Sem Pipoca, jornalismo maranhense vai diminuindo…

Numa época de muitos noticiaristas e poucos analistas, a morte de Antonio Carlos Lima abala ainda mais a imprensa verdadeira, pujante, inconformada e contestadora, formada por profissionais com estudo, pesquisa, cultura e visão de mundo, espécimes que estão em processo de extinção, diante da era das redes sociais de curta leitura, em que saber escrever é o de menos

 

Antonio Carlos Lima era um dos últimos jornalistas com J maiúsculo; como ele, restam poucos na imprensa do Maranhão, cada vez mais pueril

Editorial

O jornalista Antonio Carlos Lima era um dos últimos profissionais maranhenses a quem o termo se aplica em toda a sua essência; de ampla cultura, com capacidade de análise incomparável, visão de mundo e texto irretocável, conseguia transcrever a realidade para as letras, compreendida de forma clara por quem tivesse o prazer de lê-lo.

Como ele, restam poucos ainda no Maranhão, citados nos dedos: Ribamar Correa, Roberto Kenard, Manoel dos Santos Neto, Djalma Rodrigues, Flávia Regina, Nonato Reis. Poucos, mas capazes de encantar com a escrita fina, análise precisa e cultura abrangente.

O jornalismo maranhense ampliou-se em número de profissionais nos últimos 20 anos; e diminuiu de tamanho.

As faculdades – públicas ou privadas – passaram a formar noticiaristas, com voz possante e texto objetivo mantras atuais do que é ser profissional da área; não se consegue ver nas últimas gerações, até onde a vista alcança, alguém com capacidade de interpretação da realidade, erudição e objetividade que possa merecer uma citação. 

Muitos querem analisar a realidade sem conhecê-la.

E sem a capacidade de interpretação, tornam-se presas fáceis da manipulação, por que arrogantes, incapazes de admitir que não sabem de algo ou que precisam investigar um pouco mais.

A geração de ouro do Jornalismo maranhense seguia a máxima de Sócrates, ao ter a consciência de saber apenas que nada sabia; e por não saber, investigava, fuçava, cavava até obter a informação precisa.

O jornalista Pedro Bial explicou em entrevista anos atrás o segredo para ser um bom jornalista

– Precisa passar nos jornais ou revistas para ganhar texto; depois, um período no rádio dará poder de improvisação e raciocínio rápido. Só então, deve-se ir para a TV, quando essas experiência já estarão consolidadas – ensina ele.

As faculdades, hoje, ensinam o contrário; a metodologia pueril forma profissionais sem conteúdo, ávidos pela imagem na TV, meros leitores de textos elaborados por pauteiros.

A geração de Antonio Carlos Lima e dos já citados acima é rara por que estudiosa.

A blogosfera abriu as portas para a superficialidade no Jornalismo, é verdade, mas começou com expoentes da imprensa; gente como Walter Rodrigues, Marcos Nogueira, Kenard, Robert Lobato, profissionais que sabiam olhar, entender e descrever a realidade.

Infelizmente essa era sucumbiu, pela morte de alguns e abandono da carreira por outros. 

O titular deste blog Marco Aurélio d’Eça orgulha-se de ter começado no auge deste pessoal, de ter aprendido com mestres como Ribamar Corrêa, Walter Rodrigues e Antonio Carlos Lima.

A partir deles desenvolveu a capacidade de leitura, o gosto pelas letras e a busca pela interpretação da realidade.

Por que, como diria o mestre Joelmir Betting, “só quem gosta de ler e escrever sabe falar…”

Ao lado de Fábio Câmara, Weverton garante: “PDT ainda tem muito a contribuir em São Luís”

Num recado direto às lideranças pedetistas que já se manifestaram sobre a sucessão municipal de 2024, senador deixa claro que as preferências pessoais não podem suplantar o debate interno com a militância, que precisa ser ouvida para tomada de decisões sobre o futuro do partido

 

Weverton e Fábio Câmara pregaram novos rumos para o PDT maranhense em conversa em Brasília

O senador Weverton Rocha deu um recado direto às lideranças do PDT, nesta quarta-feira, 27, ao receber em seu gabinete o ex-vereador e ex-candidato a prefeito de São Luís, Fábio Câmara, também filiado ao partido.

– O PDT tem uma história que não pode ser apagada apenas com uma posição pessoal; o PDT é a militância, está em cada canto da cidade – afirmou o senador.

