Trinta dias depois de deixar o mandato de govenador – sem apoio de sindicatos, entidades sociais e sem penetração acadêmica – comunosocialista se restringe a reuniões fechadas, numa clara mostra de que não consegue se movimentar sem a máquina do estado
Análise de conjuntura
Passados trinta dias da renúncia do mandato de governador, o comunosocialista Flávio Dino dá mostras claras de que não consegue se movimentar sem a estrutura da máquina do estado; nesse primeiro mês fora do poder, sua agenda restringiu-se a reuniões fechadas, sem participação popular e sem a presença de entidades da sociedade civil organizada.
Construído politicamente pelas estruturas de poder a partir do governo José Reinaldo Tavares, em 2006, Flávio Dino se movimentou, desde então, com a ajuda da máquina pública; sem relação direta com entidades sindicais e com a classe trabalhadora, ele construiu em torno de si uma rede de poder que o movimentava.
Mas foi só deixar o Palácio dos Leões para que essa rede deixasse de funcionar.
Nestes trinta dias fora do cargo, a agenda política de Dino se restringiu a duas reuniões fechadas, em seu escritório, tentando construir uma pauta pro-Lula, mas sem a presença de militância e de gente das bases progressistas.
Flávio Dino não tem hoje nenhum tipo de relação, por exemplo, com a Fetaema, que é crítica dura de sua política de governo, acusada de aumentar as mortes no campo – como a que ocorreu no último sábado.
O ex-governador também não se relaciona com entidades como a CUT, Sindsep e Simpol, tem pouca participação em movimentos católicos de base e nenhuma penetração nas universidades para além de suas aulas no Curso de Direito da Ufma.
A falta da máquina pública ao seu redor tem deixado o ex-governador envolvido apenas em brigas viscerais por espaços de poder no governo do seu sucessor, Carlos Brandão (PSB).
Enquanto Brandão se embrenha no interior com agenda populista, de exaltação da miséria com distribuição de cestas básicas, Dino permanece em São Luís, de onde vai vendo a perda de apoios importantes para seu projeto senatorial, como o afastamento do senador Weverton Rocha – líder nas pesquisas para o governo – e de partidos como o PDT, o PROS, o Republicanos e o União Brasil.
Filho da elite, Dino chegou ao poder pela elite e agora mostra-se claramente elitista, sem o elã popular das ruas e do campo.
E sem esse vínculo com o povo é impossível ser líder…