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O estilo bateu-levou de Magno Bacelar…

Bacelar é sério quando o momento exige...

A bancada de oposição, obviamente, não gosta, assim como seus satélites na imprensa.

Mas o estilo bateu-levou, do vice-líder governista Magno Bacelar (PV) é o que de mais autêntico existe hoje no debate governistas X oposicionistas na Assembléia Legislativa.

Em seu estilo próprio – equivocadamente já criticado também neste blog – ele consegue atenção da oposição e descontrói o discurso anti-governo, sobretudo do líder oposicionista Marcelo Tavares (PSB).

Se preciso for, Bacelar sabe usar argumentos técnicos para refutar as críticas ao governo Roseana Sarney (PMDB), como pode ser comprovado em discurso sobre as obras no estado.

 

...Vibra quando é preciso vibrar...

– São obras importantes, como a entrega de UPAs e outros tipos de hospitais como também obras na área viária, e da infra-estrutura. É uma maratona muito grande que a nossa governadora Roseana Sarney vem fazendo, percorrendo o Estado todo semanalmente, participando da vida do nosso povo e entregando obras para a população – destacou parlamentar. (leia o discurso completo no blog do Cardoso)

Bacelar pode ser também irônico, tirando os oposicionistas do sério, mas atingindo o objetivo principal, de obstruir o discurso contra Roseana.

E pode ser debochado também, como ontem, em mais um debate com Marcelo Tavares.

...E mostra reflexão quando se faz necessário

– Questão de gosto não se discute. Marcelo Tavares gosta do “detonado”, coisa do passado; gosta do Dinho Ouro Preto, que tem duas faces, chega ao Maranhão elogia Sarney e vai para o Rock in Rio e começa a criticar. É questão de gosto. Se o senhor gosta destes cidadãos, eu gosto mais daquelas cinco mulheres do Aviões do Forró, que são verdadeiros aviões, lindezas das cinco mulheres mais lindas que eu já vi, que não tinham celulite, que não tinham nada. ( leia aqui o discurso completo)

O estilo do vice-líder às vezes é criticado pelos próprios governistas – da maioria que não vai à tribuna, não defende o governo e fica critiando quem faz.

Mas sua presença, praticamente diária na Assembléia – tem garantido a anulação do discurso oposicionista, levando o debate para o tom jocoso da crítica ao perfil de Bacelar.

Melhor para o governo…

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Presente de grego para Marcelo Tavares…

A presença do secretário de Saúde, Ricardo Murad, hoje, na Assembléia Legislativa, é uma espécie de presente de grego para o líder da bancada de oposição, Marcelo Tavares (PSB), aniversariante do dia.

Ontem, Tavares dava sinais de que não queria a audiência com Murad – pelo menos nos moldes definidos pela Assembléia.

Mas até que o líder oposicionista não se saiu mal.

Com dados oficiais, ele demosntrou que houve várias dispensas de licitação na pasta e apontou alguns pontos polêmicos nas obra dos hospitais no interior do estado.

Ricardo deve ouvir outros parlamentares antes de responde aos questionamentos.

A audiência continua na Assembléia Legislativa e deve terminar lá pelo final da tarde…

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César Pires e Manoel Ribeiro: um debate???

Pires: indignação com a traição da bancada...

O motivo foi a rejeição de uma proposta de autoria de César Pires (DEM), já aprovada em primeiro turno.

Intelectual, Pires usou como inspiração o orador romano Cícero, que viveu entre 20 e 60 A.C.:

Uma Nação pode sobreviver aos idiotas e até aos gananciosos, mas não pode sobreviver à traição gerada dentro de si mesmo. O inimigo exterior não é tão perigoso porque é conhecido, mas porque carrega também as suas bandeiras abertamente – citou Pires, lendo textos do discurso de Cícero contra seu principal opositor, Catilina.

Foi uma resposta direta aos membros de sua bancada, que prometeram apovar o projeto, mas recuaram de forma estranha.

