Sozza, preso há 11 anos sem nenhuma acusação comprovada
De todas as questões nebulosas que resultaram na idas e vindas da espetaculosa CPI do Crime Organizado, uma delas permanece como assunto proibido nos círculos da Justiça e da Segurança Pública maranhenses.
O paulista William Walder Sozza está preso há 11 anos. Prisão injusta, mentirosa e arbitrária. Sem parentes no Maranhão, vive esquecido nos porões das penitenciárias maranhenses, como um estorvo que “as gentes boas” da polícia e da Justiça preferem esquecer.
Ele foi acusado de co-autoria no assassinato do delegado Stênio Mendonça, em março de 1997.
Willian Sozza nunca teve ligações com o Maranhão, não tinha parentes, amigos ou inimigos no estado. Não há registro de qualquer ligação telefônica dele para aparelhos cadastrados no estado- em tempo algum.
Mesmo assim, foi condenado há 16 anos de reclusão, dos quais já cumpriu 11 anos.
Apenas Walter Rodrigues e este jornalista questionaram, à época da CPI do Crime Organizado, e desde então, os motivos que levaram à prisão de Sozza.
Este jornalista questionou, inclusive, a autenticidade da identidade do motorista Jorge Meres, que surgiu pelas mãos da então cúpula da Segup como quadrilheiro arrempendido pichando acusações contra meio-mundo em uma série de depoimentos absolutamente contraditórios entre si.
Falava uma coisa à polícia, outra à Justiça, uma terceira ao Ministério Público e outra também às CPIs de plantão. Mas ninguém nunca ligou para este detalhe – o circo estava armado.
Gabina e Moura também amargaram cadeia, mas já foram soltos
Mas por que Jorge Meres acusou Willian Sozza?
A resposta está em texto de Walter Rodrigues, intitulado “Oito anos na cadeia sem culpa” e publicado no blog do Colunão em 05 de maio de 2008.
Meres foi funcionário de Sozza em uma pequena empresa de Campinas. Demitido por beber demais, faltar muito ao emprego e ter nos ombros uma acusação de estrupo, jurou vingança ao ex-patrão. Encontrou na complacência da CPI a oportunidade para levar a cabo sua promessa.
A morte de Stênio levou ao circo da CPI do Narcotráfico
Todas estas contradições, as falhas nos depoimentos de Meres, a comprovação da acusação de estupro, as negativas dos próprios acusados de que conheciam Sozza estão nos relatórios da CPI do Crime Organizado, das investigações da Polícia Civil Maranhense e até nos dados da Polícia Federal.
Ninguém nunca se interessou por isso.
José Gerardo, Luiz Moura, Ilce Gabina e outros acusados pelo “mentiroso contumaz Jorge Meres” (expressão constante no próprio relatório da CPI) já estão em liberdade e com gordas indenizações no Maranhão.
Mas a Justiça que os pôs em liberdade não tem a mesma piedade no caso de Willian Sozza.
Que continua apodrecendos em cadeias maranhenses…
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