Embora não tenha citado nomes, o posicionamento de Weverton é uma espécie de contraponto ao posicionamento o deputado estadual Osmar Filho e do vereador Raimundo Penha, que já manifestaram publicamente apoio à candidatura do presidente da Câmara Municipal Paulo Victor (PSDB).

Penha vem se alinhando com Victor desde o ano passado, como mostrou o blog Marco Aurélio d’Eça no post “Penha confirma tendência de apoio do PDT a Paulo Victor…”.

Osmar Filho, por sua vez, seguiu o mesmo caminho, nesta mesma quarta-feira, 27, ao dizer à TV Mirante que também defende aliança com Paulo Victor.

Ex-candidato a prefeito e suplente de deputado federal pelo PDT, Fábio Câmara defende maior protagonismo do partido em São Luís

Ex-candidato a prefeito de São Luís e atual suplente de deputado federal pelo PDT, Fábio Câmara é considerado uma das mais preparadas lideranças políticas de São Luís no que diz respeito ao conhecimento da cidade.

– São Luís precisa dar uma oportunidade a aluguém que realmente conheça, que tenha estudado a cidade – disse o ex-parlamentar, que disputou a prefeitura em 2016.

Tanto Weverton quanto Fábio Câmara declararam confiar no poder da militância e da articulação interna do PDT para que o partido siga o melhor rumo nas eleições de 2024.

E que todos sigam juntos com o partido…

O papel histórico de Paulo Victor na sucessão municipal…

Para além da disputa eleitoral propriamente dita, a presença do presidente da Câmara Municipal na campanha de 2024 tem importância por mostrar o anseio da população por líderes forjados nas camadas populares e por ressignificar o papel do próprio Poder Legislativo no cenário político da capital maranhense

Com sua profusão de tatuagens, jeito de povo e força de trabalho, Paulo Victor constrói história nas eleições de São Luís

Análise da notícia

A maior parte dos analistas políticos de São Luís ainda não conseguiu captar totalmente a mensagem por trás da candidatura do presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSDB), na sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD).

Para além da competitividade nas pesquisas – em que já aparece com até 8%, dependendo do cenário – o vereador tucano precisa ser visto como um oustider, um self-made man entre figuras tradicionais e herdeiros políticos.

A Câmara Municipal teve presidentes marcantes na história política; dois deles chegaram também à presidência da Assembleia Legislativa – João Evangelista e Manoel Ribeiro – mas nenhum conseguiu um fato que o atual presidente mantém mesmo antes de ter mandato: praticamente unificar a Câmara em torno de si.

Detalhe que precisa ser evidenciado com clareza: Paulo Victor conseguiu construir seu nome mesmo ainda sem mandato eleitoral, isso a partir de 2017, quando era ainda um suplente no exercício do mandato.

Figurar com 8% nas pesquisas de intenção de votos em uma corrida que tem o próprio prefeito, um ex-prefeito, um depurado federal que já esteve no segundo turno e deputados estaduais com pelo menos três eleições majoritárias na capital maranhense é um feito digno de nota.

Como todo self-made man, Paulo Victor vem sofrendo resistências da chamada política tradicional, aquela mesma que entende o poder como objeto de herança, passado de pai para filho. (Entenda também aqui, aqui e aqui)

E é exatamente por ser um outsider forjado nas camadas populares da sociedade – com linguajar próprio, ações características e jeito de povo – que sua importância cresce à medida que a eleição se aproxima.

Importância que ficará ainda mais acentuada durante a campanha eleitoral…

PDT corre risco de esvaziamento em 2024…

Partido que protagonizou as eleições em São Luís entre 1988 e 2020 entrou em processo de autofagia desde o resultado das eleições de 2022 – por falta de projeto eleitoral e posicionamento político – e pode ter sua bancada reduzida na Câmara Municipal antes mesmo do início da campanha municipal

 

A forte campanha de 2022 deixou frustrados tanto Weverton quanto o PDT, que aprecem não conseguir reencontrar o rumo político

Análise da notícia

Sem perspectiva majoritária para as eleições municipais e sem um rumo político definido, o PDT corre o risco de desaparecer da Câmara Municipal antes mesmo do início da campanha de 2024.

Em 2023 o PDT completa 35 anos de protagonismo absoluto nas eleições da capital maranhense, desde a época de Jackson Lago, quando tinha um projeto político-ideológico claro no estado; mas em 2024 deve estar fora de qualquer debate majoritário.

