Governistas fazem fila para contrapor Othelino na Assembleia

Deputado conduz há pelo menos um mês todo o debate político em plenário, tira do sério o Palácio dos Leões, e leva parlamentares de todos os coturnos e matizes ideológicos a tentar fazer frente às suas revelações, numa clara demonstração de que seus pronunciamentos incomodam fortemente a cúpula do governo

 

Othelino provoca na tribuna os colegas que não votaram, mas, hoje, defendem o governo Brandão

Análise da Notícia

Parece até uma procissão política.

Deputados do alto e do baixo clero na Assembleia Legislativa têm se alternado na tribuna do Plenário Nagib Haickel há pelo menos um mês, com uma inglória missão: contrapor o deputado Othelino Neto (Solidariedade) e seus contundentes discursos contra o governo Carlos Brandão (PSD). 

Orientados ou não pelo Palácio dos Leões, por lá já passaram – além do líder do governo Neto Evangelista (União Brasil) – parlamentares do quilate de Cláudio Cunha (PL), Ricardo Arruda (MDB), Yglésio Moyses (PRTB), Mical Damasceno (PSD), Ana do Gás (PCdoB), Ariston Gonçalo (PSB), Rildo Amaral (PP), Francisco Nagib (PSB), Davi Brandão (PSB), Jota Pinto, Rafael (PSB) Zé Inácio (PT) e até quem nada deveria ter a ver com isso, como os pedetistas Osmar Filho e Glalbert Cutrim.

A estes dois, juntamente com Neto Evangelista, o deputado neo-oposicionista guardou um dos momentos mais memoráveis deste período, registrado no vídeo que ilustra este post:

Deputado Osmar, deputado Glalbert, tem uma coisa que vossas excelências não carregam e que eu, infelizmente carrego: vossas excelências não votaram no governador Brandão. Vocês estão livres desse peso. Eu sou cobrado todo dia nas minhas redes sociais. Quando eu faço crítica, perguntam: ‘mas você não votou?!? Votei! Errei, eu não tenho bola de cristal’. Mas eu tenho coragem de dizer: se eu não estou concordando eu não vou ficar lá. Mas vossas excelências têm essa vantagem sobre mim, os dois e o deputado Neto Evangelista”, provocou Othelino.

Além dos discursos, as falas dos parlamentares ganham eco na mídia alinhada ao Palácio, na tentativa de enquadrar o neo-oposicionista, como foram os casos de Zé Inácio, Antonio Pereira e Yglésio.

O deputado do Solidariedade não é o único oposicionista na Assembleia Legislativa; Wellington do Curso (Novo) e Fernando Braide (PSD) dividem com ele esta missão.

Mas, de alguma forma – não se sabe se por causa da própria relação com Brandão ou mesmo pelas questões internas da Assembleia – ele tem incomodado como poucos na história recente do Legislativo; prova disso é a procissão de parlamentares quase diária tentando explicar o que ele apresenta na tribuna.

Há pelo menos um mês Othelino tem reinado absoluto na tribuna da Assembleia, com a base governista fazendo fila em busca de argumentos para contestá-lo

O titular deste blog Marco Aurélio d’Eça cobre as atividades da Assembleia desde 1997, curiosamente, ao substituir o próprio Othelino Neto como repórter de Política do extinto jornal o EstadoMaranhão; nestes 27 anos, pelo plenário que hoje homenageia o lendário Nagib Haickel passaram inúmeros oposicionistas de peso, muitos tão solitários quanto o atual.

  • o deputado Aderson Lago, por exemplo, tirou o sono da então governadora Roseana Sarney (MDB) entre 1995 e 2002;
  • no governo José Reinaldo – e depois no de Jackson Lago – tinha-se o erudito César Pires, que calava a Casa quando na tribuna;

No terceiro e quarto mandatos de Roseana – entre 2009 e 2014 – a oposição já era mais fluída, com vários grupos disputando o poder político no estado; e a partir do governo Flávio Dino (PCdoB), em 2015, essa parcela política foi praticamente engolida na Assembleia.

