Em entrevista exclusiva a este blog, superintendente do sindicato que representa as empresas de ônibus defende tarifas entre R$ 3,85 e R$ 4,16, diz que o transporte urbano está à beira do colapso e alerta que o sistema pode parar
Luis Cláudio reclama do arrocho sofrido pelos empresários de ônibus em São Luís
O superintendente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luis, Luis Claudio Siqueira, afirmou que o Contrato de Concessão das Empresas de Transporte Coletivo com a Prefeitura de São Luis completou um ano dia 1º de Setembro, e, desde lá, não houve qualquer posicionamento por parte da gestão municipal sobre o reequilíbrio econômico do Sistema.
Para Luis Cláudio, esse reajuste dado neste sábado, 20 – de R$ 0,20 – não contempla as necessidades das empresas, que vêm sofrendo com reajustes de combustíveis e aumento de salário de funcionários. Abaixo, a entrevista completa com Luis Claudio Siqueira:
Marco Aurélio D’Eça: O sistema de transporte de São Luis pode parar?
Luis Claudio: Infelizmente, pode parar sim. As empresas estão pagando os salários dos funcionários com atraso, e a insatisfação dos trabalhadores é crescente. No último dia 10, três empresas foram paralisadas, e este número tende a aumentar com o agravamento da crise do Sistema de Transporte.
Blog: O que fez com que o sistema de transporte entrasse nesta crise citada por você?
Luis Claudio: Com a licitação do transporte foi feito um investimento gigantesco em ônibus novos, com ar condicionado. Além disso, foram contratados e pagos pelas empresas os serviços de Bilhetagem Eletrônica e de GPS (rastreamento dos ônibus). Soma-se a isso dois aumentos dos motoristas (2016 e 2017), e o diesel, que teve mais de 100 reajustes nos últimos 12 meses. Todos sabem e reconhecem que o sistema de transporte melhorou, e isto tudo tem um preço a ser pago, sob o risco de perdermos todos estes avanços.
Blog: Um site especializado em transporte divulgou que o sistema de São Luis perdeu mais de 10% de passageiros e de receita. Até onde isto é verdade?
Luis Claudio: Perdemos 10,2% da receita, e este fato pode ser confirmado pela própria Prefeitura de São Luis. O grave desequilíbrio vem principalmente dos investimentos feitos pelas empresas que estão descobertos com riscos de apreensões por parte dos credores e devoluções por falta de capacidade de pagamento. A situação é desesperadora.
A frota de São Lujís foi toda modernizada por determinação da licitação
Blog: A prefeitura concedeu reajuste de R$ 0,20. Têm-se comentado que as empresas queriam R$ 0,40…
Luis Claudio: Isso não procede. Um realinhamento de R$ 0,40 não irá equilibrar o sistema de transporte de São Luís. E esse reajuste de R$ 0,20 não contempla as empresas. O que defendemos é uma tarifa ou um subsídio que traga o equilíbrio econômico para as empresas continuarem a prestar um bom serviço.
Blog: E qual seria o valor dessa tarifa?
Luis Claudio: R$ 3,85 para custeio do sistema atual; e R$ 4,16 para manter os investimentos previstos na licitação.
Blog: Mas este valor é inviável para os usuários de transporte… Como chegar a um valor consensual?
Luis Claudio: Infelizmente, algumas atitudes fizeram com que chegássemos ao fundo do poço. Diversas linhas de fora de São Luis foram criadas, muitas delas sem a menor necessidade ou critério técnico, e prejudicaram o sistema de transporte local, que foi licitado sem prever que perderia passageiros. A Prefeitura de São Luis nada fez para impedir este predadorismo; além disso, não foi combatido o transporte clandestino, que há anos vem prejudicando o sistema de transporte, que está transportando, basicamente, as gratuidades e os estudantes. Nem o Bilhete Único teve estudo de impacto econômico, já que foi lançado depois do levantamento de passageiros feito para a Licitação ocorrida em 2016.
Blog: Se as tarifas não forem reajustadas em um percentual pleiteado pelas empresas, o que pode ocorrer?
Luis Claudio: O cenário é o pior possível. Por mais que tentemos, até o último suspiro, manter o transporte em funcionamento, as empresas estão asfixiadas, e o colapso é iminente. Desde 1º de setembro, temos avisado, quase que semanalmente, que a situação tinha se agravado, e que uma atitude rápida precisava ser tomada. Quase todas as capitais reajustaram suas tarifas no início do ano, e, aqui no Maranhão, Imperatriz também o fez, justamente para evitar o colapso do sistema e manter os investimentos, que é exatamente o caso de São Luis.
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