Governador Carlos Brandão tem sido elogiado pela abertura de diálogo com todos os setores da política – e muitos apontam que isto é bom para o Maranhão – mas há riscos claros para o país ou estado em que não há o confronto de ideias, ainda que não se viva em ambiente de ditadura, como ensina os estudos sobre o tema
Editorial
O grande debate político das últimas semanas tem se dado em torno da “capacidade de diálogo do governador Carlos Brandão (PSB)”, que conseguiu formar – em torno dele – um consenso nunca visto na história do Maranhão.
Com oposição restrita ou inexistente na Assembleia Legislativa, Brandão avançou também na Federação dos Municípios (Famem) e tem forte presença na Câmara Municipal de São Luís.
Para todos os atores políticos – cooptados ou cooptáveis – a justificativa é sempre a mesma: “a união é bom para o Maranhão”.
Será?!?
– Os governos divididos, ou seja, quando o governo não tem maioria no poder legislativo, podem gerar fases de ingovernabilidade. Entretanto, a história recente da América Latina mostra que a ingovernabilidade é geralmente fomentada pelos executivos, e quando estes gozam de amplas maiorias legislativas, há também uma maior tendência a fomentar práticas autoritárias – afirmou o pesquisador Fernando Barrientos, em artigo que dá título a este post. (Leia aqui)
É óbvio que Brandão não tem perfil autoritário e sua história política mostra a busca constante pelo diálogo com todas as forças; o problema está nas próprias forças que se deixam cooptar por interesses outros.
O adesismo de grupos com capacidade política e de poder para contrapor visões de mundo e de estado – mas que preferem compor a reagir – torna o ambiente de poder estéril, inócuo, sem modificação da realidade e girando em torno de si mesmo.
Para o sociólogo Demétrio Magnoli, a razão de ser do governo é a oposição, que tem legitimidade para se expressar no Parlamento, nos meios de comunicação e na pluralidade partidária.
– O governo só se legitima democraticamente porque existe uma oposição. Quando o povo elege o governo, também escolhe uma oposição, que reúne aqueles que não tiveram votos suficientes para governar, mas representam uma parte da população – explica Magnoli. (Entenda aqui)
O fim da oposição no Maranhão se deu por dois fatores:
1 – a força política e autoritária do ex-governador Flávio Dino (PSB), que varreu grupos poderosos, como o Sarney, emparedou Judiciário e Ministério Público e impediu o crescimento do Bolsonarismo no estado;
2 – a habilidade política de Carlos Brandão, que soube atrair os grupos banidos por Dino, realinhar a divisão de poder institucional e político e conquistar forças que lhe eram hostis.
O resultado é um Maranhão sem contrapontos, em que as mais diversificadas forças políticas seguem um mesmo discurso, uma mesma justificativa, um mesmo entendimento; seja para o bem, seja para o mal.
Se essa “unidade ideológica” servir para alavancar os indicadores econômicos e sociais do Maranhão, aplauda-se.
Se, por ouro lado, servir apenas para a estagnação, com cada qual beneficiando-se do jarro, aí será o caos.
Só o futuro próximo dirá o caminho que foi seguido…
O Maranhão precisa se libertar desses políticos que querem se perpetuar no poder. Chega de Sarney, de Flávio Dino e Brandão.
Perfeita observação
Flávio Dino não varreu, ele fez acordos e agregou. Pq Brandão não pode fazer o mesmo? O Clã Sarney foi o primeiro a organizar o acordo. Pq os outros não podem fazer??? Brandão está sendo inteligente, está agregando e pacificando o estado. Foda-se o “grande debate político”. O negócio é acordar.
Só quem perde é o POVO, já que não vai ter quem defenda os seu direitos, quando o governo começar o massacre.
Aos poucos, a ditadura está sendo implantada, sim.