Incensado como candidato a presidente, governador maranhense já analisa como melhor opção disputar a vaga do senador Roberto Rocha, para manter o grupo mais orgânico da sua base no comando do estado por mais quatro anos
Os últimos movimentos políticos deste final de 2019 apontam para uma reanálise de estratégias do governador Flávio Dino (PCdoB).
O comunista não pretende antecipar o debate sobre sua sucessão, mas começou a entender que precisa demarcar território como liderança do seu grupo.
Em 2020 e também em 2022.
Em conversas com interlocutores privilegiados do Palácio dos Leões, o blog Marco Aurélio D’Eça apurou que o governador não pretende desestimular os que querem vê-lo candidato a presidente, mas já chegou à conclusão de que deve manter uma espécie de reserva de mercado para 2022.
Nas entrevistas pontuais da semana passada, Dino exaltou três lideranças mais leais do seu grupo político: o prefeito Edivaldo Júnior (PDT), o secretário de Cidades Rubens Pereira Júnior (PCdoB) e o vice-governador Carlos Brandão (PRB).
E os três surgiram logo depois, coincidentemente, em posts de blogs e comentários de programas de rádio como opções da preferência do Palácio dos Leões, tanto para 2020 quanto para 2022.
Roseana e José Reinaldo
O Flávio Dino de 2022 pode repetir a ex-governadora Roseana Sarney de 2002.
Naquela época, Roseana era nome de peso na sucessão do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tinha um vice – José Reinaldo Tavares – que iria assumir o mandato de governador e um adversário fortíssimo para o Governo do Estado, o então prefeito de São Luís, Jackson Lago (PDT).
Abatida por uma denúncia que visava tirá-la do páreo presidencial, Roseana voltou-se para a eleição estadual, candidatou-se ao Senado, elegeu-se com votação expressiva e conseguiu vitória surpreendente de José Reinaldo sobre Jackson Lago, em primeiro turno, após o então governador superar uma diferença de nada menos que 45 pontos percentuais em favor do pedetista.
Em 2022, Dino estará na mesma situação: terá uma vaga de senador teoricamente disponível, um vice que pode assumir e se viabilizar governador – tendo, por exemplo, Edivaldo ou Rubens como vice – e um pedetista, senador Weverton Rocha, jogando todas as fichas pelo Governo do Estado.
Após eleger José Reinaldo – e mesmo rompendo com este – Roseana voltou e se elegeu mais duas vezes governadora do Maranhão; senador, Dino pode fazer o mesmo caminho já a partir de 2026, quando Brandão, caso se reeleja, não poderá mais concorrer ao governo.
Os últimos dias de 2019 têm sido pródigos em evidenciar movimentos demarcando estrategicamente o terreno de 2020.
E todos esses movimentos terão forte influência no cenário de 2022.
E até no de 2026…