O deputado nominou claramente a quem se dirigia, ao frisar: “não imaginava que minha liderança se comportasse dessa forma. E eu espero que a Assembleia não sobreviva aos idiotas e os gananciosos”.

Ribeiro: discurso de três minutos, também com Cícero

O líder governista Manoel Ribeiro (PTB) nem fez questão de esconder que vestiu a carapuça.

 – a palavra do orador que me antecedeu nessa Tribuna, quando pronunciou Cícero, não foi para esta Casa deputados, garanto – disse Ribeiro, assumindo-se como alvo do colega.

E também citou Cícero, desta forma:

– Porque Cícero tem outra frase quando ele fala dos incompetentes e tudo mais.

E, assim, encerrou-se a contenda…

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São Luís – 400 anos… em discussão

São Luís: às vésperas dos 400 anos, com índices do ano zero

Os dados do Observatório Social de São Luís são alarmantes:

São Luís tem a 22ª pior média salarial entre as capitais brasileiras: R$ 1.684,70, metade do que recebem os trabalhadores de Brasília, por exemplo.

No quesito violência, dados também perigosos: a cada 10 mil habitantes com idade entre 0 e 14 anos, 5,41 tiveram internações na rede pública relacionadas a agressão.

A capital maranhense, prestes a completar 400 anos, ocupa a 24ª posição no ranking de mortes maternas: 84,47 mortes a cada 100 mil nascimentos.  E é a última colocada no ranking das mortes fetais: 14,53 por cada mil nascidos vivos.

A culpa é do governo? da Prefeitura? Dos dois? da sociedade? De quem?

O Observatório Social de São Luís vai expor seus dados na Assembléia Legislativa, a convite do deputado Rubens Pereira Júnior (PCB).

Vamos discutir, com maturidade, a responsabilidade do prefeito João Castelo, a responsabilidade do governo Roseana Sarney, sem discutir querelas políticas municipais, sem entrar em uma campanha eleitoral antecipada. Conseguiremos propor saídas honrosas, que possam retirar São Luis do estado em que se encontra – propôs Rubens Júnior.

Mas há também dados positivos na pesquisa do Observatório Social de São Luís.

O desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), por exemplo, está entre os dez melhores do país. Os dados sobre alcance de creche também estão entre os dez melhores, com tendência de melhora.

A quem se deve o mérito? Ao prefeito João Castelo? Ao ex-prefeito Tadeu Palácio? Ao PDT, de Jackson Lago, que controlou a capital por 20 anos?

Por estas e por outras é que a pesquisa precisa ser debatida em todos os níveis.

Na Assembléia, na Câmara e em toda a sociedade…

Leia mais sobre a pesquisa aqui

 

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Gastão Vieira responde a José Reinaldo…

Gastão rebate a artigo de José Reinaldo

O deputado federal Gastão Vieira encaminhou mensagem ao blog na qual pondera pontos do artigo de José Reinaldo Tavares (PSB), publicado semana passada no Jornal Pequeno.

É o segundo deputado a contrapor os  argumento de Tavares, segundo os quais o Maranhão cersceu entre 2004 e 2009 gaças ao seu governo e ao de Jackson Lago (PDT).

Ilude-se o ex-governador ao considerar como inteiramente seu o crédito pelos avanços obtidos pelo Maranhão no período que foi chefe do poder executivo. Como homem público experiente ,sabe que o desempenho do Estado em um dado período é resultado, principalmente,das reformas estruturais adotadas anteriormente, que demoram para frutificar – argumenta Gastão Vieira.

No sábado, o deptuado Pedro Fernandes (PTB), também em entrevista neste blog, já havia mostrado, com dados técnicos, os fatores que contribuiram para o crescimento do Maranhão. (Releia aqui)

Leia abaixo, a íntegra da resposta de Gastão Vieira:

“Caro Marco D’Eça

A respeito do artigo do ex-governador José Reinaldo, que tem como base o discurso que fiz recentemente na Câmara dos Deputados,quero ponderar alguns pontos:

1) A tecla é sempre uma só: o Maranhão é dominado por uma “oligarquia”,responsável por tudo de ruim que ocorre no Estado . Quando a “oligarquia”está no poder,nada dá certo,o PIB não cresce,a pobreza aumenta,educação e saúde sofrem e por aí vai…..quando a “oligarquia”está fora,tudo vai bem.Quanta ingenuidade! Que argumentação simplória, mesmo assim resta prová-lá, o que ainda não vi ninguém fazer.

