O início do fim do bolsonarismo…

Ex-presidente não conseguiu eleger seus favoritos e viu a direita conservadora – mais distante de seus postulados – crescer sistematicamente nestas eleições municipais, o que indica o surgimento de uma terceira via fazendo uma cunha na polarização entre a esquerda e a extrema direita

 

LULISMO X BOLSONARISMO. a esquerda ainda precisa de Lula como catalisador de votos, mas a direita já começa a ver a inutilidade de Bolsonaro

Análise de conjuntura

O primeiro balanço da mídia digital especializada em política em todo o país – este blog Marco Aurélio d’Eça incluído – apontou uma derrota acachapante da esquerda e do PT nestas eleições municipais.

Passadas as primeiras impressões, no entanto, é possível ver, também, uma espécie de fim do ciclo do chamado bolsonarismo-raiz, aquele mais identificado com os postulados do ex-presidente da República.

Os partidos que venceram as eleições são de centro-direita, mais moderados e menos radicais que os bolsonaristas.

  • a polarização entre lulistas e bolsonaristas, que existia no Brasil desde 2018, parece começar a arrefecer, com surgimento de novos atores;
  • embora o PT tenha sido derrotado, não é certo apontar que o presidente Lula também perdeu, uma vez que o lulismo se separa do petismo;
  • dois personagens podem ser destacados, ambos paulistas, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, e o governador Tarcísio de Freitas (PRB).

Tarcísio pode ser candidato presidencial já em 2026, com apoio provável do próprio Bolsonaro; Kassab deve permanecer com Lula e o PT, mas isso deve significar uma fatura cada vez maior ao PSD.

Entre os dois surge o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), embora tenha chances diminutas de se viabilizar nacionalmente. Pesa ainda o fato de Bolsonaro estar inelegível em 2026, um vácuo gigantesco no tempo e no espaço para quem precisa de disputas de poder.

Assim como o lulismo tornou-se ao longo do tempo maior que a esquerda, a direita mais autêntica, menos extremista vai tomando o lugar de Bolsonaro e sua postura odienta.

Mas há uma diferença entre os dois: o PT e a esquerda sabem que precisam de Lula para sobreviver nos próximos anos.

Já a direita começa a ver que não precisa mais de Bolsonaro…

Com direito a arraial junino, PDT apresenta Fábio Câmara em São Luís

Partido fará convenção nesta sexta-feira, 14, com apresentação do candidato a prefeito da capital maranhense e de outras 50 cidades no Maranhão, em festa com a presença do senador Weverton Rocha e do ministro Carlos Lupi, que representa o governo Lula

 

Penha, Weverton, Fábio e Erlânio: defesa exclusiva das bandeiras do lulismo na capital maranhense

O presidente municipal do PDT em São Luís, vereador Raimundo Penha, convida para o “arraial pedetista” nesta sexta-feira, 14, na sede do partido, na rua dos Afogados, Centro da capital maranhense.

O evento, que marca a convenção estadual e municipal, terá também a apresentação formal do ex-vereador Fábio Câmara como candidato a prefeito de São Luís.

Câmara vai liderar a chapa com 32 candidatos a vereador na capital e representará também os 50 pré-candidatos e pré-candidatas pedetistas no interior maranhense.

Nosso objetivo é reunir pré-candidatos de todas as regiões do Maranhão para debater as melhores soluções para os nossos municípios. O partido tem uma longa história e um compromisso sólido com o municipalismo”, afirmou Penha. 

O evento terá a presença do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, que representará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Membro da base do governo Lula em Brasília, o PDT vai representar o lulismo nas eleições de São Luís; tanto que o candidato pedetista a prefeito espera contar com petistas em campanha.

Nós convidamos os membros do PT em São Luís, como partidos-irmãos que somos, historicamente, a estar em nosso palanque, com o senador Weverton e defendendo unicamente as bandeiras do governo Lula”, pregou Fábio Cãmara.

A convenção está marcada para as 15 horas…

Wellington já assume contraponto a Braide….

