8

Em artigo, Rio Branco desabafa e conta detalhes da política recente…

Ex-secretário de Meio Ambiente diz que abriu mão duas vezes de ser deputado eleito – federal e estadual – e diz que hoje não tem mais convicção de ser fiel às ideologias, fidelidade muitas vezes não reconhecida. Leia a íntegra abaixo:

 

wbranco“Carta na manga: um desabafo político muito maduro e nada verde

Lembro como se fosse ontem o primeiro mandato político que perdi por defender a ideologia e fidelidade dos verdes no Brasil.

O Partido Verde foi fundado por onze membros, inclusive eu, representando a região Nordeste, em 26 de outubro de 1985, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Rio de Janeiro, conforme registra o livro Ecologia e Política, de José Alberto da Silva, da Editora Chamaeleon, de 1987.

O primeiro deles foi uma situação inusitada.

Recebi em São Luís-MA, dois dirigentes nacionais do PTR, que propuseram minha saída do PV, para ser eleito deputado estadual no MA, em 1990, com cerca de 2 mil votos. Sem conhecer os atores políticos e a “negociação”, convidei para essa reunião o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Celso Coutinho, que estranhou como eu seria eleito se ele que teve mais de 7 mil votos na eleição anterior, não ocupava uma das cadeiras.

Incrível, mas o nosso amigo JJ Pereira dos Santos, de Parnarama-MA, foi eleito pelo PTR, nesse mesmo pleito, com 1.763 votos e afirma que se estivesse concorrido eu estaria deputado.

 

Hoje, talvez entenda o que o governador Zé Reinaldo queria comigo naquela época, no sentido político e no valor da amizade, que fiz questão de provar posteriormente. Em política, difícil é fazer a escolha certa, restará continuamente à dúvida. Afinal, o poder político não é dado, é tomado e quase sempre seguido de desconfiança e traição”

 

Outro caso político, com perda de um possível mandato de deputado federal, foi proposto pela Frente de Libertação do Maranhão, em 2006, quando o ex-governador Zé Reinaldo me convida para chutar o pau da barraca e sair do PV. Perguntei como seria a façanha eleitoral? Respondeu que seus candidatos seriam Brandão, Waldir Maranhão e eu, e que teria expressiva votação em Caxias-MA, através de recursos de convênios e emendas parlamentares. Participaram dessa reunião, Othelino Neto e Marcelo Tavares, atual vice e ex-presidente da Assembleia Estadual, respectivamente.

Claro que minha resposta foi negativa. Não aceito um mandato desse tipo, seria injusto comigo mesmo, contumaz com a justiça do tipo eleitoral. Isso é para quem não tem juízo político… […]. Não posso falar mal de quem não conheço e não devo nenhum favorecimento político.

Depois disso, desci as escadas do Palácio do Leões.

A mais recente tentativa foi sair candidato ao Senado Federal em 2014, pelo PV-MA, quando tivemos nosso nome homologado pela Direção Nacional, em Brasília e a história vocês já conhecem, foi pública como as demais citadas acima. Golpes internos, além de uma ata com erros políticos e gramaticais gravíssimos, como se diz no Maranhão; sem eira e nem beira, mas sem minha elaboração e assinatura nesse documento.

Diante dos episódios, mantive minha lealdade e fidelidade partidária. Agora pergunto, temos condições de viver, ainda, ideologias e utopias políticas para um mundo melhor, um país soberano, um estado forte, representativo e sem corrupção eleitoral? Ou os fins justificam os meios para aquisição do poder?

Hoje, talvez entenda o que o governador Zé Reinaldo queria comigo naquela época, no sentido político e no valor da amizade, que fiz questão de provar posteriormente. Em política, difícil é fazer a escolha certa, restará continuamente à dúvida. Afinal, o poder político não é dado, é tomado e quase sempre seguido de desconfiança e traição.”

*Washington Rio Branco é fundador e dirigente nacional do Partido Verde do Brasil, professor universitário, ex-secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais, mestre em Políticas Públicas (UFMA) e Doutor em Geografia (UNESP-PP).