A imprensa política vem tratando nos últimos dias da ameaça de debandada de vereadores, suplentes de vereadores e pré-candidatos à Câmara Municipal por falta de consistência na chapa que pretende disputar o pleito do ano que vem. (Leia aqui e aqui)

Histórico no partido, o ex-vereador Ivaldo Rodrigues já anunciou filiação ao PSDB; outro ex-vereador, Fábio Câmara, também não pretende concorrer às eleições pela legenda.

Hoje, a bancada do PDT está restrita aos vereadores Pavão Filho, Nato Júnior e Raimundo Penha; os dois primeiros também podem deixar o partido na janela partidária de abril para tentar salvar a reeleição. Embora continue filiado, Penha já está integralmente envolvido na campanha do colega Paulo Victor, que se filia nesta sexta-feira, ao PSDB.

Acéfalo desde que perdeu as eleições de 2022, o PDT não se reúne e não discute o processo eleitoral na capital maranhense.

Dirigente maior do partido, o senador Weverton Rocha está em compasso de espera por que aposta suas fichas em um rompimento entre o ministro Flávio Dino e o governador Carlos Brandão (ambos do PSB), na ilusão de estar na chapa do ex-comunista em 2026.

Sem essa garantia, o PDT vai vendo o tempo passar, com um forte processo de autofagia entre as lideranças; nomes como o ex-presidente da Famem, Erlânio Xavier, e o deputado Glalbert Cutrim mostram claro afastamento de Weverton, segundo revelara a mídia de São Luís. (Saiba mais aqui e aqui)   

Internamente, as lideranças históricas reclamam da falta de diálogo e debates nos diretórios; e da falta de um projeto claro de poder discutido com a militância, sobretudo em São Luís.

Sem força na capital, os olhos do senador-presidente têm se voltado para o interior, onde fortalece prefeitos e pré-candidatos a prefeito com articulação de emendas e recursos.

É a partir do interior que ele pretende retomar o protagonismo perdido a partir de 2022…

A histórica crítica de José Sarney ao feriado de “adesão” do Maranhão

Ex-presidente não aceita a data de 28 de julho como a que marca a aceitação da independência do Brasil por entender que este gesto se deu por imposição de quem ele chama de “pirata inglês Lord Cochrane”; o maranhense entende que a data certa para a festa é 31 de julho, quando os revoltosos derrotaram, em Caxias, o general João José da Cunha Fidié, defensor da coroa portuguesa

 

Luta em Caxias contra as forças portuguesas representadas por Fidié; para Sarney esta é a data de adesão do Maranhão à independência do Brasil

Resenha

Muito maranhense aproveita o dia 28 de julho para descansar sem sequer saber o motivo do feriado; isso ocorre por que, historicamente, a data de “Adesão do Maranhão à Independência do Brasil” é uma questão historicamente controversa.

O Maranhão foi o último estado a aceitar a criação do Império Brasileiro, o que oficialmente é registrado no dia 28 de julho de 1823, um ano depois do grito de Dom Pedro I.

Entre os que criticam esta data há um ilustre cidadão, o ex-presidente da República José Sarney; para Sarney, o dia correto para festejar a integração do estado às forças contrárias ao controle de Portugal é 31 de julho, quando, em Caxias, as forças revolucionárias derrotaram o general João José da Cunha Fidié, que lutava em favor da coroa portuguesa.

Em artigo de 2022 republicado em alguns setores da imprensa nesta sexta-feira, 28, intitulado “A Data Certa”, o ex-presidente faz o resgate histórico da adesão do Maranhão à independência do Brasil e conclama: “Abaixo o feriado de 28 de julho”. 

– Em junho [de 1823], em São Luís, a Junta Governativa se resolve pelo Império, mas chega guarnição portuguesa, e ela engole a adesão. Acontece então o golpe do pirata Cochrane, que, com um simples navio e um patacho, toma a cidade e exige sua rendição. Faz, então, a adesão de 28 de julho. Mas a guerra, já perto do fim, continua. Cercado em Caxias, o Fidié se rende só no dia 31 de julho. Assim, o nosso Pirajá, de 2 de julho na Bahia, é a cidade de Caxias, 31 de julho, com a rendição de Fidié – conta Sarney em seu artigo. (Leia a íntegra aqui) 

O escocês Thomas Cochrane foi contratado por Dom Pedro I para organizar a Marinha Brasileira; mas para o ex-presidente e membro da Academia Brasileira de Letras não passa de um inescrupuloso pirata, que saqueou a cidade, tomou propriedades de portugueses não-residentes e aprisionou o povo com controle de dívidas, roubou tudo o que pode e voltou para a Inglaterra.