Pré-candidato do Partido Novo em São Luís, deputado estadual atua no mesmo campo ideológico do prefeito e vai tentar aglutinar em torno de si os eleitores da direita conservadora e bolsonarista – usados por Duarte Jr. em 2020 – sobretudo com o apoio do ex-candidato a governador Lahésio Bonfim, que ficou em segundo lugar nas eleições de 2022

Wellington começou a se apresentar como o principal contraponto ao prefeito Eduardo Braide, buscando a polarização que pode levar ao segundo turno

Análise da Notícia

Lançado candidato há uma semana pelo partido Novo o deputado estadual Wellington do Curso vem fazendo, desde então, o contraponto ao prefeito de São Luís Eduardo Braide (PSD), numa clara estratégia de polarizar com o atual gestor e se cacifar para um eventual segundo turno; Wellington é hoje o principal adversário de Braide no campo da direita conservadora e bolsonarista.

O deputado do Novo pode se transformar no que o deputado federal Duarte Jr. (PSB) temia desde o início. O candidato governista teme o lançamento de outras candidaturas por que  corre o risco de ficar fora do segundo turno; por isso vem trabalhando na base governista a polarização com o prefeito.

Declaradamente bolsonarista nas eleições de 2020, Duarte agora não pode assumir este campo ideológico, e ainda vai ter que dividir o eleitorado do presidente Lula (PT) com o pedetista Fábio Câmara, que já vem pedindo votos como aliado do petista.

Solto entre os eleitores de direita – tanto os conservadores quanto os bolsonaristas – Wellington faz críticas diretas a Braide, a exemplo da cobrança deste feriadão por melhorias no Samu, serviço de saúde que ele vê como sucateado em São Luís; embora esteja em segundo lugar nas pesquisas, Duarte Jr. tem, evitado críticas a Braide.

Além da liberdade para contrapor o prefeito, Wellington conta também com o apoio do ex-candidato a governador Dr. Lahésio Bonfim (Novo), que ficou em segundo lugar em 2022, tanto no Maranhão quanto em São Luís; Lahésio já declarou que estará com Wellington pedindo votos nas ruas, feiras e mercados.

O acirramento da disputa – com Braide e Wellington buscando o eleitorado de direita e Duarte tendo que dividir o eleitorado lulista com Câmara – tende a diminuir a distância entre os quatro nomes já postos à disputa, na medida em que a campanha chegar de fato à TV.

Será quando se saberá mais claramente qual a importância do presidente Lula e do ex-presidente Bolsonaro na disputa.

E quem buscará, de fato, o eleitorado de cada um deles…

Duarte Jr. e Fábio Câmara vão dividir o eleitorado lulista em São Luís…

Pré-candidatos do PSB e do PDT são os únicos representantes da base do presidente da República na disputa pela prefeitura da capital maranhense, que tem mais representantes da direita conservadora e bolsonaristas, embora apenas Yglésio Moyses assuma abertamente seu campo ideológico

 

Duarte vai buscar a exclusividade de Lula em seu palanque, mas terá que dividi-lo com o candidato pedetista Fábio Câmara

Ensaio

Os pré-candidatos a prefeito de São Luís Duarte Jr. e Fábio Câmara são os dois únicos entre os postulantes às eleições de outubro que representam partidos da base do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Deputado federal, Duarte Jr. é do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alkimin e deve ter como vice um indicado pela Federação Brasil Esperança, que tem o PT e mais o PCdoB e o PV, apesar de flertar em busca de apoio do PL bolsonarista; Fábio Câmara, por sua vez, é do PDT, que tem dois ministérios e o vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, senador Weverton Rocha.

Duarte e Fábio Câmara vão dividir a atenção dos cerca de 35% de eleitores que votam sob qualquer circunstância em um candidato indicado por Lula, segundo pesquisas de 2023, quando ainda não havia necessidade de registro na Justiça Eleitoral.

Na disputa em São Luís, a maioria dos candidatos é da direita, das correntes conservadora ou bolsonarista, esta última também chamada de extremista.

