Em 2010, Dino pede para repetir beijinho em Roseana
A reação agressiva do jornalista Márcio Jerry, presidente do PCdoB, às declarações do senador José Sarney sobre a nomeação de Flávio Dino para a Embratur – logo Márcio, que vive defendendo campanha sem agressão (?) – mostrou que a histórica relação de Dino com Sarney é um assunto que deixa o comunista sem argumentos.
E os seus claramente irritados.
Em entrevista à TV Guará, Sarney revelou que tinha o poder de veto à nomeação de Flávio Dino para a Embratur, mas deu o “de acordo” à presidente Dilma Rousseff (PT).
– Disse que não ia vetar um maranhense para cargo algum em Brasília. Depois de nomeado, Flávio Dino foi me agradecer na minha casa – revelou Sarney. (Leia aqui)
Mas a relação de Flávio Dino com Sarney é bem mais antiga que esta nomeação para a Embratur – infelizmente agora alvo de investigação do Tribunal de Contas da União – e perpassa, inclusive, a convivência de infância, quando o pai de Dino era um dos principais aliados de Sarney, aliás, como permanece até hoje.
Primeira tentativa para prefeito
O titular deste blog foi partícipe de uma dessas articulações ainda em 2004, quando Dino ainda era juiz federal.
Naquele dia, uma tarde de fevereiro ou março, o jornalista, então repórter de Política de O EstadoMaranhão, foi chamado à redação para uma entrevista com Flávio Dino, que iria anunciar ali, sua pretensão de disputar a prefeitura naquele ano pelo PT.
Assim como Roseana, Gastão Vieira declarou apoio público a Dino em 2008
A entrevista foi feita e publicada na edição de domingo de O Estado.
Dino pretendia deixar a magistratura naquele ano, mas sua pretensão de ser candidato – com apoio de próceres petistas como a então deputada Helena Barros Heluy, o ex-presidente petista Washington Oliveira e o hoje presidente da FUMC, Chico Gonçalves – foi bombardeada por ninguém menos que o deputado Domingos Dutra (hoje nas hostes dinistas).
Dutra espalhou no Maranhão que Dino iria se apropriar do PT, com apoio de Sarney, para chegar ao poder.
Resultado: a anunciada candidatura de Dino foi abatida no nascedouro, por um de seus principais aliados hoje.
Até há alguns anos atrás, o próprio Dino dizia ao titular deste blog que guardava a entrevista em seu gabinete em Brasília. Entrevista esta disponíveis nos arquivos do jornal, para quem quiser comprovar.
O tempo passou, e Dino só consolidou sua entrada na vida pública, em 2006, por intermédio de um ex-sarneysista, José Reinaldo Tavares (PSB), que praticamente comprou para o novo aliado um mandato de deputado federal.
Prefeitura outra vez
Em 2008, Flávio Dino entra na disputa pela Prefeitura de São Luís, contra João Castelo (PSDB), que tinha o apoio do então governador Jackson Lago (PDT).
O comunista chegou a agendar uma reunião com a então senadora Roseana Sarney (PMDB) que foi abortada por que o também então candidato Raimundo Cutrim (DEM) – hoje no mesmo PCdoB de Dino – revelou o encontro no horário eleitoral, contada por Roberto Kenard, em seu blog. (relembre aqui)
A aliança Dino/Roseana mereceu, inclusive, artigo do renomado jornalista e professor Ed Wilson Araújo, que em texto reproduzido pelo não menos renomado Walter Rodrigues, exortou a satanização da aliança pelos jackistas de plantão no governo. (Leia aqui)
Mesmo assim, Roseana Sarney declarou voto em Flávio Dino nas eleições de 2008, num gesto criticado como erro estratégico até pelos seus próprios aliados, que preferiam o apoio a Castelo.
Em 2010, Flávio Dino disputou as eleições de governador. E teve papel fundamental para a vitória de Roseana Sarney no primeiro turno, ao desqualificar a candidatura de Jackson Lago, espalhando no interior que o pedetista não poderia ser candidato por que havia sido cassado um ano antes.
Durante o debate entre os candidatos, uma cena antológica, registrada assim pelo saudoso Décio Sá:
– Após o debate de ontem os candidatos Flávio Dino (PCdoB) e Roseana Sarney (PMDB) se cumprimentaram. Trocaram beijinhos. O comunista , inclusive, insistiu num segundo beijo. “É porque eu e ele nos damos muito bem – disse ela, após o programa diante da provocação dos repórteres. (Releia aqui)
Como se vê, a relação de Flávio Dino com os Sarney não começou apenas com a indicação do comunista à Embratur – e nem se resume a uma amizade familiar de infância – mas perpassa pela questão política e pelas disputas de poder no Maranhão.
O comunista Márcio Jerry, portanto, pode até continuar a chamar Sarney de “velhaco, mentiroso”, numa agressão covarde e desmedida.
Mas os fatos sempre darão razão ao senador.
E contra eles, não há argumentos…
Curtir isso:
Curtir Carregando...