– E nós aqui a comemorar a adesão regida por esse mercenário em vez de honrar a vitória feita pelos valentes cearenses, piauienses e maranhenses, que enfrentaram as armas para assegurar nossa independência! – lamenta o ex-presidente.

É a história do Brasil e do Maranhão contada por quem se dedica a estudá-la e pesquisá-la…

20 anos depois, Flávio Dino e Carlos Brandão vivem mesma situação de Roseana e José Reinaldo

Da mesma forma que em 2002, quando a hoje deputada federal deixou o governo, se elegeu senadora com forte influência nacional no primeiro mandato do presidente Lula – fazendo seu sucessor no Maranhão e rompendo com este pouco tempo depois – o hoje ministro da Justiça, também em destaque nacional, enfrenta a mesma situação com seu ex-vice, que era o principal auxiliar de Tavares há duas décadas

 

Flávio Dino vive hoje com Brandão as mesmas circunstâncias pessoais e políticas que Roseana viveu com José Reinaldo há 20 anos

Ensaio

O ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) é para a história maranhense, hoje, o que a agora deputada federal Roseana Sarney (MDB) foi há 20 anos.

Assim como Roseana no início do primeiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003, Dino hoje, em 2023 – quando Lula retorna ao poder – tem forte influência nacional e é cotado como opção presidencial

E assim como a emedebista à época, o socialista enfrenta, atualmente, situação de intenso desgaste com o sucessor eleito em sua chapa.

Liderança política maranhense mais ovacionada no Brasil em 2002, Roseana liderou o início da corrida pela sucessão do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas acabou aliando-se a Lula. Tinha como vice no Maranhão o mais radical dos sarneysistas, José Reinaldo Tavares (então no PFL), mas dava mostras de não confiar nele para sua sucessão.

Havia outras opções no governo roseanista, como o então chefe da Casa Civil João Abreu, preferido por ela, e o então Secretário de Desenvolvimento Social, Luiz Fernando Silva, por própria conta e risco.

Liderança política maranhense mais ovacionada no Brasil em 2022, Flávio Dino chegou a ser cotado para a sucessão do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas acabou aliando-se a Lula. Tinha como vice no Maranhão um ex-sarneysista histórico, Carlos Brandão (então no PSDB), mas não demonstrava definição em torno do seu nome para a sucessão no estado.

Havia outras opções no governo dinista, como o senador Weverton Rocha (PDT), mais alinhado ideologicamente ao próprio governador, e o secretário de Indústria e Comércio Simplício Araújo, por própria conta e risco.

Neste ponto da linha do tempo, faz-se necessário uma importante referência: vice de Flávio Dino em 2022, Carlos Brandão era o principal auxiliar de José Reinaldo, vice de Roseana em 2002.

Há várias versões para o rompimento de José Reinaldo e Roseana; a mais aceita historicamente diz que a ex-governadora fez questão de diminuir o seu então vice nos oito anos em que esteve no Palácio dos Leões, o que acirrou os ânimos da família Tavares, notadamente o da mulher dele, Alexandra.

Há várias versões para o estremecimento entre Flávio Dino e Carlos Brandão; a mais aceita diz que Dino diminuiu Brandão nos oito anos em que esteve no Palácio dos Leões, o que acirrou os ânimos da família Brandão, notadamente o do irmão caçula, Marcus Brandão.

A grande responsável pelo rompimento entre Tavares e Roseana, já às vésperas das eleições municipais de 2004, foi Alexandra, que decidiu ignorar o candidato sarneysista em São Luís, levando o marido a apoiar o prefeito pedetista Tadeu Palácio.

Nos bastidores da pré-campanha municipal de 2024, aponta-se Marcos Brandão como responsável pela articulação política que formará o palanque do irmão em São Luís, dificilmente o mesmo em que esteja Flávio Dino.

A história política maranhense mostra que Roseana tentou interferir no governo do sucessor, levando-o ao rompimento político e à primeira derrota do grupo Sarney em 40 anos de poder no Maranhão, em 2006.

À época, nem a força de Lula, reeleito em primeiro turno, foi capaz de garantir vitória de Roseana contra a força do Palácio dos Leões, com José Reinaldo à frente do governo e Jackson Lago embalando às forças antisarneysistas.