O prefeito Eduardo Braide (PSD) não se manifesta quanto à ideologia; mas, apesar de filiado a um partido da base de Lula, nunca se manifestou em relação ao presidente e tem postura conservadora da direita católica desde os tempos em que foi deputado estadual.

Flertam com a base bolsonarista os deputados estaduais Wellington do Curso (agora no Novo) e Dr. Yglésio Moyses (em busca de partido)

Sob a coordenação do ex-candidato a governador Dr. Lahésio Bonfim, Wellington também não assume abertamente seu bolsonarismo – e tem dificuldade em explicar conceitos como direita e conservadorismo – mas nada tem a ver com a esquerda.

Yglésio está mais próximos dos Bolsonaro

Esta semana ele se reuniu tanto com o ex-presidente da República quanto com a ex-primeira-dama Michele Bolsonaro e com o senador Flávio Bolsonaro, além, de diversos ícones da direta conservadora; de todos os candidatos da direita, Yglésio é o único que assume abertamente sua condição de bolsonarista.

Ele quer alcançar os cerca de 25% de votos com influência direta deste campo político na capital maranhense…

15

O resgate das cores do Brasil…

As mais belas imagens das manifestações democráticas desta quinta-feira, 11, mostram bandeiras brasileiras, jovens e senhores caras-pintadas, misturados ao vermelho, ao roxo e ao arco-íris dos movimentos sociais progressistas, numa mostra de que o verde e o amarelo do país deixaram de ser associados ao autoritarismo e à violência dos últimos anos

 

A bandeira do Brasil foi aberta bem no centro da manifestação na faculdade de Direito da USP, rodeada por vermelho, roxo e arco-íris dos movimentos sociais

Editorial

Mais do que definitivas do ponto de vista político para demarcar o fim de um ciclo, as manifestações desta quinta-feira,11, em todo o país, representam o símbolo de um resgate das cores brasileiras.

O verde e o amarelo deixaram de ser propriedade de fanáticos bolsonaristas, autoritários que tentaram impor um modelo de Brasil das cavernas, cerceando liberdades e cassando direitos individuais.

A bandeira do Brasil tremulou, linda e forte, ao lado dos pavilhões de segmentos sociais, movimentos sindicais e partidos do campo progressista, numa espécie de libertação das amarras fanáticoideológicas que se espalharam pelo país ao longo dos últimos quatro anos. 

Há tempos, o blog Marco Aurélio D’Eça prega o resgate da bandeira do Brasil, símbolo que foi indevidamente apropriado pelo bolsonarismo para rechaçar aqueles que não compactuavam com as ideias do presidente, eleito em 2018 num arroto da história brasileira.

A manifestação na USP – símbolo maior dos eventos desta quinta-feira – representou também o que este blog dizia há tempos: Bolsonaro perdeu a base que o elegeu em 2018, formada pelo mercado interesseiro, pelos militares menos conscientes e pela massa evangélica controlada por mercadores da fé.

Bolsonaro está nu.

Tentou vestir-se com o verde e amarelo da bandeira, mas sucumbiu na própria ignorância; a bandeira do Brasil não pertence a ninguém, mas ao povo.

E pode, sim, tremular ao lado da flâmula vermelha da esquerda, do roxo das manifestações feministas ou do Arco-íris que representa o movimento LGBTQIA+.

 

Manifestantes resgataram as cores verde, azul e amarelo, que haviam sido apropriadas, indevidamente, pelo bolsonarismo

Qualquer analista mais sensato e antenado com os ciclos históricos do país sabe que o presidente já perdeu estas eleições.

Ele é um arroto criado por uma insanidade coletiva que se instalou no Brasil a partir do golpe de 2016, como já disse o blog Marco Aurélio D’Eça em diferentes momentos. (Releia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e também aqui)

O brasileiro precisa se apossar de seus símbolos nacionais, que não pertencem a Bolsonaro nem a militares; e muito menos aos trogloditas racistas, machistas, homofóbicos e xenófobos que compõem a massa do seu eleitorado.

A bandeira do Brasil pertence ao brasileiro, de qualquer raça, credo ou gênero.

E o brasileiro já disse não ao bolsonarismo…