No momento em que o governo recebe saraivada de críticas por suposto acordo com facções criminosas de Pedrinhas, seu secretário de Segurança vem a público para declarar, desastradamente, não estar preocupado com a onda de explosões de caixas eletrônicas
O secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, deu ontem, em entrevista à rádio Mirante AM, uma daquelas declarações que entram para o anedotário político pelo seu inusitado e pela autoria de quem fala.
“Nem me preocupa”, disse o responsável pelo combate à violência no Maranhão, ao ser questionado sobre o aumento no índice de assaltos a bancos e explosões de caixas eletrônicos no estado.
No contexto geral da declaração, Portela justificou seu pouco interesse na questão alegando tratar-se de uma questão nacional. Ou seja, como secretário de Segurança do Maranhão, o delegado parece entender que o problema não é preocupante. E nesse caso, não deve se desassossegar com a questão, mesmo que ela ponha em risco a vida dos moradores das cidades vítimas das quadrilhas.
A desastrada declaração de Portela ganhou imediatamente os blogs e as redes sociais de internet, com fortes críticas ao delegado comunista. Seus aliados, como não poderia deixar de ser, diante da falta de argumentos para defendê-lo, optaram por atacar os que criticaram a entrevista.
A fala de Portela fica ainda mais bizarra ao ser relacionada às acusações da Sociedade Maranhense dos Direitos Humanos, segundo a qual, para manter a paz entre as facções no presídio de Pedrinhas, o governo teria, supostamente, feito um acordo com essas facções, destinando a cada uma um pavilhão próprio. Segundo a SMDH, dessa forma, os grupos criminosos garantiram tranquilidade para planejar suas ações externas. E estas ações incluem exatamente os assaltos a bancos e explosões de caixas eletrônicos.
Mas não há dúvida de que a declaração do chefe da Segurança Pública do Maranhão é uma das mais esdrúxulas já ouvidas de um chefe de polícia. Sobretudo pelo contexto do tempo e do espaço em que foi proferida. Neste início de janeiro já são mais de 12 caixas explodidos no interior maranhense, o que dá quase um por dia.
Se o sistema de Segurança não está preocupado com isso, a população deve se preocupar com a própria vida.