Todos os oposicionistas da era deste blog Marco Aurélio d’Eça tinham uma característica comum:

  • Aderson Lago tinha uma espécie de proteção política do então presidente da Alema, Manoel Ribeiro;
  • César Pires contava com a ainda poderosa e organizada estrutura de poder do grupo Sarney.

Apesar da estrutura que conseguiu obter a partir de 2022, com a mulher, Ana Paula Lobato (PDT), no Senado Federal, e o controle de uma legenda de peso, o Solidariedade, Othelino também é mais um dos lobos solitários da histórica oposição maranhense.

E para o bem do registro jornalístico, tem mantido o charme reservado a eles…

Fala de Sarney reflete o resgate do seu grupo no governo Brandão…

Dez anos depois de ver o candidato da filha derrotado pelo grupo que tinha o atual governador na chapa encabeçada por Flávio Dino, ex-presidente da República fala de uma "paz política" que beneficiou abertamente o sarneysismo; o que mudou no Maranhão nesta década do chamado

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A lição de Braide em 2016 que Fábio Câmara executa com perfeição em 2024

Há oito anos, atual prefeito de São Luís iniciou seu projeto de vencer as eleições na capital maranhense e chegou ao segundo turno – “quando ninguém acreditava que tinha chances” – andando a pé nos bairros e mantendo contato direto com a população nas comunidades, exatamente o que o candidato do PDT faz nesta campanha

 

A rotina de Fábio Câmara nas comunidades mais necessitadas – como o Braide de 2016 – dá a base para consolidar seu plano de governo em São Luís

Pensata

Este blog Marco Aurélio d’Eça publicou em 4 de maio de 2016 o post “O fator Eduardo Braide…”; tratava-se de uma análise sobre as chances do então recém-lançado candidato a prefeito que aparecia com apenas 2% de intenção de votos e ninguém apostava qualquer centavo no cabimento de sua candidatura.

– Braide é desses políticos contidos no que diz respeito a aparições midiáticas, mas com forte poder de penetração quando fala, por que fala com propriedade; dentre todos os candidatos, Eduardo Braide é o mais profissional, mais centrado politicamente e o mais eficiente na articulação de bastidores”, afirmava este blog, único a acreditar no potencial do então deputado estadual, que foi chamado de terceira via no texto antes mesmo do início da campanha eleitoral.

 

Nestas eleições de 2024, este blog Marco Aurélio d’Eça tem apostado – também solitariamente – em outro personagem com perfil de terceira via, o ex-vereador Fábio Câmara (PDT); o pedetista tem executado com maestria a lição ensinada por Braide há oito anos. (Entenda aqui, aqui, aqui e aqui).

Fábio Câmara é único dos candidatos já apresentados a fazer reuniões diárias nas comunidades mais afastadas e na zona rural, que sentem na pele o abandono do poder público às suas necessidades mais básicas; ao seu modo, o ex-vereador pedetista vai construindo uma base que, a exemplo do que fez Braide em 2016, pode fazer a diferença em outubro.

Naquelas eleições de oito anos atrás, o então prefeito Edivaldo Júnior (PDT) enfrentava uma forte candidata, a então deputada federal Eliziane Gama (Cidadania), que registrava 65% das intenções de votos; Eliziane ficou pelo caminho e a mídia tratou de construir um novo adversário para Edivaldo, o deputado estadual Wellington do Curso (então no PP).

Mas este blog Marco Aurélio d’Eça insistiu na força de Eduardo Braide, apontou que ele surpreenderia no debate da TV Mirante, o que de fato ocorreu e foi registrado no post “‘O sentimento já é de vitória’, afirma Eduardo Braide apostando no segundo turno”:

– Vencedor do debate da TV Mirante, segundo opinião de 65% dos eleitores, conforme revelado na pesquisa Escutec, Eduardo Braide tem sentido nas ruas a sensação de virada, e diz acreditar que pode mesmo ir para um confronto direto com o prefeito Edivaldo Júnior (PDT)”, afirmou este blog, no dia do 1º turno, em 2 e outubro de 2016.