A história política maranhense se repete vinte anos depois.

Flávio Dino usa a força do cargo de ministro da Justiça para mostrar-se como único acesso a Lula em Brasília, o que tem levado Brandão a buscar nos próprios Sarney’s o caminho para furar o bloqueio dinista.

Versões dos bastidores do poder no Maranhão apontam que o ministro da Justiça – assim como Roseana em 2006 – aposta na força de Lula, em 2026, para voltar ao poder no Maranhão, embalado pelos mesmos garotos que estiveram com ele na reeleição de 2018.

Esta história já foi, inclusive, contada no blog Marco Aurélio d’Eça, no post “a doce ilusão que Flávio Dino cria entre aliados de Weverton e Eliziane…”.

Mas desta vez Lula será suficiente para enfrentar o rugir do Palácio dos Leões?!? E Brandão seguirá o mesmo caminho de José Reinaldo, abrindo mão de um mandato senatorial para derrotar o ex-aliado, repetindo a história de 2006?!?

A história poderá se repetir como farsa para alguns.

E para outros como tragédia…

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Jackista diz que PDT perdeu até o direito de sentar à mesa das eleições 2024

Histórico no partido, ex-secretário Abdelaziz Santos faz em artigo críticas duras às lideranças – umas por omissão e falta de diálogo com a militância, outras por apostar em candidaturas sem discussão prévia com os movimentos organizados – e lamenta que, com um senador, um deputado federal, quatro deputados estaduais e três vereadores em São Luís a legenda “pareça cambalear”, “sem norte político”

 

Weverton, por omissão, e Penha, por posição pessoal, são os alvos principais de Aziz Santos pela letargia do PDT em São Luís

O ex-secretário Abdelaziz Santos – que comandou a Administração e o Planejamento nas gestões de Jackson Lago em São Luís e no Governo do Estado – voltou neste fim de semana a criticar a letargia do seu partido, o PDT, no debate sobre as eleições de 2024.

Sem citar nomes, Aziz Santos critica duramente “lideranças que falam apenas com quem querem e não ouvem a militância” e outras que “apostam em candidaturas deste ou daquele sem discussão prévia com movimentos organizados”.

O artigo “O PDT e suas idiossincrasias”, de Aziz, foi publicado nos principais jornais e  páginas de internet no sábado, 15 e domingo, 16.

– Tantas batalhas, tanto tempo de combate, de repente tudo isso jogado fora como se nada tivesse valido a pena. Ainda há tempo, senhores. Precisamos urgentemente sair desse pântano de areia movediça, convidar os movimentos organizados e a militância em geral para traçarmos os nossos rumos, a nossa caminhada – afirmou o líder jackista.

Embora não tenha citado nomes, tudo indica que o artigo de Abdelaziz é um recado direto ao senador Weverton Rocha e ao vereador Raimundo Penha, as lideranças mais expostas do PDT – por ação ou omissão – no que diz respeito à sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD).

A crítica a Weverton se dá pela omissão do debate, por “falar apenas com quem quer” e “não ouvir a militância”; já a provocação a Penha é por conta de sua insistência em tirar o PDT do jogo da sucessão e defender pessoalmente a candidatura do colega Paulo Victor (sem partido), “não se sabe bem o por quê”, segundo afirmou Aziz.

– Se pensarmos no cenário de São Luís, a nossa Capital, após o PDT ter comandado exitosamente o município por décadas, o quadro é de uma tristeza sem precedentes. Não há conversa, não se tem notícias de diálogo – afirmou o ex-secretário.

Este blog Marco Aurélio d’Eça também tem feito ponderações a respeito da postura do PDT na sucessão de Braide; a legenda, hoje comandada por Weverton Rocha está no poder em São Luís desde 1988, seja com prefeito próprio, seja participando de gestões.

Mas desde o fracasso nas eleições de 2022, parece ter perdido o rumo e ressentindo-se de falta de liderança e diálogo, vivendo uma inédita “divergência conceitual interna…”.

– O PDT tem história ímpar e quadros excelentes para uma boa disputa eleitoral. Temos 4 deputados estaduais, 3 vereadores em São Luís, 1 deputado federal e 1 senador. Somos muitos. Falta diálogo, falta liderança. Apenas isso – desabafou o ex-auxilair de Jackson Lago.

