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A droga do Estado, a droga do Witzel a droga de cada um…

A consciência de cada cidadão que consome drogas ilícitas deve pesar na avaliação do quanto contribuem para mortes como as da menina Ágata; mas o estado tem o dever de avaliar se a liberação dessas drogas não reduziriam a zero o poder do tráfico

 

 

ANTES DE SILENCIAR DIANTE DA MORTE DA MENINA ÁGATA, MUITA GENTE VIBROU COM WITZEL quando da morte do sequestrador da ponte

 

Por Reinaldo Azevedo, com ilustração deste blog

Wilson Witzel (PSC), governador do Rio, quer prender a audiência num falso dilema: ou as pessoas estão com ele e com sua política de segurança pública homicida ou, então, estão com o narcotráfico.

E, nesse caso, consegue sacar um argumento que tem, sim, relevância moral para colocá-lo a serviço do infanticídio, que força as portas do bom senso para ganhar o status de fatalidade e dano colateral no combate ao narcotráfico.

Não! Eu e, se me permitem, as pessoas decentes nem estamos com Witzel nem com o narcotráfico.

Também não nos alistamos nas fileiras das milícias, senhor governador. Quero aqui tratar do tal argumento de relevância moral que ele julgou, certamente, ter sido a sua grande sacada na entrevista coletiva desta segunda-feira.

Sim, eu acho que os consumidores de drogas ilícitas têm o dever de se perguntar se não estão colaborando para o poder do narcotráfico, que sequestra comunidades inteiras e as expõe a uma rotina de insegurança permanente e episódios de violência crua.

Mais: o narcotráfico também alicia crianças e jovens e os torna funcionários de sua aventura a um só tempo suicida e homicida.

Não acho que sejam desprezíveis eventuais contra-argumentos a essa constatação objetiva.

O poder do narcotráfico – e, de modo distinto, o das milícias – se dá num ambiente de Estado ausente, de desesperança, de pobreza. Oferecem supostas saídas a quem, em regra – e as exceções a confirmam – não têm nada e sabem que nada terão.

Mais: é preciso questionar, embora a resposta óbvia me pareça falaciosa, se a legalização das drogas ilícitas não reduziria a quase nada o poder do narcotráfico, uma vez que sua força está na clandestinidade. Continue lendo aqui…

Publicado originalmente sob o título “Witzel consome as drogas da truculência e do Estado homicida. E a gente?”