 

Esta eleição de 2024 também tem um prefeito bombardeado por diversos candidatos, a exemplo de 2016, e um candidato favorito para ser derrotado por ele, o deputado federal Duarte Jr. (PSB), exatamente como Eliziane Gama em 2016.

E tem num candidato que vem das bases, sem maiores atenções da mídia, mas com foco na campanha e trabalho diário, o ex-vereador Fábio Câmara, que este blog Marco Aurélio d’Eça vai insistir – ainda que solitariamente – em apontar como terceira via.

Para entender a história, é preciso relembrar pontos do discurso do próprio Braide no debate do segundo turno de 2016:

  • “Nessas eleições nós temos um prefeito, candidato à reeleição com uma campanha milionária. De outro um candidato, que mesmo quando ninguém acreditava que tinha chances de ir para o segundo turno, andava a pé, com o programa de governo para mostrar como São Luís será uma cidade melhor”.
  • “(…) o candidato, que acaba de falar já teve a oportunidade dele. Ele teve quatro anos para mostrar o que pode fazer por São Luís. Tudo que fez deixou para fazer na véspera da eleição. Eu não quero ser um prefeito de quatro meses, quero ser um prefeito de quatro anos”;
  • “(…) E dizer, se você me der essa oportunidade, o primeiro ano de governo será muito mais importante que a véspera de eleição. A partir do ano que vem, 1º de janeiro de 2017, se você me der uma oportunidade, São Luís será uma cidade muito melhor.”

A lição de Eduardo Braide em 2016 foi toda contada neste blog Marco Aurélio d’Eça.

E ela pode se repetir oito anos depois, por um outro personagem.

É aguardar e conferir…

Maura Jorge é a única remanescente de sua geração com perspectivas no atual ciclo político

Caminhando tranquilamente para o seu quarto mandato como prefeita de Lago da Pedra, a ex-candidata a governadora que foi deputada estadual por vários mandatos sobreviveu às diversas trocas de poder na política maranhense e conseguiu se consolidar como liderança estadual e  exemplo de habilidade tanto política como de gestão

 

Plena a caminho do quarto mandato em Lago da Pedra, Maura Jorge é a única remanescente da geração 90 com relevância na política estadual

Ensaio

A experiente prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge (PP), é uma das poucas líderes de sua geração a permanecer firme no debate estadual e em tendência de crescimento neste ciclo que terá sua culminância em 2026.

A maioria de seus contemporâneos ou foram retirados do debate público ou perderam relevância no xadrez político; sua gestão e a forma como se conduziu politicamente, explica sua permanência e seu respeito tanto na classe política quanto no povo.

O início dos anos 90 foi um celeiro de novos nomes no cenário estadual, seja de famílias já tradicionais, seja daqueles sem sobrenome que conseguiram furar a bola aristocrata.

Maura é um desses nomes que surgem no início de 90, ao lado do seu irmão, Waldir Filho, deputado que veio a falecer em 96, num acidente de avião que também vitimou outros dois parlamentares. Maura teve quatro mandatos de deputada estadual, o último interrompido em 2008, para que ela pudesse disputar a prefeitura de Lago da Pedra contra Luiz Osmani, um de seus adversários históricos.

Maura venceu aquela eleição e segue, até hoje, ditando as regras da política no município.

Foi reeleita em 2012, elegeu seu sucessor em 2016, disputou o governo em 2018, retornou à prefeitura em 2020 e hoje se encaminha para um quarto mandato, com 100% da câmara de vereadores e sem adversários políticos à altura.

É de Lago da Pedra uma das saúdes municipais mais admiradas do Maranhão, com equipamentos que poucas unidades da rede estadual possuem; creche em tempo integral, maternidade, escolas, hospital, novos bairros, pavimentação asfáltica na sede e zona rural, aumento no número de empregos com carteira assinada, aumento no número de novos empreendimentos, salários em dia e 80% de aprovação, justificam o discurso de Maura Jorge, de gestão humanizada

Sua trajetória política, na contramão da maioria dos seus contemporâneos, mostra sua habilidade política de construir laços, abrir diálogo, respeitar o contraditório, e se manter relevante no xadrez político.