2)Para todos os defensores desta “tese”,inclusive o ex-governador, o que ocorre no Maranháo nada tem a ver com o que ocorre no Brasil e no resto do mundo. Nada tem a ver com o processo histórico de crises,em prazo mais remoto,que remonta ao fim do século 19 e início do século 20.Nada tem a ver com as características específicas da região( o Nordeste que também enfrenta muitas dificuldades para crescer). Nada tem a ver com reformas   que demoram
muitos anos para frutificar (freqüentemente excedendo o período de uma gestão de governo).A única variável relevante para definir o desempenho do Maranhão é a tal da “oligarquia”.

3) De fato, seria ocioso negar que, segundo indicadores importantes, o Maranhão exibiu desempenho bom no período 2004-2009, assim como já tinha exibido bom desempenho em outros períodos.Nenhum maranhense em sã consciência pode ficar descontente quando vê o seu Estado crescer e avançar, independentemente de quem ocupa no momento o Palácio dos Leões. Mas, já é tempo de abandonarmos este conceito simplório de achar que o que ocorre ao longo de um período é fruto exclusivo das ações adotadas naquele período.Ilude-se o ex-governador ao considerar como inteiramente seu o crédito pelos avanços obtidos pelo Maranhão no período que foi chefe do poder executivo. Como homem público experiente ,sabe que o desempenho do Estado em um dado período é resultado, principalmente,das reformas estruturais adotadas anteriormente, que demoram para frutificar.

 4) Quanto a questão da renda monetária de boa parte da população rural, uma coisa é dizer que ela é contabilizada como inexistente , nula pelo IBGE,nenhuma novidade aí de que isso distorce a medida do
PIB. Trata-se de opinião técnica de especialistas da ONU, do Banco Mundial e do própio IBGE, e considerados como fatos na literatura relevante.Outra coisa muito diferente é dizer que a população rural ” vive bem , apenas não utiliza dinheiro….”. ignoro a razão e a metodologia que autorizou o ex-governador a identificar as duas situações como idênticas.

 5) A premissa que presidiu meu discurso é de que o debate sobre a situação do Maranhão é necessário e saudável , mas deve ser mantido em nível elevado, respeitoso , sem preconceitos e ressentimentos pessoais. Infelizmente, náo foi o que vi na mal feita reportagem da Veja. 

Com respeito e estima ao seu blog e ao ex-governador,
                                    Cordialmente,
                                     Gastáo Vieira”

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José Reinaldo tenta faturar com conquistas do governo Lula…

Tavares: cada vez mais distante da realidade

O ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) tenta se beneficiar das conquistas do governo Lula para se autopromover como responsável por melhorias nos índices de desenvolvimento do Maranhão.

Foram mais de 800 mil pessoas que passaram a ter uma vida melhor nesse período [2004/2009] por causa das políticas adotadas pelo meu governo e o de Jackson Lago no período – disse Tavares, em seu artigo semanal no Jornal Pequeno, referindo-se aos dados do Ipea, que revelam a retirada de 47% da população da extrema pobreza.

Quem desmascara Tavares é o secretário de Cidades, Pedro Fernandes.

– Não há uma só ação dos governos anteriores que justifique este crescimento. Isso é fruto direto das ações de transferência de renda do governo Lula, como Bolsa-Família, Luz para Todos e o ganho real experimentado pelo salário mínimo. O governo José Reinaldo não fez nada para melhorar a renda do maranhense – afirmou o secretário, que também é deputado federal.

Fernandes mostra números reais para desmascarar ficção reinaldista

Na avaliação de Pedro Fernandes, o Maranhão só aparece com 47% de crescimento, acima dos 42% do Nordeste, por que foi, justamente, o estado mais beneficiado pelo Bolsa-Família.

