Raul José Goulart Júnior, titular da Vara Especial Colegiada de Crimes Organizados solicitou ao Departamento de Sistemas de Informação do Tribunal de Justiça averiguar em que circunstância se deu o acesso de Pablo Fabian Almeida Abreu aos autos do processo que investiga o esquema da plataforma de jogos e suas ligações com influenciadores digitais, numa medida que só veio à tona, agora, após nova operação da Polícia Civil e da denúncia ao Tribunal de Justiça contra a própria VECCO
Uma decisão do juiz Raul José Goulart Júnior, titular da Vara Especial Colegiada de Crimes Organizados (VECCO) expõe que as suspeitas de vazamento da investigação do caso envolvendo a plataforma Fortune Tiger, o jogo do Tigrinho – e suas relações com influenciadores digitais – vinha ocorrendo desde o ano passado.
Em 20 de fevereiro, a Polícia Civil do Maranhão desencadeou a terceira fase da operação “Quebrando a Banca” para prender os pais da influenciadora Skarlete Mello – já presa no mesmo processo – e vários advogados, suspeitos de vazar informações, na investigação que começou em 2023, após denúncia do deputado estadual Dr. Yglésio Moyses contra a plataforma do Tigrinho.
Na semana passada, o advogado Aldenor Cunha Rebouças Júnior denunciou a VECCO ao Tribunal de Justiça por “gestão criminosa” do sistema de sigilo, em documento que envolve também o atual desembargador Ronaldo Maciel, ex-titular da vara; só após o levantamento do sigilo do caso, descobriu-se já haver um pedido de auditoria do titular da própria Vara.
Em 19 de janeiro, por intermédio do documento OFC-VECCO-62024 o juiz Raul José Goulart Júnior encaminhou ao Coordenador do Sistema de Informação do Tribunal de Justiça Antonio Sá Fernandes Palmeira Filho uma solicitação de auditoria no processo nº 0868675-23.2023.8.10.0001 , que, segundo o próprio magistrado apresentava indícios de que uma de suas decisões “tenha tido seu sigilo comprometido”.
O pedido de auditoria do juiz da VECCO só veio à tona após o levantamento do sigilo do processo do Tigrinho, numa espécie de antecipação à determinação do desembargador Vicente de Castro, relator da denúncia de Aldenor Rebouças e que deferiu parcialmente a liminar “para determinar que a corrigente, por intermédio de seu advogado legalmente constituído, tenha imediato acesso aos elementos e às diligências concluídas, que se encontrem acostados nos autos (…)”.
Em outras apalavras, é possível entender que o juiz da VECCO livrou a própria pele com o pedido de auditoria ao TJ-MA agora tornado público.
Ainda há as ações contra o desembargador Ronaldo Maciel e contra os delegados do caso Tigrinho.