Sucesso de público e crítica das festas protagonizadas pelo prefeito e pelo governador – o primeiro com seu rodeio “sertanejo-pop” e o segundo com o laboratório para o “Marafolia” – serviu apenas para a medição de forças das duas máquinas que devem ser usadas durante as eleições, mas tem seus efeitos levados com as cinzas da quarta-feira, sem qualquer influência direta no processo político
Ensaio
O período de carnaval foi marcado por uma disputa velada entre o governador Carlos Brandão (PSB) e o prefeito Eduardo Braide (PSD) para saber quem faria a melhor festa de São Luís; e a quarta-feira de cinzas amanheceu com leituras na mídia sobre o sucesso do carnaval A ou do carnaval B, pelo número de público que cada máquina conseguiu levar para seus “arraiais”.
O que se vê nesta ressaca de Momo são posts, notícias, análises e comentários sobre vitória de Braide ou de Brandão no carnaval.
Mas é preciso deixar claro que o sucesso do carnaval não tem qualquer influência eleitoral na disputa em São Luís; a multidão que se esbaldou no show do DJ Alok na Cidade do Carnaval agora dorme o sono dos justos e já nem se lembra mais do promotor da festa, o prefeito Eduardo Braide.
A disputa festeira entre governo e prefeitura foi uma espécie de “CarnaGohia” – expressão criada pelo deputado estadual Yglésio Moyses (ainda no PSB) para definir a mistura de shows de Goiás e da Bahia, em detrimento das verdadeiras manifestações maranhenses – com atrações que poderiam ser trazidas a qualquer tempo ao longo do ano.
E ao que tudo indica se repetirão no São João, como já anunciou o próprio Braide, com a antecipação de um novo show de Alok.
Se o prefeito transformou a “Cidade do Carnaval” em uma espécie de rodeio “Pop-sertanejo”, o governador optou por usar a Avenida Litorânea como um laboratório para reedição do antigo Marafolia, com seus trios-elétricos desfilando pela Avenida Litorânea, como nos anos 90, assunto que vem sendo tratado nos bastidores do governo desde 2023.
Pouca ou nenhuma expressão carnavalesca genuinamente maranhense foi destacada nas festas eleitoreiras de governo e prefeitura; mas elas próprias pagam o preço de sua inversão caça-níquel:
As escolas de samba preferiram fazer uma espécie de passarela fora de época, com desfiles somente nos dias 23 e 24; e os tradicionais blocos populares – JegueFolia, Confraria do Copo, Esbandalha, Bandida, Bloco do Reggaes… expressões tradicionais da ilha – também se transformaram em trio-elétrico puxando uma espécie de “pipoca” das atrações nacionais.
O carnaval passou como uma exibição de força das máquinas que se enfrentam no processo eleitoral; não terá nenhum impacto nas eleições e apenas serviu para desfigurar o carnaval de São Luís.
Mas terá o impacto do gasto milionário de dinheiro público…