– São 900 mil famílias beneficiadas. Some-se a isso o ganho real do salário mínimo, que era de 60 dólares no início da era Lula e hoje chega a 300 dólares e se verá o benefício para o Maranhão. Não há outra explicação – afirma o secretário.

Em seu longo artigo, Tavares também se diz responsável pelo crescimento do PIB maranhense, de R$ 15 bilhões para R$ 32 bilhões.

Outra falácia, diz Pedro Fernandes. Segundo ele, este PIB cresceu por causa dos investimentos diretos da Vale e da Alumar em suas plantas. E também por causa do salário mínimo, que gerou movimentação de riqueza, uma vez que o Maranhão tem alto índice de servidores públicos.

Outra argumentação de Fernandes: o crescimento econômico do Berasil fez também com que crescecem as transferências federais, e o Maranhão foi beneficiado.

O artigo de José Reinaldo teve apenas um objetivo: atacar o deputado federal Gastão Vieira (PMDB), responsável por análise dos índices sociais do Maranhão, em recente discurso na Câmara.

Mas a pontaria de Tavares, completamente torta, acabou acertando ele próprio.

Que deveria ter ficado calado…

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PMDB vai intesificar discussão sobre eleição em SL…

Roberto Costa: debate eleitoral necessário

Maior partido da base do governo Roseana Sarney, o PMDB pretende iniciar neste segundo semestre as discussões sobre a sucesssão municipal de São Luís.

Com três nomes aptos para a disputa – Roberto Costa, Tadeu Palácio e Fernando Fialho – a legenda pretende chamar também os partidos aliados para conversar.

– É fundamental que estabeleçamos uma agenda política sobre as eleições de São Luís. O PMDB, assim como todos os partidos da base da governadora Roseana Sarney, tem condições de ter um candidato competitivo; e vamos trabsalhar por isso – disse o deputado Roberto Costa.

E não há vetos no projeto do PMDB. O PT será chamado ao debate, inclusive com o nome do também deputado Bira do Pindaré.

O importante, para o partido da governadora, é que se construa uma agenda positiva, capaz de mudar o eixo do debate sobre a sucessão do prefeito João Castelo (PSDB).

– Temos sido muito ativos no trabalho de pontuar os problemas de São Luís, mas, por enquanto, quem se beneficia disso são os nomes da oposição [PSB, PCdoB, PDT, PPS…]. Nós temos condições de entrar forte no jogo – analisa Roberto.

O deputado inclui entre os nomes prontos para a disputa em São Luís os secretários de Infra-estrutura, Max Barros (DEM); de Cidades, Pedro Fernandes (PTB), e de Meio Ambiente, Victor Mendes (PV). Também os deputados Raimundo Cutrim (DEM), Edilázio Júnior (PV), Zé Carlos da Caixa (PT) e Jota Pinto (PR).

– Temos um grupo de candidatos em excelentes condições de fazer frente a qualquer adversário. O importante é estar todo mundo junto no mesmo palanque – prega Costa.

As conversas sobre o assunto – em forma de seminários, conferências ou reuniões – ele pretende iniciar já a partir do mês de agosto.

E transformá-las no principal fato político relacionado às eleições de São Luís…

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O importante é fazer-se entender…

Corajosa a decisão do Ministério da Educação de acatar o livro “Por uma Vida Melhor”, que inclui expressões da linguagem popular como formas aceitáveis de comunicação oral.

Entenda aqui a polêmica causada pelo livro…

Corajosa, sobretudo, por que, finalmente, enquadra os gramáticos ortodoxos radicais – aqueles para os quais as regras ortográficas, de sintaxe, morfológicas e de concordância valem mais que a própria vida.

Mas não valem.

Na verdade, a ortodoxia dos gramáticos esconde as relações de poder ocultas no idioma, como já denunciou o linguísta Marcos Bagno.

A serviço dos poderosos, a mídia usa expressões supostamente cultas de forma também ideológica – levando o povo a achar que são as únicas.