Hoje no Progressistas, partido do Ministro André Fufuca, à frente do PP Mulher, Maura tem um forte instrumento para voltar a percorrer o estado, fortalecendo sua já notória participação em todas as regiões.

É esse destaque político, sua lida com o povo e com os grandes nomes da política, que fizeram Fufuca enxergar em Maura “um dos diamantes mais lapidados da política do Maranhão”, como disse o próprio em discurso recente.

E 2026 está logo ali…

Com chapa completa, PDT mantém tradição de disputar prefeitura há 36 anos…

Articulada pelo candidato a prefeito Fábio Câmara e montada pelo presidente municipal Raimundo Penha, chapa do partido apresentará 32 candidatos a vereador – com perspectiva de eleger entre dois e três representantes à Câmara Municipal – chegando à sua décima disputa ininterrupta pelo comando da capital maranhense

 

Raimundo Penha e Fábio Câmara montaram a chapa do PDT, que vai disputar pela 10ª vez seguida as eleições de São Luís com chapa completa

O PDT manterá nestas eleições municipais uma tradição que se iniciou 1988, com a candidatura vitoriosa do ex-prefeito Jackson Lago, que teve três mandatos em São Luís.

Desde então, são 36 anos que o partido disputa – e vence, de uma forma ou de outra – as eleições municipais, seja com candidato próprio, seja na coligação de candidato de outro partido, como mostrou este blog Marco Aurélio d’Eça ainda em 2022 no post “O protagonismo do PDT nas eleições de São Luís…”.

Nas eleições de 2024, o PDT tem como candidato a prefeito o ex-vereador Fábio Câmara, que será um dos representantes do campo lulista em São Luís, mas o único exclusivamente na base do presidente petista, uma vez que o outro candidato da base lulista, Duarte Jr. (PSB), tem em sua base representantes também do bolsonarismo.

A chapa de candidatos a vereador terá 32 nomes, exatamente o máximo exigido pela Justiça Eleitoral.

Liderados pelo vereador Raimundo Penha, que concorre à reeleição, o PDT tem amplas chances de fazer entre dois e três vereadores, com nomes de forte densidade nas comunidades, incluindo o próprio Penha e o suplente Charles dos Carrinhos.

Sem nunca ter deixado de concorrer a uma eleição na capital maranhense, como protagonista ou coadjuvante de um dos vencedores, o PDT parte para sua décima eleição seguida presente em chapas majoritárias, único partido a ter este registro no Maranhão.

É uma história partidária relevante…

Zé Raimundo Rodrigues agora também na blogosfera…

Lendário jornalista maranhense estreia na internet com o blog do Maranhão TV, referência ao histórico programa que comandou na televisão por décadas, como num dos mais importantes comunicadores maranhenses de todos os tempos

José Raimundo Rodrigues estreou na blogosfera na semana passada, após mais de cinco décadas como lenda do rádio e da TV maranhenses

O jornalista José Raimundo Rodrigues, lenda da TV e do rádio maranhenses é o mais novo membro da blogosfera; ele acaba de estrear o blog do Maranhão TV, acessível pelo domínio blogdomaranhaotv.com.br

Zé Raimundo é um dos mais importantes comunicadores maranhenses da história, efetivo no jornalismo em praticamente toda a segunda metade do Século XX, chegando ao Século XXI como uma das referências históricas da profissão.

No blog, o comunicador vai abordar temas da política, da cultura, do esporte e das relações sociais do Maranhão atual, sem deixar de fazer um resgate histórico dos fatos que marcaram o estado nos últimos 50 anos. (Veja exemplo aqui e aqui)

O Maranhão TV é um dos programas mais antigos da TV maranhense, com o maior acervo eletrônico da televisão, disponível também em todas as redes sociais.

Formado em jornalismo, José Raimundo é também radialista.

