Família vai pedir reconstituição de afogamento de Maldine na piscina da Rosana

Contradições nos depoimentos das testemunhas já ouvidas pela polícia e a falta de imagens que mostrem o exato momento da presença do jornalista na área de banho da casa noturna – com as supostas tentativas de salvá-lo – levaram os advogados que representam seus familiares a peticionar pela reprodução fiel dos últimos momentos que antecederam sua morte

 

O jornalista Maldine, de 1,80m morreu afogamento nesta piscina da Rosana Drinks, que deve ter 1,40m segundo norma da ABNT

Os familiares do jornalista Vinícius Maldine Vieira, 29 – morto por afogamento na piscina da casa noturna Rosana Drinks – vão pedir esta semana à Polícia Civil a reconstituição dos últimos momentos de sua vida; para os advogados que acompanham a investigação, há pelo menos três pontos que precisam ser esclarecidos na morte do jornalista:

  • Apesar de claramente montados para dizer a mesma coisa, os depoimentos das testemunhas apontam contradições entre si;
  • Não há imagens disponíveis do exato momento em que Maldine se afogou na piscina da Rosana e das supostas tentativas de salvá-lo.
  • o tempo que o policial Militar Anderson Campelo diz ter usado para tentar tirar o jornalista da piscina contradiz o relógio das imagens.

Na semana passada, a família de Maldine já havia decidido que acionaria judicialmente a dona da boite, Rosana Rodrigues, pelo afogamento de Maldine, baseada no laudo que apontou morte por afogamento e na certidão do Corpo de Bombeiros, que notificou a empresária por funcionar sem os equipamentos e licenças necessárias.

Mais um fato novo surgiu a partir do depoimento do PM Campelo à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Pelo que ele falou – praticamente o mesmo que outras testemunhas oculares do afogamento – o tempo usado para tentar tirar Maldine da piscina teria superado os 5 minutos, uma verdadeira eternidade para uma ação deste tipo; por isso a necessidade de imagens da área de banho.

De acordo com a norma NBR10339:2018, da Associação Brasileira de Normas Técnicas, a piscina residencial deve ter profundidade máxima de 1,40m em sua área mais funda.

Não há informações técnicas disponíveis sobre a profundidade da piscina da Rosana e se o equipamento segue a ABNT; é pouco lógico que um homem acima de 1,80m, como Maldine, tenha passado mais de cinco minutos se afogando sem possibilidade de salvamento em uma piscina com 1,40m.

A norma NBR10339:2018 da ABNT também estabelece as regras para uso de piscinas em áreas públicas, como é a Boite Rosana – embora ela tenha tentado dizer aos Bombeiros tratar-se de uma residência.

Por todos esses aspectos – e apesar das tentativas de culpar a própria vítima pelo afogamento – a família entende que a história da morte de Vinícius Maldine Vieira ainda não está esclarecida.

E vai até às últimas consequências para esclarecê-la…   

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Caso Maldine: vídeo editado tenta culpar a própria vítima…

Imagens divulgadas no fim de semana – claramente de interesse de Rosana Rodrigues, Saymon Aquino e Bruno Campelo, vistos ainda como testemunhas – deixa fortes lacunas e abre questionamentos importantes para elucidação da morte do jornalista, ocorrida há duas semanas; a pedido deste blog Marco Aurélio d’Eça policiais, advogados e especialistas em segurança assistiram ao vídeo. A conclusão é unanime: “há muito a ser explicado”

 

Análise da Notícia

Vazado no fim de semana, um vídeo com o que seriam “os últimos momentos do blogueiro Maldine Vieira” levantou ainda mais suspeitas na morte do jornalista, ocorrida no último dia 1º de maio, na piscina da casa noturna Rosana Drinks.

Claramente editado e legendado para corroborar a narrativa que aponta a vítima como culpada da própria morte, e para casar com os depoimentos das três principais testemunhas – a dona da boite, Rosana Rodrigues, o empresário Saymon Aquino e o policial militar Bruno Campelo  – o vídeo deixa fortes lacunas.

Pior: as imagens se chocam frontalmente com as próprias legendas e com os depoimentos dessas três testemunhas, que, curiosamente, têm o mesmo advogado.

