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Políticos evangélicos fatiam Assembleia de Deus entre candidatos a prefeito

Os anúncios de apoio de lideranças eleitas pela denominação aos que disputam as eleições de São Luís sugere a existência de currais eleitorais religiosos ainda no século XXI; mas falta combinar com o eleitor crente, agora mais consciente de sua liberdade e responsabilidade para além da igreja

 

O uso da bíblia como arma político-eleitoral torno-se forte a partir dos anos 2000; mas a circulação livre de informações na internet acenderam a rebeldia da membresia

Editorial

Nas últimas semanas, pelo menos três anúncios de apoio de lideranças políticas aos que disputam a Prefeitura de São Luís repercutiram na mídia envolvendo a igreja Assembleia de Deus, maior denominação evangélica da capital maranhense.

Foi assim no apoio da senadora Eliziane Gama (Cidadania) ao deputado federal Rubens Pereira Júnior (PCdoB).

Foi assim no anúncio de que o secretário de Articulação Institucional e pastor, Enos Ferreira, entraria na campanha de Duarte Júnior (Republicanos).

E foi assim também ao se repercutir a aliança da deputada estadual Mical Damasceno (PTB) ao colega de Assembleia Neto Evangelista (DEM).

Em comum, Eliziane Gama, Enos Ferreira e Mical Damasceno têm o fato de ser lideranças políticas vinculadas histórica e organicamente à Assembleia de Deus, com licença para atuar politicamente usando a condição de membro da igreja e com forte influência interna na membresia.

Juntam-se a eles o deputado federal Pastor Gyldenemir (PL) e o ex-candidato a vice-prefeito de São Luís, Pastor Fábio Leite (Podemos), que já haviam declarado apoio ao candidato Eduardo Braide (Podemos).

Obviamente que tanto Braide quanto Rubens Júnior, Duarte Jr. e Neto Evangelista exploraram midiaticamente o fato de que os apoiadores levavam consigo uma fatia da AD, cada um com sua influência em um setor da igreja.

Mas isso significa que a igreja está dividida em quatro partes?

Alguém combinou com o eleitor vinculado à igreja?

Algumas das lideranças políticas da Assembleia de Deus reunidas e seus pastores: espaço de poder a partir do controle eleitoral de membros da igreja

Ao longo dos seus 14 anos de existência – sendo o mais antigo em atividade no Maranhão – o blog Marco Aurélio D’Eça sempre criticou o uso das denominações religiosas e a manipulação de crentes em proveito político. (Relembre aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e também aqui)

Mas a despeito das críticas os líderes evangélicos continuara avançando, e perceberam no setor político um filão de troca de favores que levaria ao poder, não apenas institucional, mas também político.

O resultado disto são posts como os que revelaram a profusão de capelães nas forças policiais do Maranhão, algo inédito em toda a história do Brasil – em troca, obviamente, de poder político aos grupos estabelecidos.

Para reforçar esta crítica e pela liberdade de escolha do cristão-evangélico, este blog criou até o termo “coronelismo gospel”, hoje usado com frequência na mídia. (Relembre aqui e aqui)

E agora em 2020, mais uma vez, a religião se envolve na política; e a política usa a religião para angariar votos.

Mas e daí que Eliziane Gama seja a política mais bem sucedida da história da Assembleia, ocupando mandato de senadora da República?

E daí que Pastor Gyldenemir ou pastor Fábio Leite sejam líderes influentes na denominação, com capacidade de liderança da membresia?

E daí que Enos Ferreira seja coordenador da União de Mocidade da Assembleia de Deus em São Luís?

E daí que Mical Damasceno seja filha do presidente estadual das Assembleias de Deus no Maranhão?

Todos eles têm direito de manifestar suas preferências políticas e reivindicar espaço de poder como qualquer cidadão.

O que não pode – e nem deve ser permitido – é que seus lugares-de-fala sejam usados para manipular a consciência dos membros da igreja em proveito próprio ou de outrem, e com anuência dos próprios pastores.

E é por isso que a juventude, os mais esclarecidos e os líderes progressistas dessa denominação precisam se manifestar pela liberdade de escolha do eleitor evangélico. (Entenda aqui e aqui)

Não importando o que pensam o seus líderes…

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Evangélicos rejeitam coronelismo gospel na Assembleia de Deus…

Formada hoje por uma geração de jovens mais esclarecida e preparada, denominação vê criticamente a tentativa do pastor José Guimarães Coutinho de impor “voto de cabresto” à igreja

 

A Bíblia e o voto devem ser questões pessoais

A Bíblia e o voto devem ser questões pessoais

O segmento evangélico de São Luís reagiu com indignação ao manifesto assinado pelo presidente da Igreja Assembleia de Deus, pastor José Guimarães Coutinho, que impõe o “voto de cabresto” no prefeito Edivaldo Júnior (PDT).

Espécie de coronel gospel, há 20 anos no comando da AD, Coutinho tenta reviver uma prática já condenada pelos próprios fieis da igreja: a transformação dos templos em curral eleitoral

E a reação de internautas ao post “Para impedir derrota, Edivaldo apela para o coronelismo gospel…” mostra o avanço da juventude evangélica contra lideranças que insistem em manter práticas ultrapassadas.

O comentarista Magno Lanois, por exemplo, prega a liberdade dos membros para escolher seus candidatos a cargos eletivos.

– Os membros da Assembleia de Deus são livres pra votar pra quem achar melhor – afirmou Lanois.

Para a leitora identificada por Ana, a ação é uma “apelação do prefeito Edivaldo”.

Leia também:

Evangélicos no centro do debate eleitoral…

A chantagem covarde e criminosa das religiões no Brasil…

A força dos evangélicos…

Pastor Coutinho tenta conduzir o voto na Assembleia de Deus; fieis rejeitam

Pastor Coutinho tenta conduzir o voto na Assembleia de Deus; fieis rejeitam

Em seu manifesto pró-Holandinha, pastor Coutinho explora ao limite o chamado “voto de cabresto”, ao impor aos membros não apenas a opção pelo pedetista – que tem um comunista como vice – mas também a obrigação da busca por outros votos.

– Pedimos a todos o seus membros e congregados que votem e conquistem outros votos para conduzirmos o servo do Senhor à vitória – declarou o presidente da AD.

Maior denominação evangélica de São Luís, a Igreja Assembleia de Deus vem passando, ao longo dos últimos 20 anos, por uma forte renovação, com a chegada de jovens mais esclarecidos e mais preparados, inclusive espiritualmente, o que também forçou a mudança de paradigmas na questão política.

Na contramão deste processo, a cúpula da igreja insiste em manter velhas práticas, inclusive na formação de novos líderes, da mesma forma como fazia há 30, 40 anos atrás.

O resultado é uma forte dicotomia entre o que tentam impor os pastores e o que realmente querem – e pensam – os membros da igreja.

E a rejeição ao manifesto do “coronel gospel” José Coutinho é um exemplo desta mudança na Assembleia de Deus.

Mudança salutar para todo segmento evangélico…