Foi repórter e apresentador de todas as emissoras de TV do Maranhão, além de correspondente da Rede Globo, da Band e do SBT durante anos. 

É o único jornalista maranhense que emplacou matérias em todos os programas da TV Globo, desde o Bom Dia Brasil até o Jornal Nacional, passando por Globo Esporte, Esporte Espetacular, Globo Rural, Fantástico, Som Brasil e até Cassino do Chacrinha.

O blog do Maranhão TV também estará disponível a partir desta terça-feira, 19, na aba de blogs parceiros deste blog Marco Aurélio d’Eça.

Para acessá-lo, basta clicar no nome Maranhão TV…

Edivaldo Jr. reaparece em post parabenizando Flávio Dino…

Ex-prefeito que estava há três meses sem postar nada no instagram, no twitter ou em qualquer outra rede social desejou êxito ao novo ministro do Supremo Tribunal Federal e citou também a senadora Ana Paula Lobato, que assume o posto no Senado que poderia estar hoje com o próprio Holandinha

 

A postagem de Edivaldo: o que não deve passar pela cabeça do ex-prefeito de São Luís ao ver o desenrolar de 2022?

Desaparecido das redes sociais desde novembro – quando postou o recebimento de sua carteira da OAB-MA – o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Júnior (sem partido) postou nesta quinta-feira, 22, homenagem ao novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino.

– Parabenizo o amigo Flavio Dino pela posse como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) desejando êxito neste novo desafio. Com a sua experiência e competência, contribuirá muito com a Suprema Corte, fortalecendo a democracia brasileira – declarou Edivaldo.

N a postagem, Edivaldo também desejou sucesso à nova senadora Ana Paula Lobato (PSB),que assume a vaga de Dino no Senado.

– Que Deus a abençoe em sua missão – disse.

Curiosamente, a vaga que Ana Paula assumiu poderia ter sido do próprio Edivaldo Jr., caso ele não tivesse buscado o caminho que buscou nas eleições de 2022.

No início daquele ano, contam os bastidores da política, o ainda governador  Flávio Dino chamou o ex-aliado para uma conversa no Palácio dos Leões e ofereceu a ele postos na futura chapa eleitoral a ser encabeçada pelo então vice Carlos Brandão.

Holandinha poderia escolher entre ser o vice de Brandão ou compor a chapa do próprio Dino, como primeiro suplente de senador; o ex-prefeito preferiu apostar em uma candidatura a governador e amargou apenas o quarto lugar.

E o restante da história todos já conhecem…

Imagem do dia: o fim de um ciclo; ou será o começo?!?

O ex-senador, ex-governador, ex-deputado federal, ex-juiz e ex-candidato a prefeito de São Luís Flávio Dino encerrou nesta quinta-feira, 22, sua trajetória política de 18 anos, iniciada em abril de 2006, quando decidiu renunciar ao cargo de juiz federal para concorrer pela primeira vez em uma eleição; ele fica no STF até 2046; ou pode voltar antes disso

 

Flávio Dino entre Lula e Roberto Barroso chefe dos poderes Executivo e Judiciário; ciclo que se encerra para dar início a outro

Foi nos primeiros dias de abril de 2006, quando decidiu renunciar ao cargo de juiz federal, que o advogado e professor universitário Flávio Dino de Castro e Costa tomou a decisão que iria mudar a sua vida.

Nesses 18 anos de atuação política, ele construiu uma trajetória vitoriosíssima:

  • foi deputado federal em 2006;
  • disputou o segundo turno pela Prefeitura de São Luís em 2008;
  • ficou em segundo lugar na disputa pelo Governo do Estado em 2010;
  • foi presidente da Embratur no Governo Dilma entre 2011 e 2014;
  • venceu em primeiro turno o Governo do Estado em 2014;
  • reelegeu-se também em primeiro tuno em 2018;
  • elegeu-se senador da República com mais de 2 milhões de votos em 2022;
  • foi ministro da Justiça entre janeiro de 2023 e fevereiro de 2024;
  • foi indicado pelo presidente Lula e aprovado no Senado para o Supremo Tribunal Federal.

