Sem um especialista que venha a público expor as questões envolvendo a pandemia de coronavírus – e com o corpo de auxiliares formado em sua maioria por “súditos” – governador fica sozinho na linha de frente, tentando interpretar dados e divulgando números, o que leva a população a agir por si própria durante a quarentena
Não há nenhuma dúvida de que o governador Flávio Dino (PCdoB) tenha estado na linha de frente da luta contra o coronavírus no Maranhão, desde o início da pandemia.
Mas a própria personalidade centralizadora do governador – aliada à soma de auxiliares que agem como súditos, evitando contrariá-lo – levou o Maranhão a condição igual à dos Estados Unidos no que se refere à contaminação pela CoVID-19.
Falta um Henrique Mandetta na equipe de Flávio Dino.
Como se sabe, o ministro da Saúde pagou com o próprio cargo a postura técnica à frente do combate à pandemia, contrariando o próprio chefe, Jair Bolsonaro, mostrando seus erros na postura diante da crise – e não se dobrou em instante algum.
Está claro há pelo menos duas semanas que Flávio Dino está exausto e seu sistema de saúde está esgotado no que diz respeito ao atendimento aos infectados pela CoVID-19.
E há pelo menos duas semanas ele também sabe que a única saída para reduzir o número de casos é o bloqueio geral das atividades, sobretudo na Grande São Luís.
Seus auxiliares também sabiam, mas não tiveram coragem de cobrar do chefe a decretação do lockdown.
E tanto sabiam que, desde a quinta-feira, 30, quando o juiz Douglas de Melo Martins determinou que o governo implante o bloqueio, diversos secretários vieram a público para declarar que a medida era necessária.
Ora, se a medida era necessária, por que o próprio Flávio Dino não a decretou?
Se era necessário, por que seus secretários das áreas mais afins não o orientaram a fazê-lo?
Sozinho, isolado em sua própria personalidade, o governador titubeou da medida por temer um desgaste político e recuou diversas vezes antes de o juiz determinar sua implantação.
Agora, cabe só a ele garantir o sucesso do bloqueio geral.
Caso contrário, o desgaste e a desmoralização serão ainda maiores…