Ex-senador estimava obter algo em torno de 150 mil votos para deputado federal, com uma campanha que lembrava o eleitor de sua candidatura ao governo e tentava criar vínculos emocionais com os dados negativos da gestão do governo comunista; e atribui à compra de votos no interior a sua não-eleição à Câmara
Lobão Filho esperava ao menos 150 mil votos à sua candidatura de deputado federal, mas diz que segue em frente, sem rancor
O ex-senador e ex-candidato a governador Edinho Lobão (MDB) comentou nesta segunda-feira, 10, pela primeira vez, sua derrota nas eleições para a Câmara Federal.
Em mensagem publicada pelo blog do jornalista Marcelo Minard, Lobão Filho revela que esperava obter cerca de 150 mil votos, com base em pesquisas realizadas durante a campanha, mas acabou suplantado pela compra de votos no interior do estado.
– Centenas de milhões de reais foram distribuídos por prefeitos e aliados dos principais candidatos. Contratados de prefeituras foram ameaçados de demissão sumaria se os candidatos destes prefeitos perdessem. Vereadores receberam caixas com 300 a 500 mil de vários candidatos para a distribuição um dia antes da eleição. No sábado, na maioria dos municípios, a população estava na porta das casas esperando passar o “cabra” do dinheiro , com 200, 300 ou 400 reais – contou Edinho, segundo Minard.
Lobão Filho recebeu 21.459 votos, ficando na terceira suplência, que pode virar segunda suplência se a Justiça Eleitoral acatar ação do MDB que pede a reeleição de Hildo Rocha por média de Quociente Eleitoral.
Após o fracasso nas urnas o ex-senador diz estar pronto para seguir em frente, com este capítulo já encerrado em sua vida.
– Sem magoas ou rancores. Apenas um capítulo que passou por que eu assim decidi. E não me arrependo nem um segundo – frisou.
Abaixo, a íntegra da mensagem de Edinho Lobão:
“Este já é um capítulo encerrado na minha vida.
Nesta eleição optei pela estratégia de percorrer todo o estado, desde outubro do ano passado. Relembrar o povo da minha campanha de governador e criar um clima emocional com os dados negativos da avaliação do governo do estado. Não tinha nenhum prefeito , pois não tinha emenda parlamentar para oferecer a ninguém, e assim fechei com lideranças em 105 municípios. Dei entrevistas em rádios pelo interior pelo menos 4 vezes por semana , desde janeiro deste ano. Não passei um final de semana , feriado ou sequer meu aniversário de casamento e de vida na minha casa ou com meus familiares. Isso por um ano.
O resultado de todo este esforço era de que eu aparecia nas pesquisas da Escutec com uma estimativa de aproximadamente 150 mil votos. Segundo nosso querido e saudoso Fernando Junior , essa projeção só era possível fazer para mim e Roseana , pois não éramos candidatos regionais e sim espalhados no Maranhão todo. Este número foi colocado por ele em reunião do MDB pouco antes de nos deixar.
Faltando uma semana para o dia da votação, recebi uma ligação de outro candidato do MDB me parabenizando , pois ele tinha recebido uma pesquisa onde eu aparecia com 30 mil votos só em São Luís. Este era o quadro ate uma semana antes.
A partir de quarta feira da semana da votação, comecei a receber ligações desesperadas de todos meus apoiadores pedindo recursos , pois nossas bases estavam sendo atacadas no dinheiro pelos outros candidatos. Centenas de milhões de reais foram distribuídos por prefeitos e aliados dos principais candidatos. Contratados de prefeituras foram ameaçados de demissão sumaria se os candidatos destes prefeitos perdessem. Vereadores receberam caixas com 300 a 500 mil de vários candidatos para a distribuição um dia antes da eleição. No sábado, na maioria dos municípios, a população estava na porta das casas esperando passar o “cabra” do dinheiro , com 200, 300 ou 400 reais.
Nessa hora cabia a mim fazer uma escolha: entrar nessa onda ou arriscar e ver o que daria. E faço essa confissão a vc , queimar meus recursos nesse nível não da pra mim. Pressupõe buscar de volta o dinheiro gasto de alguma forma, e depois do meu acidente esta não eh uma alternativa na minha vida. Para alguns isso pode parecer brincadeira ou exagero, mas para mim eh uma das coisas mais serias da minha existência. Beijei a morte e não estava preparado. Hoje estou e não vou perder isso por conta da política. Te conto isso tudo como um desabafo de bar , ao som de sorrisos e em total relaxamento. Sem magoas ou rancores. Apenas um capítulo que passou pq eu assim decidi. E não me arrependo nem um segundo.”
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