Neste meio tempo, o agora magistrado da elite do judiciário brasileiro elegeu todos os senadores maranhenses entre 2014 e 2022, elegeu o prefeito de São Luís em 2012 e 2016 e ajudou a construir inúmeras lideranças da nova geração de políticos maranhenses – aliadas ou adversárias – que hoje estão no topo do debate político.

Este ciclo histórico de Flávio encerrou-se nesta quinta-feira, 22, quando ele tomou posse no cargo de ministro do STF.

Embora mantenha forte influência política nos bastidores, o agora ministro não poderá mais exercer a atividade política plena, com reuniões partidárias e eleitorais, indicação de candidatos, pedidos de votos ou mesmo articulações para formação de chapas; pelo menos não publicamente.

Ele seguirá essas diretrizes até 2046.

Ou não…

A histórica e transparente relação de Eliziane com as igrejas…

Pauta de desconstrução da imagem da senadora maranhense nas denominações evangélicas é gerada por grupos adversários, ligados ao bolsonarismo, que ainda se ressentem da derrota de 2022 e da perda de espaço com a chegada ao poder de um governo mais à esquerda, ao qual, organicamente, a parlamentar sempre foi mais identificada

 

 

Desde 2006 Eliziane aproximou os governos das igrejas e as igrejas do Palácio dos Leões, começando com Jackson Lago e se consolidando com Flávio Dino

Ensaio

Nascida e criada no evangelho – dentro das mais rígidas regras do pentecostalismo pregado pela Assembleia de Deus nos rincões do Maranhão nos idos de 1970 – a senadora Eliziane Gama (PSD) sempre teve, mesmo assim, postura progressista, o que não a impediu de construir uma carreira de destaque como jornalista e como política evangélica, de deputada estadual, passando por deputada federal e chegando a senadora.

Nestes 18 anos de vida parlamentar ela sempre teve o apoio das lideranças e da base da Assembleia de Deus e de outras denominações evangélicas, sobretudo pela sua fidelidade e lealdade aos princípios cristãos e por suas ações políticas de fortalecimento e empoderamento deste segmento social ao longo de vários mandatos.

Como deputada estadual, a atual senadora comandou a CPI da Pedofilia na Assembleia Legislativa, quando o assunto ainda era tabu, sobretudo nas igrejas; é de sua autoria, também, a lei que instituiu os retiros evangélicos – e católicos – na agenda cultural do Maranhão, o que permitiu luz sobre estes movimentos que, no mínimo, protegem jovens no carnaval.

Igreja de nascimento de Eliziane, a Assembleia de Deus sabe que sua carreira política tem identificação pessoal com a do agora ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino – e anterior a ele, ela também sempre foi ligada historicamente a Jackson Lago, outro ícone da esquerda maranhense.

Eliziane aproximou as igrejas tanto de Jackson quanto de Flávio Dino e tornou a relação mais leve; lideranças evangélicas, tanto da AD quanto de outras denominações passaram a ter acesso ao poder a partir de seus movimentos.

Não é exagero afirmar que, graças a Eliziane Gama, vários outros homens e mulheres das igrejas com vocação política puderam sonhar com um mandato parlamentar ou no executivo ao longo desses 18 anos.

Foi a partir da ascensão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que a promiscuidade política passou a impregnar as igrejas; manipulando a fé e mesclando a doutrina religiosa com a pauta da direita radical, Bolsonaro atraiu figuras nocivas da agenda evangélica, tipos como Silas Malafaia, Marcos Feliciano, Valdomiro Santiago e outros mercadores da fé.

Mas é claro que, no Maranhão – e dentro das igrejas – houve quem se beneficiasse dessa agenda bolsonarista; e começou aí a hostilização à senadora, que se posicionou contra os deturpados ideais do então presidente e a manipulação da fé evangélica com interesse político.

