Após tentar por anos imputar a ideia de que apenas na internet existem notícias falsas – e se vender, sem sucesso, como única capaz de impedir isso – emissora carioca tenta agora usar o governo Lula e manipular o Congresso Nacional a encurralar empresas que vêm sistematicamente tirando seus espaços de audiência
Editorial
A Rede Globo decidiu mostrar abertamente a sua guerra pessoal contra as plataformas digitais que operam na rede mundial de computadores; sua campanha de difamação contra o Google e o Telegram tem muito mais a ver com guerra por audiência e público do que com supostos “ataques à democracia”.
Há anos, a Rede Globo vem perdendo audiência para plataformas que operam na Internet em todos os seus segmentos – Instagram, YouTube, Facebook, por exemplo; contra estas redes, ela mantém uma campanha diária, tentando vender a ideia de que apenas na internet ocorrem as fake news, o que não é verdade.
Aproveitando-se do uso indiscriminado da internet pelo governo Bolsonaro (PL) e seus seguidores, a Globo manipulou a opinião pública e tentou ganhar credibilidade através dos seus portais e repetidoras, vendendo-se como “caçadora de fake news”, única no país capaz de mostrar “o que é fato e o que é mentira”.
Mesmo assim, perdeu ainda mais espaços com a chegada dos serviços mundiais de streaming, tipo Netflix, Prime Vídeo, StarPlay, DisneyPlus e diversos outros, que tomaram a audiência da TV aberta em todos os setores, dos filmes às novelas, do futebol às séries.
Por mais ideológico que seja os analistas de mídia, não há um só que consiga negar que o projeto do governo Lula (PT) supostamente usado para o combate a fake news é, na verdade, um tentativa de controlar os meios de comunicação e a internet.
E foi exatamente isso que mostraram com suas ações o Google, semana passada, e o Telegram, nesta semana, fazendo a Rede Globo usar abertamente agentes do governo – como o ministro da Justiça Flávio Dino (PSB) – em sua tentativa de manipular o Congresso Nacional para encurralar a internet, as redes sociais e as plataformas digitais, que lhe tiram o sono.
O ataque à Democracia que a Globo imputa ao Google e ao Telegram, parte, na verdade, dela própria.
Os meios de comunicação tradicional – geralmente controlados pelas elites sociais e famílias de políticos – tinham o controle absoluto da informação até pelo menos 10 anos atrás; este monopólio foi quebrado pela internet com a chegada das redes sociais, que só tornaram os espaços públicos verdadeiramente democráticos para discussão dos mais variados assuntos.
Com a tentativa de encurralar a internet, esses veículos tradicionais, Rede Globo à frente, usam um governo também historicamente desejoso deste controle, para tentar voltar ao protagonismo, manipulando a opinião pública.
Isto, sim, um verdadeiro ataque à democracia…