Por Reinaldo Trinta e Heleudes Trinta Bogea*
No ultimo dia 02 deste mês comemorou-se muito o dia do samba, na verdade uma grande conquista e oportunidade de se conhecer um pouco das origens e evolução do samba.
Antes de tudo, é necessário citar que São Luís e Rio de Janeiro têm mais em comum do que você pensa, ou seja, ambas possuem um dom natural e mágica no mundo cultural da boemia, além da nossa irmã Salvador, da Bahia de Todos os Santos. Pena que poucos sabem disso, pois muitos grandes bambas e boêmios já nos deixaram. Hoje, São Luís já não vive mais os tempos áureos da Atenas Brasileira, onde muitos culturistas da poesia e demais artes, como a música de roda e outros, especialmente do Rio e Salvador, aqui na Praia Grande buscavam natural e boêmia inspiração. Entre uma toada e outra, nos contos de Zé Urubu acompanhado por S., M.R. e RJ Saldanha, aleijadinho roubava uma cana, depois um relógio.
Nas Zonas, os nobres curtiam as lindas damas das noites, com seus veludos vestidos de arrastar ao chão. Deu até morte de um tenente Marinho, o valentão das noites.
Um dos grandes músicos e compositores – o nosso João do Vale coadjuvado pela Marrom, o primeiro, mesmo não sendo um nato sambista, trazia muitos artistas, em sua maioria pessoas que tinham o samba no pé, a exemplo de Maria Bethânia. Muitas dessas formas de relacionamento e intercâmbio cultual São Luís/ Rio, aproximaram muito as duas cidades, claro que a Globo também muito contribuiu com suas exibições novelísticas, além da falta de bairrismo do nosso povo e ausência da cultura típica nordestina no nosso sangue. Na verdade em minha concepção, já deveríamos pertencer a uma novel Região, o Meio-Norte, ao lado do Pará e Piauí, mas isso é outra história.
Como prova dessa cultura carioca em nossas veias ludovicense, não estou criticando, do contrário foi, e, é muito salutar cultuarmos a vida da famosa malandragem, dos mais simples botecos, como o do seu Rui, na Praia Grande dos famosos encontros de Rubem Ferro, Heitorsinho Moreira Lima e Augusto Mocinha, do Carnaval de Segunda do Laborarte, passando pelo Baixo Leblon até chegar à mocinha e restaurada velha Lagoa da Jansen, parecida coma Rodrigo de Freitas, não?Aliás, RJ e SL são as únicas capitais do Brasil, ao lado de Belô, com lagoas destacadas e como exuberantes pontos turísticos.
Até mesmo as mazelas de lá são as de cá, as famosas favelas, lá vertical, aqui horizontal, até porque não temos morros, umas poucas diferenças que temos, as famosas invasões. E olha a evolução às avessas, fomos a primeira capital em que o crime organizadoimplantou o sistema de facções com os mesmos requintes criminógenos, e modus operandida irmã cidade maravilhosa. Ah, não ficamos para trás, somos a ilha mais bela do Brasil. Se lá tema mágica Guanabara, por cá a encantada Baía de São Marcos, e ainda de sobra a do Arraial e de São José. Se lá teve Braguinha, aqui um Rei – o Rei dos Homens. Na mesma época que despontou o Funk, aqui sobressaiu o Reaggue.
Mas sim, prosseguindo mesmo, vejam a nossas raízes culturais, dos negros, com seus principais instrumentos, que não eram de corda não, mas sim de percussão que prova aquilo que no inicio aferi. O bumba-boi e especialmente o crioula aqui, enquanto o dito sambinha lá e rebolado em Salvador desenvolveram as raízes em comum da cultura negra e de guetos, quase que uma obrigação dos artistas passarem por esse estágio. Naqueles -bons tempos – da boemia da cidade surgiram as escolas de samba, uma cópia autentica das briosas do Rio. Ou será que o velho parente Joaozinho Trinta quem levou daqui para lá essa carta na manga?Este foi sem dúvida o maior carioca dos maranhenses, muito ensinou ao povo de lá.