Dentro da Igreja Assembleia de Deus – e no segmento evangélico – Eliziane Gama se mantém historicamente onde sempre esteve, com a ciência de todas as lideranças assembleianas e evangélicas do Maranhão.

E é assim que ela mantém seu espaço dentro do movimento cristão maranhense.

Que completará 20 anos exatamente em 2026.

Na renovação do seu mandato no Senado…

Governistas já comparam Braide a Castelo; aliados do prefeito preferem lembrar “Força Total” de Jaime Santana…

Aliados do governador Carlos Brandão entendem que o prefeito de São Luís caminha para repetir 2012, quando o então gestor do PSDB perdeu a eleição por isolamento político; mas os braidistas preferem outra disputa, a de 1985, quando o então deputado federal Jaime Santana – com apoio da prefeitura, do governo e do presidente da República –  perdeu, mesmo assim, a eleição para Gardênia Gonçalves

 

Castelo e Dona Gardênia, com a filha, Gardeninha, em imagem do início de 2011; personagens icônicos da política, hoje lembrados como case eleitoral

Ensaio

Dez entre dez aliados do governador Carlos Brandão (PSB) têm convicção neste momento da pré-campanha que o prefeito Eduardo Braide (PSD) repetirá as eleições de 2012, quando o então prefeito João Castelo (PSDB) perdeu a reeleição para o deputado federal Edivaldo Júnior (então no PTC), por isolado político-partidário.

Naquela eleição, Castelo era o favorito, mas brigou com “deus-e-o-mundo” e perdeu aliados importantes, no PDT, DEM, PSB, MDB e outras legendas, que avalizaram a candidatura do insípido Holandinha. 

Deputados federais, estaduais, jornalistas e auxiliares do governador ouvidos por este blog Marco Aurélio d’Eça ao longo das últimas semanas não têm dúvidas de que a postura de Braide o levará à derrota para o deputado federal Duarte Júnior (PSB), “que vem forte, apoiado por Brandão e pelo presidente Lula (PT)”.

De fato, Duarte Júnior ampliou sua base de apoio significativamente na virada do ano, ao receber o apoio de Brandão e atuar diretamente na base de Lula; o deputado reúne a maioria dos grandes partidos maranhenses, de todas as correntes, do PSDB ao MDB, do PSB ao PT, passando por PP, Podemos, e, provavelmente, o União Brasil e o PL.

Mas os aliados do prefeito Eduardo Braide, que lidera as pesquisas e tem a gestão aprovada pela população, preferem lembrar de uma outra eleição, bem mais antiga: a disputa de 1985, entre a então ex-primeira-dama do Maranhão Gardênia Gonçalves (PDS) e o então deputado federal Jaime Santana, da lendária “Frente Liberal”.

Á época, Santana chegou à disputa com apoio do então prefeito Mauro Fecury (PFL), do então governador Luiz Rocha e de ninguém menos que o então presidente da República José Sarney – exatamente o que ocorre hoje com Duarte Júnior; a “Força Total” embalou Jaime Santana durante toda campanha com uma ação conjunta de prefeitura, governo e presidência nunca vista em São Luís.

São Luís nunca viu tanto asfalto jogado nos bairros mais longínquos da cidade; nunca viu tanto aterro espalhado por toda parte; obras, ações, vereadores e deputados presentes nos bairros; o resultado foi uma vitória consagradora de Gardênia, com o apoio solitário do marido, o mesmo João Castelo de 2012.

Este blog Marco Aurélio d’Eça abordou a história de 1985 exatamente em junho de 2012, no post “A onipresença de João Castelo”, em que lembra suas façanhas contra a “Força Total” de Jaime Santana e outra, igualmente poderosa, que embalou o hoje futuro ministro do STF, Flávio Dino, em 2008.

As histórias lembradas neste início de campanha eleitoral são significativas para entender o momento político no Maranhão;

Braide, com seu isolamento, assim como o Castelo de 2012, mas também como a Gardênia de 85.

E Duarte Júnior, com a mesma “força total” que embalou Jaime Santana.

O tempo dirá quem tem razão…