apenas de forma empírica: a capacidade do deputado Duarte Júnior (Republicanos), de se mostrar “anti-sistema” mesmo sendo membro do sistema político controlado pelo governador Flávio Dino (PCdoB).
Duarte ocupa a segunda posição na pesquisa e se mostra o adversário com mais chances de ir a um eventual segundo turno com o deputado federal Eduardo Braide (Podemos).
E nessa disputa, leva vantagem absurda contra os dois candidatos assumidamente do sistema, os também deputados Rubens Pereira Júnior (PCdoB) e Neto Evangelista (DEM).
Desde que assumiu mandato na Assembleia Legislativa, ainda no PCdoB, Duarte Júnior passou a enfrentar rejeição tanto do próprio grupo político, hegemônico na Casa. O equívoco dos colegas o transformou no que seria uma espécie de pária, alguém rejeitado na própria comunidade.
Este equívoco da classe política foi retratada no blog Marco Aurélio D’Eça ainda em 2019, no post “Classe política erra ao hostilizar Duarte Júnior…”
Ativo nas redes sociais, essa rejeição ele transformou em trunfo, e passou a tomar decisões mais independentes, inclusive com ações que contestavam posições pontuais do próprio governo Flávio Dino, o que irritava ainda mais seus pares.
Mas a irritação dos pares contrastava com uma crescente popularidade nas redes sociais, que só aplaudiam suas ações anti-sistema.
A saída estratégica do PCdoB foi a cartada final, que garantiu esse distanciamento do Palácio dos Leões, mesmo mantendo vínculos com o governo.
Neto Evangelista – com Rubens Júnior lá atrás – optaram pelas estruturas governamentais, mas sofrem com o desgaste do sistema ou com “fadiga de material”
Ao contrário de Duarte, Rubens Júnior insiste, equivocadamente, na tutela do PCdoB, do Palácio e do próprio Flávio Dino, mas não consegue o apelo popular para deslanchar, ficando apenas com o ônus do desgaste comunista.
Neto Evangelista, por sua vez – mesmo sendo filiado ao DEM, não ao PDT – carrega consigo apenas o fardo das longas e sucessivas gestões pedetistas, aquilo que o atual chefe da Casa Civil do governo, Marcelo Tavares, classificou um dia de “fadiga de material”.
Rejeitado pela classe política, odiado e invejado pelos próprios pares, Duarte Júnior vai construindo sua candidatura, ao contrário dos colegas, com o bônus de estar próximo do “dono” do governo, sem, no entanto, pagar o ônus de ser candidato do sistema.
E essa diferença pode significar a presença em um eventual segundo turno.
Para mais desespero ainda do sistema…
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