Está claro no vídeo – de mais de 17 minutos – que há imagens ocultadas, muitas das quais fundamentais para o esclarecimento do caso; não há dúvida, também, de que o conteúdo, da forma como foi divulgado, tenta responsabilizar só Maldine pelo seu fatídico dia.

Este blog Marco Aurélio d’Eça analisou o vídeo nesta segunda-feira, 13, o que gerou vários questionamentos:

  • 1 – o que ocorreu atrás daquele armário no bar?!? Com quem Maldine brigava e com quem Saymon falava?!? Havia outra pessoa ali, além de Maldine?!?
  • 2 – por que aquela moça chorava dentro do bar?!? O que ocorreu para ela chorar? O que tanto ela olhava e botava a mão na cabeça, em contrito?!?
  • 3 – por que não foi apresentada nenhuma imagem do jornalista na piscina, que comprovasse a narrativa apresentada pelas testemunhas?!?
  • 4 – por que não há imagens mostrando como e quem tirou Maldine Vieira da piscina e qual o estado do jornalista neste momento?!?

Saymon faz estranho gesto de mão estendida enquanto mulher observa o que seria briga entre Maldine e alguém que não aparece nas imagens

O vídeo foi encaminhado também a policiais, advogados e especialistas em segurança com os quais este blog Marco Aurélio d’Eça mantém contato pessoal; Ponderando-se opiniões de cada um – e as suas idiossincrasias – a conclusão é unânime: “há muito a ser explicado”.   

Até agora, há uma clara tentativa das três principais testemunhas – Rosana Rodrigues, Saymon Aquino e Bruno Campelo – de usar setores da mídia para construir uma narrativa apontando que Maldine Vieira morreu por overdose e que eles fizeram tudo para salvá-lo.

O problema é que, a cada narrativa apresentada com este objetivo, mais dúvidas surgem.

E mais suspeitas se levantam…

Imagens do dia: Bombeiros autuam boite Rosana…

Militares da Diretoria de Atividades Técnicas estiveram nesta quarta-feira, 8, na casa noturna em que o jornalista Maldine Vieira morreu afogado na semana passada, após cair (ou ser jogado) na piscina, onde não existem seguranças ou pessoal de apoio para auxiliar em eventuais resgates, além da ausência das licenças para funcionamento; proprietária tem prazo de 30 dias para adequar o estabelecimento, sob pena de ser fechada

 

Embora em área residencial, mansão adquirida pela Rosana Drinks funciona como casa noturna, mesmo sem as licenças necessárias

Os bombeiros detectaram irregularidades, inclusive ausência de pessoal para resgate na área de piscina, o que cooperou para a morte de Maldine

A mansão da empresária Rosana Rodrigues Costa, mais conhecida por Boite Rosana, onde o jornalista Maldine Vieira morreu afogado após cair ou ser jogado na piscina, funciona sem os devidos instrumentos e pessoal de segurança e apoio, além da ausência de licenças para funcionamento como casa noturna; foi o que constatou vistoria da Diretoria de Atividades Técnicas (DAT) do Corpo de Bombeiros, realizada nesta quarta-feira, 8.

De acordo com o que apurou o blog Marco Aurélio d’Eça, Rosana tentou justificar que a casa é uma residência, embora receba clientes 24 horas por dia – o que obrigaria a obtenção de Alvará com CNAE próprio, Licença da própria DAT, da Secretaria de Meio Ambiente e da Delegacia de Costumes.

A notificação do CBMMA com a autuação assinada por Rosana Rodrigues, que tem 30 dias para se adequar às normas exigidas para funcionamento

Faltam na casa também os equipamentos necessários para a obtenção das licenças – extintores, sinalização, luz de emergência – e pessoal apropriado, como bombeiros civis, seguranças e, principalmente, pessoal de apoio para resgate na área da piscina.

Foi exatamente pela ausência de gente qualificada na casa que Maldine acabou morrendo por afogamento, segundo o laudo do IML e conforme este blog Marco Aurélio d’Eça registrou no post “Maldine foi jogado na piscina, garante testemunha…”.

Orientada por advogados, Rosana disse aos bombeiros que vai “mudar a finalidade casa, para a de restaurante”.

