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STF cassa liminar e garante Jesus gay em programa da Netiflix…

Presidente da Corte Suprema, ministro Antonio Dias Toffoli, entendeu que uma sátira humorística não tem o condão de abalar os valores da fé; programa humorístico do grupo Porta dos Fundos tinha sido suspenso por censura de um desembargador

 

O ator Gregório Duvivier interpretou o Jesus do especial de Natal do Porta dos Fundos: liberdade plena de expressão

Do Conjur

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, concedeu liminar nesta quinta-feira, 9, autorizando a exibição do “Especial de Natal Porta dos Fundos: A Primeira Tentação de Cristo”.

A veiculação havia sido suspensa na terça-feira, 7, pelo desembargador Benedicto Abicair, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. 

“Não se descuida da relevância do respeito à fé cristã (assim como de todas as demais crenças religiosas ou a ausência dela). Não é de se supor, contudo, que uma sátira humorística tenha o condão de abalar valores da fé cristã, cuja existência retrocede há mais de 2 (dois) mil anos, estando insculpida na crença da maioria dos cidadãos brasileiros”, escreveu Toffoli na decisão.

Abicair, da 6ª Câmara Cível do TJ-RJ, determinou a suspensão acolhendo pedido da associação católica Centro Dom Bosco de Fé e Cultura. O desembargador afirmou que o direito à liberdade de expressão, imprensa e artística não é absoluto. 

Em resposta, a Netflix ajuizou reclamação também nesta quinta afirmando que “a decisão proferida pelo TJ-RJ tem efeito equivalente ao da bomba utilizada no atentado terrorista à sede do Porta dos Fundos: silencia por meio do medo e da intimação”. 

Ainda de acordo com o serviço de streaming, “a verdade é que a censura, quando aplicada, gera prejuízos e danos irreparáveis”. “Ela inibe. Embaraça. Silencia e esfria a produção artística.” 

De acordo com a decisão de Toffoli, o STF se debruçou longamente sobre a temática, ressaltando “a plenitude do exercício da liberdade de expressão como decorrência imanente da dignidade da pessoa humana e como meio de reafirmação/potencialização de outras liberdades constitucionais”.

O caso foi distribuído ao ministro Gilmar Mendes. No entanto, por conta do recesso da corte, Toffoli, que está de plantão, acabou julgando a reclamação.

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Sexta-feira ou véspera do Sábado???

Que importância tem saber, exatamente, o dia da morte de Jesus, já que ocorrida há tantos séculos?

Esta data é importante não por si só, mas por causa de outro fenômeno bíblico, a ressurreição.

Não há, na Bíblia, nenhuma referência ao fato de que Jesus morrera na sexta-feira. As versões mais antigas do Novo Testamento – que servem de referência para as traduções ocidentais – especificam a morte de Jesus “na véspera do Sábado”.

Mas qual a diferença entre Sexta-feira e véspera de Sábado?

É preciso voltar na história para compreender a essência do termo Sábado – ou Shabbat.

Shabbat significa para os Judeus “o dia do descanso”. O primeiro após o sexto dia trabalhado. O dia em que “tudo deve cessar”, na versão da Bíblia de Estudo Almeida.

É exatamente este o detalhe.

Do ponto de vista bíblico, o Sábado dos evangelhos não é exatamente um mero dia da semana, mas o sétimo dia, que pode ser qualquer um, dependendo do dia em que se comece a trabalhar.

Para alguns países ocidentais, o sétimo dia é o Domingo, por que se começa a trabalhar na segunda.

O Shabbat, portanto, seria o domingo e não o sábado do calendário.

Mas há paises em que a segunda-feira é o dia de descanso e a semana de trabalho começa na terça-feira, incluindo sábado e domingo.

Outro detalhe é que, para os Judeus, havia dois tipos de Sábado: um semanal, o sétimo dia, onde se descansava, após seis dias de trabalho, e outro, religioso, que poderia ocorrer a qualquer época da semana, mês ou ano, de acordo com as datas religiosas judaicas. 

A morte de Jesus, portanto, não ocorreu, necessariamente, em uma sexta-feira, mas sim na véspera de um dia judaico de descanso (Shabbat), que pode ter sido qualquer um, desde que o sétimo dia após o primeiro trabalhado.

Na análise comparada dos quatro Evangelhos bíblicos – Marcos, Mateus, Lucas e João – há evidências da sequência de dias do calvário de Jesus até sua ressurreição.

Por esta análise, ele morreu na quarta-feira, sendo sepultado no anoitecer; houve o descanso do Shabbat da Páscoa (quinta-feira); as mulheres saíram para comprar aromas para Jesus na sexta-feira; e o descanso tradicional do sétimo dia, o Shabbat semanal, foi o dia da ressurreição.

Jesus ressuscitou no por-do-sol do sábado, quando se encerrava o Shabbat, segundo evidencia a leitura dos evangelhos.

A sexta-feira da Paixão é, portanto, uma mera invenção católica ocidental.

Para ler com eficiência os evangelhos, é preciso referências históricas, culturais e linguísticas.

O resto, é apenas religiosidade emocional desmedida…

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Natal, Papai Noel e o nascimento de Jesus…

As Igrejas – católica e evangélica – condenam o consumismo natalino estabelecido pela industria cultural.

Mas comete o mesmo crime ao tentar sacralizar a festa pagã, incentivando a idéia equivocada de que, no Natal, deve-se comemorar o nascimento de Jesus.

Tudo em nome do proselitismo religioso o que, em essência, acaba sendo também uma forma de consumismo – o mercantilismo da fé.

Natal nada tem a ver com o nascimento de Jesus. Jesus não nasceu em dezembro e muito menos no inverno, como mostra o relato de Lucas.

Os historiadores mais respeitados e aceitos apontam o nascimento de Jesus no mês de abril. E nasceu em Nazaré, não em Belém, como impuseram os evangelistas Marcos e Lucas para conciliar a história do nazareno com o mito da profecia bíblica de Miquéias.

Portanto, quando a igreja “comemora” a morte de Jesus, durante a semana santa – também por interesses meramente  proselitistas – deveria, na verdade, comemorar seu nascimento.

O Natal é uma festa criada pelos povos antigos para comemorar a chegada do Sol, após o inverno rigoroso. Os povos antigos o comemoravam no dia 25 de dezembro, data do nascimento do deus pagão Mitra.

Como a igreja necessitava de uma data para comemorar o nascimento do seu símbolo maior, apropriou-se do Natal, festa já muito popular e com cunho religioso por causa de Mitra.

Daí passou a impor como data de festa para Jesus.

Mas a única relação do Jesus com o Natal é o clima de paz, confraternização e alegria que marca a data. Coisa que também o símbolo do Papai Noel representa bem, para despeito das igrejas e dos anti-imperialistas.

Natal é só uma festa, uma época para se divertir, dançar, beber, brincar, se confraternizar, comprar, renovar a casa e sorrir – quer queiram ou não os puristas.

E por si só, já é a melhor época do ano.

É este o verdadeiro espírito do Natal…

Publicado originalmente em 24/12/2009 como título “Natal não é o nascimento de Jesus”