Governador em exercício é fruto direto da mudança de paradigma político que se deu no estado e que encorajou jovens sem berços e sem sobrenomes ao jogo do poder
Editorial
Se há uma coisa que se pode destacar de positivo nas mudanças de paradigma é a alternância que ele proporciona em todas as instâncias.
Exemplo desta alternância foi vivenciada em síntese, nesta quinta-feira, 16, quando o poder central no Maranhão mudou de mãos – ainda que de forma simbólica – elevando jovens à condição de chefes de poder, história que os ciclos políticos vividos no estado jamais proporcionariam.
Desde 2006, quando ele próprio entrou na política, abandonando a magistratura, o agora governador Flávio Dino abriu uma espécie de porteira, por onde passaram inúmeros outros homens e mulheres, jovens e maduros.
E ao longo destes 13 anos, o retrato político do estado mudou completamente de mãos em todos o seus aspectos.
Mas neste aspecto, é preciso fazer uma referência histórica: a ex-governadora Roseana Sarney – ela também, assim como Dino, fruto da elite política maranhense – já havia tentado essa renovação, a partir do seu segundo mandato, em 2008, que revelou outras lideranças, como Max Barros, César Pires, João Abreu, Luis Fernando Silva e Roberto Costa, para lembrar alguns.
Mas só a partir da disputa de Flávio Dino em São Luís, em 2008, esse processo de mudança se consolidou de vez.
A própria nominata dos que pretendem disputar a Prefeitura de São Luís em 2020 é a essência clara da renovação atual na política maranhense.
Se Eduardo Braide (PMN) lidera a corrida – ele um filho de político tradicional que se aposentara há quase 10 anos – a maioria dos demais postulantes à sucessão do prefeito Edivaldo Júnior (PDT) são nomes recentes da política, que só ascenderam a partir da renovação construída no estado.
São frutos desta mudança de paradigmas não apenas o atual governador e o prefeito da capital, mas também os três senadores maranhenses – Roberto Rocha (PSDB), Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (Cidadania) – os presidentes da Assembleia Legislativa e da Câmara Municipal, Othelino Neto (PCdoB) e Osmar Filho (PDT), respectivamente, além de deputados federais e estaduais, vereadores e prefeitos no interior.
O próprio vice-governador Carlos Brandão (PRB), apesar de estar em uma geração acima dos demais, também é fruto da renovação que vem varrendo o Maranhão político há pelo menos duas décadas.
Ele dificilmente teria oportunidades que hoje tem, se continuasse no processo de cartas marcadas e “duques” nomeados a dedo para os principais postos de poder.
É claro que o processo que se vive hoje ainda mantém em evidência filhos e filhas, esposas e esposos, sobrinhos e netos dos que dividiram o poder por longos anos.
Alguns, hoje príncipes sem reinado; outros, construindo o próprio reino.
Mas a mudança que hoje brinda o estado com um Othelino Neto no exercício do governo deu à vida política também nomes como o de Weverton Rocha, Eliziane Gama (PPS), Fábio Câmara, Bira do Pindaré, Batista Matos, Wellington do Curso, Duarte Júnior, Dr. Yglésio, Cézar Bombeiro, Professor Sá Marques, Beto Castro dentre outros.
Gente comum, que sonhou com um espaço na política, foi atrás e conseguiu.
Mesmo sem sobrenome tradicional, mesmo sem fazer parte da elite quatrocentona que dividia os espaços de poder.
Flávio Dino é, ele próprio, fruto desta elite quatrocentona, embora renegue as origens elitizadas no Palácio dos Leões dos anos 70.
Mas a partir dele o Maranhão conseguiu dar um passo adiante, iniciando um processo de renovação que – se ainda não dá espaço para todos – pelo menos permite a todos sonhar.
Sonhos que ficarão ainda mais evidentes em 2020.
E, sobretudo, a partir de 2022…
Leia também:
Símbolos da cafonice provinciana de São Luís…
Os municípios como capitanias hereditárias…