Ex-ministro de Minas e Energia sempre se manteve leal ao ex-presidente – mesmo preservando a sua independência política – assim como o atual senador em relação ao atual governador
Ensaio
A reação de aliados do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) – e de oposicionistas, tanto sarneysistas quanto bolsonaristas – ao encontro do governador Flávio Dino (PSB) com o ex-ministro Carlos Lupi (PDT), terça-feira, 20, fez lembrar a expectativa que aliados e oposicionistas do sarneysismo tinham na relação do ex-ministro, ex-governador e ex-senador Edison Lobão com o ex-presidente José Sarney.
Lobão sempre foi leal a Sarney, embora mantivesse por toda a sua trajetória política uma independência clara em relação ao ex-presidente.
Sem precisar bajular Sarney, Lobão elegeu-se deputado federal, senador e governador, foi ministro de Minas e Energia e presidente do Senado, mantendo seu grupo alinhado ao projeto do próprio Sarney, sem dependência.
Oposicionistas à esquerda e à direita do sarneysismo sempre incensaram Lobão a romper com Sarney para liderá-los em um levante pelo poder no Maranhão.
Lobão sempre recusou e se manteve fiel ao grupo.
A história mostra que o grupo Sarney perdeu força após um racha por traição – não de Lobão – mas de quem sempre se vendeu como “o mais leal entre os leais”.
Bolsonaristas, sarneysistas e aliados de Carlos Brandão criaram para o encontro entre Dino e Lupi narrativas distintas, mas com o mesmo objetivo: afastar o senador Weverton Rocha (PDT) do governador Flávio Dino (PSB).
Os oposicionistas – bolsonaristas e sanreysistas – querem o rompimento, obviamente, por que necessitam de alguém que possa liderá-los em um levante contra o dinismo.
Já os aliados de Brandão querem tirar Weverton do páreo da disputa pelo Governo do Estado dentro da base dinista.
Uma mera repetição da história: Weverton Rocha é hoje para Flávio Dino o que Lobão foi para Sarney ao longo dos últimos 50 anos.
Assim como Lobão em relação a Sarney, o senador pedetista se mantem leal a Flávio Dino, mesmo mantendo uma independência política clara em relação ao governador.
Weverton cumpre as regras estabelecidas pelo próprio Flávio Dino e trabalha para ser candidato a governador, mas respeitando o pacto firmado por toda a base, mantendo-se leal ao projeto dinista.
Lobão sempre teve vida própria em relação a Sarney, mas respeitou sua liderança e se manteve leal por toda vida, inclusive hoje, após aposentadoria política.
Para completar a história: contemporâneo de Lobão, o ex-governador José Reinaldo Tavares era tido por todos como uma espécie de “filho postiço mais velho” de Sarney.
Mas foi Zé Reinaldo – e não Lobão – quem impôs ao ex-presidente a mais violenta traição, logo na primeira oportunidade de poder.
É assim que a história política, como a história do mundo, se repete ao longo dos anos.
Como farsa ou como tragédia…