Ao agir diretamente para influenciar as eleições no Parlamento de São Luís – que nenhuma relação de poder tem com o Governo do Estado – vice-governador afronta pessoalmente o prefeito Eduardo Braide, a quem o processo de escolha da nova Mesa Diretora da Casa interessa diretamente
Análise da notícia
Duas forças políticas estão agindo diretamente na tentativa de influenciar o processo de escolha da nova mesa diretora da Câmara Municipal de São Luís.
Uma legítima e outra ilegítima.
O prefeito Eduardo Braide (Podemos) tem legitimidade para tentar influenciar a escolha dos vereadores por que a eleição interna na Casa interessa diretamente à sua gestão; é legítimo, portanto, que ele tenha preferências e tente angariar votos para seu preferido.
Afinal, é seu governo que vai conviver pelos próximos três anos com a Câmara, numa relação de poder que precisa estar azeitada em todos os seus aspectos.
A outra força atuando diretamente na eleição do Parlamento Municipal é o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), este, sim, ilegítimo no processo.
A Câmara de São Luís não tem qualquer tipo de correlação de poder com o Governo do Estado e não teria qualquer interferência direta na eventual gestão de Brandão como governador.
Mas o tucano decidiu quebrar todas as lanças na tentativa de influenciar a escolha do novo presidente da Casa, criando arestas em duas frentes:
1 – ao jogar o peso do governo na escolha da Câmara, Brandão confronta diretamente o prefeito Eduardo Braide (Podemos) e diz a ele, com todas as letras, que não o quer como aliado nas eleições de outubro, em que será candidato a governador;
2 – ao aliciar vereadores, inclusive com ofertas de espaço na seara estadual, o vice-governador afronta diretamente deputados estaduais, que atuarão diretamente na correlação de forças com seu mandato e se ressentem exatamente da falta de espaços na seara estadual.
Decidido a ser candidato a governador, de qualquer forma, Brandão já atuou diretamente em três importantes eleições desde 2020; perdeu as três.
Tentou vencer a eleição para prefeito – contra o próprio Braide – apoiando o deputado Duarte Júnior (PSB), mas foi derrotado, inclusive com apoio de governistas que não aceitaram a imposição do nome de Duarte.
Também tentou confrontar o atual presidente da Famem, Erlânio Xavier (PDT), inventando a candidatura do prefeito de Caxias, Fábio Gentil (PRB), e usando toda a força da máquina do governo; mas perdeu de novo.
E perdeu para o PDT, de Osmar Filho, a eleição na Câmara Municipal, quando não conseguiu, sequer, ciar um candidato contra o pedetista.
Após três derrotas seguidas, Brandão agora tenta de novo mostrar-se forte em São Luís com a eleição da Câmara Municipal
Se perder de novo, corre um risco adicional: botará Eduardo Braide no colo dos seus adversários de outubro.
O que, fatalmente, pode levar a uma nova derrota…