No artigo “O PDT e suas idiossicrasias”, Aziz Santos aponta a artilharia também para Braide, que “no segundo turno ajudamos a eleger” em 2020.

– Se é verdade que este deixou de cumprir compromissos com o Partido, poderá ter o mesmo fim da Conceição, do Tadeu e do Holandinha. Se existiram politicamente ninguém sabe, ninguém viu – bateu Aziz.

O ex-secretário cobra postura das lideranças e recolocação do PDT nos trilhos do debate eleitoral, para evitar o fim melancólico do partido.

– Fala-se que o PDT hoje perdeu até o direito de sentar-se à mesa de negociações sobre as próximas eleições, tudo isso porque as lideranças não nos apontam caminhos – avalia.

Abaixo, a íntegra do artigo de Abdelaziz Santos:

O PDT e suas idiossincrasias

No passado, o PDT e o PT tinham uma coisa em comum: os governos do Brasil geralmente se inclinavam à direita e os partidos mais à esquerda abraçavam a política sem o desejo prematuro de poder. Posteriormente, ambos ganharam eleições importantes. O PT então encantou-se com o poder e decidiu abandonar seu Projeto de Nação ainda não consolidado, fixando-se num Projeto de Poder que o mantém até hoje na política brasileira, agora cada vez mais fragilizado. Sua liderança máxima, o Lula, aonde vai no exercício da Presidência é falando coisas de arrepiar: casos da Ucrânia, Venezuela, democracia relativa e outras bobagens que tais. A última é que o Governo está vivendo sua melhor fase com o Legislativo. Quer dizer, o Centrão manda e desmanda e isso é bom para o Governo, segundo o Presidente. Ficamos livres do Bolsonaro, mas não de bobagens

Já o PDT, diferentemente do PT, quando assumia funções de governo mostrava que era pela educação que se resolveria o nó górdio do atraso do Brasil e, exercendo ou não o poder, sempre empunhava as bandeiras do desarmamento mundial, da superação do subdesenvolvimento econômico e tecnológico do Terceiro Mundo, da garantia da soberania dos povos e, especialmente, em relação ao Brasil, da educação libertária. Enfim, o seu Projeto de Nação era a bússola, e mais importante do que o Poder.

Ocorre que, tendo perdido a alma com a morte do Brizola, o PDT perdeu-se nos descaminhos  da política. Mais recentemente ensaiou a candidatura de Ciro Gomes à Presidência e, não obstante, tudo o que este disse do PT e do Lula na campanha de nada serviu, pois o Partido resolve ironicamente compor o seu ministério, ao invés de adotar uma posição crítica ao governo, oferecendo sua contribuição ao Brasil, agora a partir do PND do Ciro. Triste!

Aqui, no Maranhão, vivemos tempos gloriosos sob a liderança do Jackson Lago, que perdia e ganhava eleições até assumir o Governo, logo deposto pelos Sarneys, servindo-se de golpe judiciário que manchou a biografia de vários ministros do TSE. O seu Projeto de Maranhão era claro. Com ou sem mandato, ao ser indagado qual o caminho a percorrer, a resposta era cristalina, ou seja, no caminho em que sempre estivemos, contrário às oligarquias que ajudaram a empobrecer a população que vivia – e vive – à margem do ciclo econômico do minério de ferro e da monocultura, e outros grupos que depredam a natureza em benefício dos seus próprios interesses, e a favor  da educação, da produção a partir do desenvolvimento local e da  inclusão das massas populares.

Testemunhei a firmeza de princípios de Jackson Lago ao recusar acenos de aproximação ao grupo Sarney.  Jamais rendeu-se ao canto das sereias! Preferiu imolar-se a ser criminosamente ceifado em vida, por via dos que pregam a capitulação dos ideais a um projeto de poder. Faltam-nos, no Brasil e no Maranhão, homens dessa têmpera.

Após a morte do nosso grande  líder das oposições maranhenses, o PDT parece cambalear, não se vislumbra o norte político.  O que ouço diariamente dos pedetistas que me visitam é que as nossas principais lideranças regionais falam apenas com quem querem, não ouvem a militância, preferem submeter-se ao jogo tradicional da política menor.

No plano municipal a desgraça se repete. O pior de tudo é que se percebe uma espécie de medo da militância na interlocução com as lideranças do partido. Os que dele dependem para sobreviver merecem nossa compaixão. E os outros, que têm vida própria, silenciam por quê?