Para se adequar à lei, a casa noturna tem prazo de 30 dias…

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As três peças-chave na morte de Maldine Vieira…

Alvo de denúncias no blog do jornalista, o empresário Saymon Aquino o conheceu na noite anterior ao afogamento e foi o responsável por levá-lo à boite Rosana, para onde chamou também o policial militar Bruno Campelo; Outra peça, esta conhecida apenas por Alan – que levou Vieira à UPA do Araçagy – diz que Campelo esteve na piscina, onde a vítima se debatia, enquanto Aquino se divertia em uma mesa, com outras 10 pessoas

 

Saymon Aquino conheceu Maldine na terça-feira, 30, e o levou para a Rosana no clarear da quarta-feira, 1º

Desaparecido desde a última quarta-feira, 1º, quando veio à tona a morte do jornalista Maldine Vieira, o empresário Saymon Aquino é uma das peças-chave para desvendar o mistério em torno do afogamento, que ocorreu na casa de prostituição Boite Rosana.

Este homem só conheceu Maldine na noite anterior ao afogamento, mas foi personagem frequente em matérias do jornalista em 2023.

Uma rápida pesquisa deste blog Marco Aurélio d’Eça no blog Maldine Vieira, ainda disponível na internet, encontrou quatro posts:

Ainda durante o velório, na quinta-feira, 2, amigos próximos a Maldine Vieira relataram a linha do tempo desde a aproximação entre o jornalista e o empresário até o desfecho trágico, com a sua morte na piscina da boite Rosana.

  • o grupo de jornalistas se encontrava no Quatro Bar, na Península, ocasião em que Maldine Vieira fora apresentado a Saymon Aquino;
  • desde o início da noitada, Aquino tentava levar o jornalista para a Rosana, mas enfrentava resistência dos demais presentes;
  • diante do estado alterado de Maldine, alguns chegaram a propor levá-lo em casa, mas Saymon Aquino sempre os impedia;
  • os dois deixaram a Península ainda de madrugada, sozinhos, no carro do empresário, em direção à  Boite Rosana.

A partir daí os relatos se parecem com os já divulgados pela imprensa, desde a morte do jornalista:

  • Symon Aquino e Maldine Vieira chegaram à boite Rosana entre 5h30 e 6h da manhã, com Maldine já em contato com uma das garotas da casa, com quem ficaria;
  • a convite do empresário, seu amigo policial militar Bruno Campelo, a segunda peça-chave, os encontrou já na casa, vindo de um plantão na PMMA;
  • sentindo-se mal, Maldine subiu a um dos quartos ainda pela manhã, e só desceu – já alterado – por volta do meio-dia, em crise psicótica;
  • o jornalista foi à piscina pouco antes das 14h; cerca de 10 pessoas bebiam na casa, entre elas a própria Rosana.
O PM Bruno e colegas  se divertindo pouco antes da tragédia com Maldine

O vídeo que ilustra este post mostra Bruno Campelo na Rosana, em estado de euforia, pouco antes do desfecho trágico. 

Há um outro personagem, chamado Alan – a terceira peça-chave – que já foi ouvido por alguns jornalistas; este cidadão, responsável por levar Maldine à UPA do Araçagy, dá uma versão para o caso totalmente diferente das pessoas já ouvidas, tanto pela imprensa quanto pela polícia.

Segundo Alan, quando Maldine Vieira estava na piscina, o PM Bruno Campelo esteve com ele e deixou o jornalista se debatendo; Symon permaneceu bebendo, indiferente, assim como as outras cerca de 10 pessoas na casa.

Foi Alan quem retirou o jornalista da piscina, já desfalecido, e o levou para a UPA; coube a Rosana comunicar a situação a um dos amigos de Maldine, mas com a recomendação de que o pai – o também jornalista Marcelo Vieira – “não deveria ficar sabendo.”

A notícia sobre a morte de Maldine Vieira começou a se espalhar a partir das 14h30 do feriado de quarta-feira, 1º. Saymon Aquino, Bruno Campelo e Rosana chegaram a ser ouvidos por jornalistas, e deram versões diferentes para o episódio.

E desde que a polícia iniciou as investigações, Aquino tomou rumo ignorado…