42

Mas o governo também não pode humilhar a PM…

Uma coisa é o policial militar fazer greve, o que é proibido pela Constituição. Neste caso, deve ser punido para manter a hierarquia e a disciplina nos quarteis.

Outra coisa, totalmente, diferente, é o policial militar cobrar melhores condições salariais e de trabalho. Isso é absolutamente legítimo e deve ser respeitado pelo governo.

O governo pode sufocar qualquer manifestação grevista da PM e do Corpo de Bombeiros, mas não pode tratar o policial militar como servidor comum.

Assim como os delegados de polícia, os policiais civis e os agentes penitenciários, os PMs e os Bombeiros têm, sim, direito a uma negociação salarial diferenciada. E o governo tem obrigação de tratá-los de foma diferenciada.

Incluir PM e Bombeiros no bojo de uma política salarial generalizada é um erro do governo, tal qual o erro dos militares que ameaçam com greve.

O que precisa é os comandantes militares mostrarem força e liderança para sentar na mesa de negociação – e o governo tratá-los com a mesma diferenciação com a qual trata delegados e demais setores da Segurança.

Não se pode apoiar greve de militares por princípio constitucional, mas é legítima a luta dos PMs e Bombeiros por melhores salários e condições de trabalho.

Esta deve ser a posição de todos.

Simples assim…

56

Governo não dará tratamento especial a policiais militares na política salarial…

O  governo Roseana Sarney (PMDB) decidiu, ontem, que a política salarial de policiais e bombeiros militares seguirá no bojo de um projeto geral para todo o funcionalismo, a ser encaminhado à Assembléia, até o início do ano que vem.

Os militares, portanto, não terão diferenciação na negociação de reajuste – sobretudo após a espécie de greve promovida há duas semanas – movimento ilegal e sem precedentes na história da vida militar.

Ações como esta não serão mais tolerados pelo governo

O projeto de política salarial do funcionalismo foi analisada ontem por Roseana Sarney (PMDB), em reunião da qual participaram também os secretários João Alberto de Souza, Hildo Rocha, Fábio Gondim e Aluísio Mendes.

Cercada por garantias jurídicas, o governo não vai mais tolerar movimentos como a inusitada “greve militar” e punirá os insurgentes com rigor.

A decisão do governo colocou em situação difícil o líder governista na Assembléia, deputado Manoel Ribeiro (PTB).

Arnaldo e Ribeiro negociando com militares

Ribeiro, ao lado do presidente da Casa, Arnaldo Melo (PMDB) – e insuflado por membros da oposição – prometeu aos militares rebeldes que se juntaria a eles, em uma nova greve, caso o governo não atendesse as reivindicações da categoria.

Para muitos deputados, não passou de uma bravata ribeirista para forçar os militares a um recuo, mas o governo entendeu a ação como uma afronta – e um estímulo a novas insubordinações.

Agora, caberá a Ribeiro decidir se fica com os militares ou se segue a orientação do governo…