Também nosso sotaques carnavalescos da baixada dos pandeirões ocidental maranhense, influenciou a baixada fluminense, caracas, até rimou! Não estava no script. Apesar desse ritmo ter se fincado mesmo nos blocos de rua do mais antigo, Bola Preta e a Banda de Ipanema. Pois é, assim como a maioria do nosso povo, eles também não sabem disso.
Nestes breves relatos quero parabenizar o Samba autêntico. Também estas duas cidades, ambas mágicas e maravilhosas, moleque tu é doido! Também até as iniciais qualitativas coincidem. – Obrigado às letras por me ajudarem! Porém, não podia, mesmo que em causa própria pareça, aproveitar o ensejoso dia para destacar nosso poeta maior, cronista, menestrel da música, mestre, jornalista, sambista, compositore folclorista Lopes Bogea, meu sogro – pra os íntimos, que além ser um amante da cultura local, ao lado de Antônio Vieira, demonstraram com clareza aos temas mais simples e importantes da cultura Maranhense, expressou os pregoeiros da cidade, hoje quase que esquecidos.
Escreveu muitos livros, lançou e colaborou para o sucesso de muitos artistas maranhenses e também de outras Praias. Era frequente na sua casa de número 01 da famosa Rua do Riachuelo, no cultural bairro do João Paulo, receber visita de artistas cariocas e de outras partes do Brasil para umas boas prosas ou batucadas, ou seja, para se aconselharem, a exemplo de Emílio Santiago, Ari Lobo, Noite Ilustrada, Genival Lacerda e tantos. Sem falar nos genuínos, como, Zeca Baleiro, seu João Carlos Nazaré mestre eterno e de honra da Banda da PM, João do Vale e outros.
O comendador Lopes Bogea, sem dúvida viveu feliz os melhores dias da cultura nesta cidade, sempre generoso, queria por tudo ver nossos artistas crescerem, mesmo que tivesse que se sacrificar, preferia o amor ao próximo. Acredito que o Maranhão, apesar de algumas comendas lhe concedidas, inclusive sendo este Membro da Cadeira 32 da Academia Maçônica de Letras, ainda deve a este autêntico conterrâneo um maior e justo reconhecimento. Já que este fora reconhecido por outras instituições de outros Estados ao ser condecorado com a comenda de honra da Aeronáutica – Pai da Aviação, por ter sido o autor da letra do hino do centenário de Alberto Santos Dumont, assim como tendo ganhado na música “Romaria”, o Festival Internacional de Corais do Rio Grande do Sul em anos passados, representado pela Universidade Federal do Maranhão.
Ah, só pra ilustrar nosso apreço pela cidade maravilhosa e São Luís, e em razão de termos tanta observância entre as cidades, não acredito em consciência,venho ressaltar que este humilhe cronista esteve em contato com a cultura do Rio de Janeiro e, de forma despretensiosa,fez pesquisas in loco sobre as alusivas interpretações culturais. Ano passado, tive a honra de passar por um curso de formação na Escola Superior da PMERJ e inspirado por membros da corporação militar do Rio, pude vê de perto as semelhanças. Coincidência ou não,como o poeta dizia: “Obrigado Salgueiro, pela sua exaltação.
Foi a primeira escola de samba a falar do Maranhão…”(música de agradecimento de Lopes Bogea ao Salgueiro de Joãozinho Trinta, na época, por este ter retratado no enredo, a cultura maranhense, sagrando-se campeã carioca do desfile em 1975).
Por fim, aguardem, depois teremos mais histórias em comum…
*Reinaldo é bacharel em Segurança Pública – Oficial da PMMA, também apaixonado pela cultura Brasileira.
*Heleudes é veterinária da AGED/MA, instituidora do futuro Instituto Cultural Lopes Bogea.
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