Se pensarmos no cenário de São Luís, a nossa Capital, após o PDT ter comandado exitosamente o município por décadas, o quadro é de uma tristeza sem precedentes. Não há conversa, não se tem notícias de diálogo. Fala-se que o PDT hoje perdeu até o direito de sentar-se à mesa de negociações sobre as próximas eleições, tudo isso porque as lideranças não nos apontam caminhos. Aqui e acolá, um ou outro dirigente sai na frente, não se sabe se autorizado ou não, a apostar em candidatura deste ou daquele personagem, sem discussão prévia com os movimentos organizados, não se sabe bem  o porquê. Triste!

Nas eleições passadas, mesmo sem candidatura própria, fizemos um bom primeiro turno e, no segundo, ajudamos a eleger o Braide. Se é verdade que este deixou de cumprir compromissos com o Partido, poderá ter o mesmo fim da Conceição, do Tadeu e do Holandinha. Se existiram politicamente ninguém sabe, ninguém viu.

E nosso legado? Tantas batalhas, tanto tempo de combate,  de repente tudo isso jogado fora como se nada tivesse valido a pena. Ainda há tempo, senhores. Precisamos urgentemente sair desse pântano de areia movediça, convidar os movimentos organizados e a militância em geral para traçarmos os nossos rumos, a nossa caminhada. O PDT tem história ímpar e quadros excelentes para uma boa disputa eleitoral. Temos 4 deputados estaduais, 3 vereadores em São Luís, 1 deputado federal e 1 senador. Somos muitos. Falta diálogo, falta liderança. Apenas isso.

Abdelaziz Santos

Hotel ícone do Centro Histórico fecha as portas em São Luís…

Com o nome atual de Grand São Luís, antigo Vila Rica viveu o seu auge, entre os anos 80 e 90, com festas e eventos memoráveis da alta sociedade ludovicense; fechado desde o início da pandemia, a empresa decidiu encerrar definitivamente suas atividades deixando um vazio na Praça Pedro II, que tem a edificação como um dos símbolos, ao lado da Igreja da Sé e dos Palácios do governo, da prefeitura e do Tribunal de Justiça

 

Inserido na arquitetura do Centro Histórico, o Grand São Luís Hotel mantém a mesma estrutura desde os tempos de Vila Rica; agora fechou as portas definitivamente

O Grand São Luís Hotel, antigo Hotel Vila Rica, no Centro Histórico de São Luís – um dos mais tradicionais ambientes do turismo da capital maranhense – decidiu encerrar definitivamente suas atividades.

Fechado desde o início da pandemia, o empreendimento não conseguiu se firmar no novo momento do turismo, aproveitando o boom da revitalização do Centro Histórico, com eventos semanais promovidos pelo poder público.

A falta de um estacionamento de grande porte e a concorrência com os resorts atrapalharam o desempenho do hotel, que tem vista exclusiva para a baía de São Marcos e área de lazer eternamente ensolarada.

O antigo Hotel Vila Rica é um dos ícones do Centro Histórico e foi palco da badalação de São Luís nos anos 70, 80 e início dos 90, com suas festas memoráveis, reunindo a alta sociedade maranhense.

Era à beira da piscina do Vila Rica que se realizavam os clássicos concursos Miss Maranhão, sob a batuta da lendária Flor de Lis; o hotel abrigou por anos a boite Apocalipse, palco da juventude ludovicense, com festas memoráveis nos fins de semana.

Sob controle dos empresários Edilson Baldez e Luiz Carlos Cantanhede desde 2005, o Grand São Luís – que já recebeu a delegação do Papa João Paulo II – nunca conseguiu se firmar como opção hoteleira, apesar do charme, do requinte e da localização em plena Praça Pedro II.

O objetivo dos atuais donos é manter o prédio no ramo hoteleiro.

Estudam ofertas de redes nacionais e internacionais…

Reformada e modernizada, casa de Sarney volta a ser palco de movimentações políticas

Abandonada pela família do ex-presidente há alguns anos, propriedade na praia do Calhau, em São Luís – que já foi palco de inúmeros episódios da República e guarda importante cervo artístico e cultural maranhense – ganhou novos móveis, decoração atualizada e voltou a ser habitada pelo ilustre proprietário

 

Na imagem publicada por Gilberto Léda, Sarney em frente à sua modernizada casa, como símbolo de sua reentrance na vida política maranhense

Ensaio

Uma imagem publicada no blog do jornalista Gilberto Léda, nesta terça-feira, 30, foi uma espécie de “reinauguração informal” da famosa mansão da família Sarney, na praia do Calhau, como palco dos mais importantes debates políticos do Maranhão.