Trocam, por exemplo, “ocupações” por “invasões”, ao se referir ao MST. Ou “manifestações” e “protestos” por “distúrbios” quando fala dos palestinos contra Israel.

Tudo para construir ideologicamente a estrutura da língua.

Influenciados por estes conceitos linguísticos da época ditatorial do “Este é um País que vai Pra frente…”, os gramáticos se danam a impor regras, sufocando as expressões populares.   

Para estes escravos gramaticais as regras oficiais do Português – o que chamam de norma culta – devem ser ensinadas a qualquer preço, como regra geral, sendo patrulhada qualquer outra forma de comunicação e expressão.

Para Hadad, o livro é normal...

Erram num quesito básico: como exigir norma culta do Português se a língua de Camões, como todas as línguas latinas, derivam do Latin vulgar e não do erudito?

Aprisionados ao tecnicismo, não levam em conta nem os regionalismos. Pior: justificam a imposição das regras “cultas” como “únicas aceitas nos exames de avaliação”.

Desta forma, mostram apenas que a única utilidade de se saber, por exemplo, a aplicação do que seja “Oração Coordenada Adversativa Sindética ou Assindética” é uma prova de Vestibular ou de concurso público.

Que importa saber a correta aplicação dos “porquês” senão para responder uma prova? 

No dia-dia, saber isso não tem a menor importância – até por que (olha ele aí?) todas as formas têm a mesma função básica: perguntar, questionar, buscar respostas.

Na comunicação, na vida cotidiana, o que importa é fazer-se entender.

E é isto que propõem os linguistas.

É isto que propõe o livro “Por Uma Vida Melhor”, quando mostra que a expressão do garoto pobre ou do trabalhador sem instrução formal pode ser usada no dia-dia, desde que complemente a compreensão.

Os concurseiros de plantão poderão continuar afiados nas normas cultas, prontos para o próximo vestibular ou aquele concurso público sempre indispensável – até que apareça outro mais indispensável ainda.

No dia-dia porém, a fala se sobrepõe à amarração da regra gramatical.

Fazer-se entender é o que importa…

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A Assembléia Legislativa e a Reforma Política…

Cafeteira com Francisco Dorneles

Os deputados Rogério Cafeteira e Eduardo Braide ( ambos do PMN) são os que mais já demonstraram preocupação na Assembléia Legislativa com o debate sobre a reforma política, em andamento no Congresso Nacional.

Líder do Bloco União Democrática, Braide indicou os nomes para a comissão da Casa que vai acompanhar as discussões. Esta comissão é presidida por Rogério Cafeteira, que já esteve esta semana no Senado.

– Estive com o senador Francisco Dorneles (PP-RJ), com quem troquei impresssões sobre a reforma. Na semana que vem, passarei as informações aos colegas deputados, na tribuna da Assembléia – informou Cafeteira.

Tanto Rogério Cafeteira quanto Eduardo Braide demonstram preocupação, sobretudo, com a questão do voto. No Congresso, algumas correntes defendem a implantação do voto distrital puro; outros, preferem o voto distrital misto.

Braide demonstra preocupação

Para os deputados maranhenses, qualquer uma das idéias pode prejudicar candidatos que tenham votos espalhados por todo o estado, prejudicando a representatividade.

– Por isso é importante a criação da comissão. Acompanhando de perto o que está sendo discutido no Senado e na Câmara, e dando sugestões, a gente terá mais condições de entender e divulgar a reforma política – analisou Eduardo Braide.

Na assembléia maranhense, o assunto ainda está sendo tatado de maneira incipiente, sem muitos debates em plenário.

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Luz no meio da selva…

Por Nonato Reis*

Imagine-se o seguinte cenário. Zona rural, vilarejo encravado no cerne de uma região inóspita. Não mais que 70 casas, a maioria de taipa ou de palha. Longe de rodovias asfaltadas. Apenas uma estrada de chão batido, que submerge no inverno, liga o povoado à sede do município, distante dali cerca de 30 quilômetros. Água, só de cacimba ou de poções – aquelas lagoas que se formam na estação chuvosa. Luz elétrica é novidade recente, e ainda assim acessível a poucos. Serviços de saúde não existem. Telefone, idem. Esgoto sanitário, impensável. Os moradores vivem da pesca artesanal e do cultivo rudimentar de raízes e grãos, à semelhança de uma aldeia indígena.

