Ao misturar em um mesmo pedido de prisão argumentos relacionados à operação Lava Jato com outros, extraídos de meras conversas de lideranças sobre o assunto, o procurador da República falseia fatos e põe o estado brasileiro à mercê de ações policialescas
Rodrigo Janot: e ainda fez que nada sabia
Editorial
É preciso deixar claro: o pedido de prisão do ex-presidente José Sarney, feito pelo procurador-geral da República Rodrigo Janot, nada tem a ver com a operação Lava Jato.
Sarney foi constrangido por Janot apenas e tão somente pelo fato de ter emitido opiniões e conversado com colegas – ou pseudo-colegas – sobre o assunto que domina a política brasileira nos últimos dois anos.
Em outras palavras, Rodrigo Janot pretendeu criminalizar a opinião no Brasil.
E é isto que causa perplexidade.
Pior: o procurador misturou no mesmo pedido argumentos relacionados à operação Lava Jato, propriamente dita, com as degravações obtidas de forma covarde pelo ex-senador-delator Sérgio Machado.
O pedido é tão absurdo que está no Supremo Tribunal Federal há duas semanas, sem qualquer manifestação do relator, ministro Teori Zavascki.
E foi por isso que – ao que parece – Janot tratou de fazer uma segunda ação: há suas digitais no vazamento à imprensa do conteúdo da ação, uma espécie de pressão por uma decisão do STF.
Em nenhuma fase da Operação Lava Jato, uma atitude do chefe do Ministério Público foi tão criticada quanto a desta terça-feira, 7.
Janot expôs deliberadamente algumas das mais influentes lideranças políticas do Brasil e deu de ombros, como se não fosse com ele a questão.
E qualquer que seja a decisão do Supremo, a afronta à Constituição brasileira já está consumada – por que, o que se tentou, foi criminalizar a opinião.
E não apenas opinião pública, mas aquela dada no recôndito dos ambientes pessoais, o que é mais grave.
Por isso é que o Brasil precisa mudar…
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