Se o presidente Michel Temer pretendeu humilhar o Supremo Tribunal Federal ao nomear um auxiliar filiado a um partido que tem investigados na Lava jato e frequenta barcos de senadores, conseguiu mais do que isso, porque os próprios magistrados demonstram-se satisfeitos com a indicação
Editorial
Desde que começou a tentar fazer o papel do Congresso Nacional, legislando – primeiro na seara eleitoral, e, depois, em todas as áreas do Legislativo – o Supremo Tribunal Federal entrou numa ciranda de autodesmoralização que só se agravou a partir da crise política.
A atitude expôs ministros, transformou seus membros em agentes políticos e e abriu um flanco perigoso.
Este flanco foi ultrapassado agora, quando o presidente Michel Temer – sem nenhum constrangimento – decidiu nomear o seu auxiliar mais confiável para a vaga do ministro Teori Zavascki, morto em janeiro.
A nomeação de Alexandre de Moraes para o STF é a desmoralização do Judiciário pela Política.
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Em que pese seu cabedal jurídico, Moraes – pela própria natureza de sua atuação política – é uma ofensa à isenção e ao equilíbrio que devem nortear as decisões da suprema corte brasileira.
Que isenção terá um sujeito indicado pelo próprio chefe, filiado a um partido com não menos de uma dezena de investigados na operação da qual ele será o revisor no supremo?
Que isenção terá um ministro que participou de jantar-treinamento com senadores, varando a madrugada, às vésperas de ser sabatinado por esses mesmos senadores?
Se quis desmoralizar o Supremo Tribunal Federal com uma vingança política, o presidente Michel Temer alcançou bem mais que isso com a indicação de Alexandre de Morais.
E alcançou bem mais pela benevolência do próprio STF…