Nesta imagem aparecem o próprio ex-presidente José Sarney, na sacada em estilo colonial da mansão, com lideranças políticas embaixo, no modernizado pátio de acesso à praia, no que seriam os fundos da residência, guardada por um portão que foi doado à família – e, contam, fechava o cemitério da cidade de Alcântara. 

Sarney voltou a morar na mansão do Calhau, que passou quase 10 anos ocupada apenas por funcionários da família.

Para voltar a abrigar Sarney, sua mulher, dona Marly, filhos, netos, bisnetos e tetranetos, a casa passou por uma ampla e minuciosa reforma, que deu ares modernos à decoração, embora tenha mantido a arquitetura original, no estilo colonial, com seus salões amplos, pátios internos – muitos deles agora gramados – e suas passagens em arco. 

A família Sarney está de volta ao debate político como espécies de consultores e aliados do governador  Carlos Brandão (PSB); e a imagem na frente da casa é o símbolo desta reentrance.

O governador tem frequentado rotineiramente a casa do Calhau; a matéria em que Léda usou a imagem de Sarney na sacada, por exemplo, trata de articulações para reforçar o controle de Brandão no MDB, que agora será comandado por seu irmão, Marcus Brandão.

A casa de Sarney ocupa um quarteirão em uma das áreas do Calhau mais próximas à praia; imóvel agora valorizado pela reforma

Assim como ele próprio, a casa de Sarney é um símbolo da política maranhense.

Movimentada por lideranças políticas nacionais e internacionais na década de 80, passou a ser chamada pejorativamente de “casa mal assombrada” pela oposição dos anos 90; e experimentou a decadência política do grupo a partir dos anos 2000.

Agora volta repaginada, modernizada e desagravada pela história e por aqueles próprios que a taxaram negativamente no passado.

Voltam a casa, volta Sarney, seu histórico partido e seu grupo político… 

A história de uma foto: um voo presidencial…

Coluna desta semana do blog Marco Aurélio d’Eça conta a primeira viagem de um grupo de jornalistas maranhenses e nacionais no antigo avião da Presidência da República, em 1999, entre Alcântara e São Luís

 

Marco Aurélio d’Eça com Marcelo Canelas, Dida Sampaio e outros jornalistas

Memória

Em 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) veio ao Maranhão para uma visita ao Centro de Lançamento de Alcântara.

Foi a primeira vez que jornalistas puderam viajar no avião presidencial da Força Aérea Brasileira (FAB) dentro do território nacional – antes, essa permissão era dada apenas em voos internacionais.

Vieram de Brasília com o presidente os jornalistas Marcelo Canelas (Rede Globo), Ilimar Franco (O Estado de S. Paulo), Irineu Machado (Folha de S.Paulo), dentre outros.

Os jornalistas de São Luís juntaram- se a eles na base de Alcântara, já no retorno a São Luís, após travessia pela Baía de São Marcos na lendária Batevento.

Entre eles o titular deste blog Marco Aurélio d’Eça.

Marco Aurélio d’Eça, Silva Diniz e Marcelo Canelas, descendo do “Sucatão” em São Luís

Foi um voo de menos de 10 minutos, mas uma aventura histórica, retratada nas imagens que ilustram este post.

O fotógrafo Dida Sampaio, de O Estado de S.Paulo – que aparece ao lado de d’Eça no ônibus da FAB já no território de Alcântara – atuou em Brasília até ano passado.

Marco d’Eça com Dida Sampaio no ônibus da FAB, em Alcântara

Em 2020, Sampaio foi atacado por bolsonaristas em uma manifestação em Brasília. (Relembre aqui)

Vencedor dos prêmios Esso e Vladimir Herzog de Jornalismo, Dida Sampaio morreu em maio de 2022, em Brasília. (Saiba mais aqui)

A viagem com FHC, que estava acompanhado da então governadora Roseana Sarney (MDB) foi preparatória para a tentativa de lançamento do foguete a partir de Alcântara, o mesmo que explodiu em 2003, matando praticamente todas as mentes do programa espacial que atuavam no CLA. (Relembre aqui)

São histórias de 30 anos de Jornalismo.

Histórias que marcaram a vida do Maranhão…