Agora, acompanhe a cena a seguir. Oito horas da manhã. Um carro de passeio estaciona em frente da única escola do lugar, construída em alvenaria e telha de barro. À entrada do prédio, um grupo de alunos, na faixa de sete a 10 anos, denominado Comissão de Publicidade, aguarda com ar de expectativa a aproximação do visitante ilustre, um jornalista da capital, que vai fazer uma reportagem para um grande jornal. Perfilados, eles dão as boas-vindas ao repórter, dizem que a escola se sente honrada com a sua presença e o convidam a entrar.

Na sala de aula, os demais alunos, dispostos em mesas circulares, cumprimentam-no um a um. Curiosos, querem saber detalhes do seu trabalho. Alguns manifestam-se fascinados pela profissão, outros revelam que, quando crescerem, desejam também se tornar jornalistas. Crivam-no de perguntas. Boquiaberto, o repórter se dar conta de que fora arrastado para o outro lado da mesa. Naturalmente, chegara ali para inquirir, observar, fazer anotações, cumprir o seu ofício. Acabara virando presa fácil. Ele agora era entrevistado, vasculhado…investigado. “Foi a experiência mais inusitada e feliz da minha vida”, revelaria ao chegar à redação do jornal.

Mero deleite? Um roteiro de filme? Uma tomada de novela? Ou viagem imaginária? Nada. Crível ou não, a descrição é real. Ocorreu alguns anos atrás no interior do Maranhão. Resgato essa história para jogar por terra alguns mitos. O mais importante deles, o de que educação é um investimento de longo prazo. Não é bem assim. A menos que a analisemos sob o enfoque do mercado de trabalho. Nesse caso confunde-se o todo com a parte. O lado mais interessante, o do crescimento pessoal, é quase atemporal, tal a velocidade com que as mudanças se processam.

No caso da cena descrita aqui, a escola tinha apenas um ano de existência e já produzia resultados fantásticos, fazendo com que crianças indefesas, medrosas e tímidas rompessem as amarras da ignorância e se tornassem pessoas bem-falantes, desinibidas, perspicazes … Cidadãs no sentido político do vocábulo. Alguém pode estar se perguntando. Mas como foi isso possível? A resposta está na fórmula pedagógica. A escola em foco difere em tudo do modelo tradicional. Em vez de carteiras, mesas. No lugar da abordagem individual, a sistemática de grupo. O professor deixa de ser transmissor e passa a ser mediador. Nada de impor conhecimento. E muito menos discutir realidades estranhas. O foco da aprendizagem está centrado na própria comunidade.

 É de se perguntar, então. Se o método é tão eficiente, por que não disseminá-lo pelo País? Em todo o Brasil há experiências isoladas desse tipo e com resultados igualmente promissores. Acontece que existem entraves históricos pelo caminho. Há uma relação direta entre poder político e educação. Como no Brasil as minorias dominantes foram construídas e se mantêm à custa do atraso e da ignorância das maiorias dominadas, chega a ser irracional imaginar-se que elas se interessem por uma educação de qualidade. Seria como criar-se uma raposa dentro do galinheiro.

Não admira portanto que até hoje o País sustente taxa de analfabetismo absurda. Um em cada cinco cidadãos é analfabeto funcional, aquele que, apesar de saber ler e escrever, não consegue interpretar um texto, por mais simples que se apresente. Representa quase 40 milhões de brasileiros à margem do saber, condenado à ignorância. A escola que forma cidadão e abre janelas para a vida está muito longe do cenário nacional. Pode-se encontrar em raríssimos lugares, alguns até inusitados. Como no coração de uma mata virgem, por exemplo. É que de lá os ecos de mudança não incomodam os ouvidos de Brasília.

Nonato Reis é Jornalista