Família Braide: da máfia de Anajatuba ao “Carro do Milhão”…

Quem acompanha o noticiário político no Maranhão percebe, claramente, o mesmo modus operandi nos dois casos envolvendo pai, irmãos, parentes e gente muito próxima do prefeito de São Luís

 

Tonho Braide é o segundo membro da família Braide que o prefeito Eduardo Braide diz não ter relacionamento, assim como fez com o pai, Carlos Braide

Editorial

O prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD) utilizou-se de uma tática de difícil execução prática em sua tentativa de se desvincular do escândalo do “Carro do Milhão”, caso policial que já lhe custou quase 7 pontos percentuais nas pesquisas de intenção de votos, de acordo com o último levantamento do Instituto DataIlha.

  • primeiro exonerou todos os assessores que foram surgindo como suspeitos pelo Clio vermelho deixado com mais de R$ 1,1 milhão no porta-malas;
  • depois, entregou á polícia o próprio irmão, Tonho Braide, investigado atualmente como um dos suspeitos no “Carro do Milhão”;
  • além disso, o prefeito jura de pés juntos nada ter a ver com o dinheiro esquecido no porta-malas e usa o famoso “doa a quem doer”. 

Para quem acompanha há pelo menos 15 anos a política do Maranhão vai ver relação comportamental do prefeito neste caso com outro caso envolvendo ele e sua família, a famosa “Máfia de Anajatuba”, que estourou entre os anos de 2014 e 2016, quando Braide era deputado estadual e candidato a prefeito de São Luís. 

  • Braide foi investigado na “Máfia de Anajatuba” por ter empregado em seu gabinete assessores envolvidos com o esquema, que desviou recurso de 29 prefeituras;
  • entre os investigados da máfia estava o pai do atual prefeito de São Luís, o ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa Carlos Braide,;
  • assim como fez com o irmão no “Carro do Milhão”, Braide também declarou não ter relações com o pai, quando este surgiu com envolvido.

Vários investigados na “máfia de Anajatuba” foram condenados na Justiça, entre eles Fabiano Bezerra, assessor técnico de Carlos Braide entre 2008 e 2012 e depois assessor de Eduardo Braide entre 2012 e 2014.

Da mesma forma, Guilherme Bucho –  o assessor que dirigia o Clio vermelho com R$ 1,1 milhão no porta-malas – trabalhou com Braide entre os anos de 2019 e 2023 e, depois, passou a atuar com o deputado estadual Fernando Braide (PSD), a partir de 2023.

A relação da família Braide com o “Carro do Milhão” – pai, mãe, irmãos, assessores diretos – está caracterizada nas investigações da Superintendência de Investigações Criminais (SEIC), assim como a relação dos Braide com a “Máfia de Anajatuba” foi caracterizada pelo Gaeco, do Ministério Público, e pela Policia Federal, em 2015.

São exatos dez anos de investigações, com várias prisões, investigações e condenações.

E neste período, a família Braide teve acesso sem restrições a cofres públicos maranhenses…

Família de Eduardo Braide toda envolvida com o “carro do milhão”…

Investigação que vem sendo conduzida pelo Departamento de Combate ao Crime Organizado da SEIC mostra ligações claras entre o dinheiro achado no Clio vermelho de propriedade de Carlos Augusto Diniz da Costa com os irmãos do prefeito, a sogra de um deles e até o nome da mãe, já falecida

 

Momento em que Guilherme Bucho, assessor do prefeito Eduardo Braide, troca o Clio Vermelho pelo Fit preto; o carro está em nome da mãe de Bride, já falecida

Análise da Notícia

Em mais um furo de reportagem, o jornalista Domingos Costa publicou nesta quarta-feira, 1º, imagens exclusivas mostrando o momento em que o Clio Vermelho placa NXH5E16, pertencente ao ex-servidor da Prefeitura de São Luís Carlos Augusto Diniz da Costa estaciona na rua das Andirobas, no Renascença. (Veja aqui)

No carro estavam R$ 1,1 milhão de origem suspeita; dele, desce ninguém menos que Guilherme Ferreira Teixeira, o “Guilherme Bucho”, que foi assessor do próprio prefeito Eduardo Braide (PSD) na Câmara Federal, atuou na Secretaria Municipal de Governo e na assessoria do irmão do prefeito, o deputado estadual Fernando Braide (PSD).

O Clio vermelho com mais de R$ 1,1 milhão ficou estacionado nas proximidades da casa de Eline Loyola; ela é sogra de Antonio Carlos Braide, o Tonho Braide, irmão do prefeito Eduardo Braide.

Guilherme Bucho deixa o Clio estacionado e entra no Honda FIT preto, placa NHJ8667; o veículo está em nome de Antonia Maria Martins Braide, mãe do prefeito Eduardo Braide, já falecida. 

O modus operandi investigado pela polícia indica que esta mesma operação foi feita por vários dias, o que deu a impressão de que o Clio estava parado há semanas.

Até agora, ninguém apareceu para reclamar os mais de R$ 1,1 milhão apreendido pela polícia.

Mas o escândalo não tem precedentes na história…