Por um São João feito por nordestinos…

Espalham-se pelos principais palcos das festas juninas no Nordeste reclamações de artistas da região que são preteridos ou têm seus shows minimizados para dar espaços a artistas de outras regiões brasileiras, muitos dos quais sem nenhuma identificação com a cultura da época

Flávio José reclamou no palco da discriminação ao seu show em favorecimento de Gusttavo Lima; “paulistização” do São João tem- se repetido em todo o Nordeste

Ensaio

A primeira reclamação veio no dia 2 de junho, em Campina Grande, na Paraíba.

O consagrado cantor Flávio José teve que ficar apenas 1h10 no palco do “Maior São João do Mundo”, para dar espaço a Gusttavo Lima, que cantou exatamente três horas.

– Me disseram que eu só podia tocar 1h10. Eu não tenho nenhum show para sair correndo pra fazer. […] Não foi uma ideia minha. Infelizmente são essas coisas que os artistas da música nordestina sofrem, é isso. ‘Precisa cantar 1h30 não, 1h tá bom’ !” – desabafou. (Leia aqui)

O episódio envolvendo o consagrado artista nordestino tem se repetido em todos os estados da região onde o São João é tradição – sobretudo Maranhão, Pernambuco e Paraíba.

As festas de São João no Nordeste têm se transformado em espécies de micaretas, shows de cantores nacionais, muitos dos quais sem nenhuma identificação com o São João, e que acabam deixando de fora artistas autênticos do Nordeste.

Este blog Marco Aurélio d’Eça publicou ainda em 20 de maio o post “São João da Thay desvirtua festa junina maranhense…”.

O texto falava do destaque dado a artistas como Ivete Sangalo e Léo Santana, que, embora consagrados no cenário musical, não têm qualquer tipo de identidade com o São João, mas com o carnaval.

Desde então, a produção do evento produzido pela influencer Thaynara OG passou a divulgar maciçamente que a festa tinha caráter solidário e faria doações importantes, além de “divulgar o São João do Maranhão“; chegou até a disponibilizar convite ao editor do blog Marco Aurélio d’Eça, gentilmente recusado.

Não faz sentido, por exemplo, que o Governo do Estado faça festa para anunciar cantores nada a ver com o São João do Maranhão; e o que dizer da maciça propaganda da Prefeitura de São Luís anunciando gente como Joelma ou Thierry?!?

É fundamental que o poder público invista nas festas juninas, sobretudo com o objetivo de trazer turistas do mundo inteiro; mas estes turistas precisam estar expostos à cultura do estado.

Se for pra ver cantores que já se apresentam naturalmente, o ano inteiro, nas festas do Centro Sul do Brasil, melhor nem vir para o Nordeste.

É simples assim…

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Imagem do dia: o deboche de Bolsonaro aos nordestinos…

Para tentar limpar a imagem após chamar governadores de paraíbas, presidente fica ainda mais caricato ao usar chapéu de cangaceiro e dizer que sua filha tem “sangue de cabra da peste”

 

Os responsáveis pelo marketing do presidente Jair Bolsonaro – fortemente baseado em construção de fakes news a seu favor e contra adversários – têm tentado de tudo para minimizar os estragos das declarações preconceituosas contra o Nordeste.

E nesta terça-feira, 23, na passagem de Bolsonaro pela Bahia, eles se superaram no ridículo, que acabou parecendo deboche do presidente.

Usando chapéu de cangaceiro, Bolsonaro ironizou o termo preconceituoso gritando “somos todos paraíbas” diante da claque montada para aplaudi-lo. E chegou às raias do deboche ao declarar que sua filha “tem nas veias sangue de cabra da peste”.

Felizmente, apenas bolsomínions aplaudiram.

Mas estes são como ele próprio…