Cobrança de empresários por aumento de passagem é primeiro desafio de Braide

Prefeito será testado pela pressão dos donos de ônibus, que sofrem as consequências do aumento do diesel e querem reajuste de até 30 centavos nas tarifas do transporte coletivo na capital maranhense

 

Com constantes aumentos de combustíveis, empresários querem novo preço para passagem no transporte público de São Luís

A pressão dos empresários de transporte coletivo por um aumento de até 30 centavos nas passagens de ônibus de São Luís será o primeiro teste público para o prefeito Eduardo Braide (Podemos).

Para requerer o aumento, o Sindicato das Empresas de Transportes (SET) alega os constantes aumentos de combustíveis, que elevaram em ais de 30% o preço do óleo diesel em São Luís.

Por outro lado, Braide enfrenta situação de pandemia e de queda no nível de emprego e redução na circulação de renda na capital maranhense, o que tornaria impraticável para o trabalhador arcar com custo das tarifas no transporte.

O resultado é o jogo de empurra que se vê a cada ano, em todas s gestões de São Luís.

Caberá agora a Eduardo Braide quebrar este paradigma…

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“Reajuste não contempla as necessidades das empresas de ônibus”, diz dirigente do SET…

Em entrevista exclusiva a este blog, superintendente do sindicato que representa as empresas de ônibus defende tarifas entre R$ 3,85 e R$ 4,16, diz que o transporte urbano está à beira do colapso e alerta que o sistema pode parar

 

Luis Cláudio reclama do arrocho sofrido pelos empresários de ônibus em São Luís

O superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luis, Luis Claudio Siqueira, afirmou que o Contrato de Concessão das Empresas de Transporte Coletivo com a Prefeitura de São Luis completou um ano dia 1º de Setembro, e, desde lá, não houve qualquer posicionamento por parte da gestão municipal sobre o reequilíbrio econômico do Sistema.

Para Luis Cláudio, esse reajuste dado neste sábado, 20 – de R$ 0,20 – não contempla as necessidades das empresas, que vêm sofrendo com reajustes de combustíveis e aumento de salário de funcionários. Abaixo, a entrevista completa com Luis Claudio Siqueira:

Marco Aurélio D’Eça: O sistema de transporte de São Luis pode parar?

Luis Claudio: Infelizmente, pode parar sim. As empresas estão pagando os salários dos funcionários com atraso, e a insatisfação dos trabalhadores é crescente. No último dia 10, três empresas foram paralisadas, e este número tende a aumentar com o agravamento da crise do Sistema de Transporte.

Blog: O que fez com que o sistema de transporte entrasse nesta crise citada por você?

Luis Claudio: Com a licitação do transporte foi feito um investimento gigantesco em ônibus novos, com ar condicionado. Além disso, foram contratados e pagos pelas empresas os serviços de Bilhetagem Eletrônica e de GPS (rastreamento dos ônibus). Soma-se a isso dois aumentos dos motoristas (2016 e 2017), e o diesel, que teve mais de 100 reajustes nos últimos 12 meses. Todos sabem e reconhecem que o sistema de transporte melhorou, e isto tudo tem um preço a ser pago, sob o risco de perdermos todos estes avanços.

Blog: Um site especializado em transporte divulgou que o sistema de São Luis perdeu mais de 10% de passageiros e de receita. Até onde isto é verdade?

Luis Claudio: Perdemos 10,2% da receita, e este fato pode ser confirmado pela própria Prefeitura de São Luis. O grave desequilíbrio vem principalmente dos investimentos feitos pelas empresas que estão descobertos com riscos de apreensões por parte dos credores e devoluções por falta de capacidade de pagamento. A situação é desesperadora.

A frota de São Lujís foi toda modernizada por determinação da licitação

Blog: A prefeitura concedeu reajuste de R$ 0,20. Têm-se comentado que as empresas queriam R$ 0,40…

Luis Claudio: Isso não procede. Um realinhamento de R$ 0,40 não irá equilibrar o sistema de transporte de São Luís. E esse reajuste de R$ 0,20 não contempla as empresas. O que defendemos é uma tarifa ou um subsídio que traga o equilíbrio econômico para as empresas continuarem a prestar um bom serviço.

Blog: E qual seria o valor dessa tarifa?

Luis Claudio: R$ 3,85 para custeio do sistema atual; e R$ 4,16 para manter os investimentos previstos na licitação.

Blog: Mas este valor é inviável para os usuários de transporte… Como chegar a um valor consensual?

Luis Claudio: Infelizmente, algumas atitudes fizeram com que chegássemos ao fundo do poço. Diversas linhas de fora de São Luis foram criadas, muitas delas sem a menor necessidade ou critério técnico, e prejudicaram o sistema de transporte local, que foi licitado sem prever que perderia passageiros. A Prefeitura de São Luis nada fez para impedir este predadorismo; além disso, não foi combatido o transporte clandestino, que há anos vem prejudicando o sistema de transporte, que está transportando, basicamente, as gratuidades e os estudantes. Nem o Bilhete Único teve estudo de impacto econômico, já que foi lançado depois do levantamento de passageiros feito para a Licitação ocorrida em 2016.

Blog: Se as tarifas não forem reajustadas em um percentual pleiteado pelas empresas, o que pode ocorrer?

Luis Claudio: O cenário é o pior possível. Por mais que tentemos, até o último suspiro, manter o transporte em funcionamento, as empresas estão asfixiadas, e o colapso é iminente. Desde 1º de setembro, temos avisado, quase que semanalmente, que a situação tinha se agravado, e que uma atitude rápida precisava ser tomada. Quase todas as capitais reajustaram suas tarifas no início do ano, e, aqui no Maranhão, Imperatriz também o fez, justamente para evitar o colapso do sistema e manter os investimentos, que é exatamente o caso de São Luis.