O senador Roberto Rocha (PSB) externou, em discurso no plenário do Senado, nesta terça-feira, 7, sua preocupação com a criminalização da política como uma ameaça à democracia.
Ele elogiou a atuação do Ministério Público e da Polícia Federal na Operação Lava Jato, mas mostrou preocupação “com o crescimento de certa mentalidade punitiva e justiceira” que tem ganhado corpo na sociedade, e no caso da política subverte a ordem jurídica condenando, antes mesmo de um julgamento.
A quem interessa alimentar esse cenário, senão àqueles que pregam saídas autoritárias? Quando permitimos que os valores da política sejam rebaixados, estamos abrindo as portas para soluções messiânicas, para o esgarçamento das relações sociais”, afirmou.
Roberto Rocha criticou o uso do instrumento de gravações de conversas particulares como meio de provar o que foi dito nas delações e, sobretudo, o vazamento seletivo de informações que permitem acesso à imprensa de dados de processos que correm em segredo de justiça e em função disso não são liberados para consulta dos advogados das partes.
Para o senador, as gravações de conversa e o vazamento de informações selecionadas para causar impacto criam um clima de desconfiança generalizado da população na política e propiciam o surgimento de heróis, salvadores, enquanto o ideal é que a sociedade se fortaleça em torno de utopia partilhada.
O ambiente que estamos vivendo, infelizmente, corrói essas premissas. Precisamos devolver à política essa dimensão que a torna um imperativo da vida em sociedade”, disse.
É bom que se diga que, por mais moralizantes que sejam as intenções, ao se transformarem conversas privadas em espetáculo midiático, o efeito acaba contribuindo para a maior desmoralização da vida pública.”
Roberto Rocha fez questão de afirmar que seu discurso não objetivou fazer a defesa de ninguém, “porque há aqui Senadores, colegas que estão habilitados para fazer a sua própria defesa”, e sim de defender o fortalecimento da democracia e das instituições, com respeito à Constituição Federal.