Ícone do site Marco Aurélio D'Eça

De como Flávio Dino criou as próprias dificuldades para as eleições de 2022

Do alto de sua onipotência, governador foi cometendo um erro atrás do outro a partir de 2018, até chegar às vésperas do processo eleitoral sem sequer saber o que fazer para manter a base unida

 

 

Flávio Dino movimenta-se como um paquiderme em loja de louças e conduz com um erro atrás do outro o processo de sua sucessão

Ensaio

O ano era 2019. O governador Flávio Dino (PSB), recém-empossado para o segundo mandato após vencer as eleições em primeiro turno, inicia uma ofensiva de fixação nacional de sua imagem.

Lula estava preso e o PT criminalizado internacionalmente.

O governador apostava que o governo Jair Bolsonaro (sem partido) seria um fracasso; e que a junção das forças democráticas de centro-esquerda – sem o partido do ex-presidente – ganharia a simpatia das ruas.

Aproximando-se cada vez mais de lideranças desse campo, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e de empresários poderosos, como Jorge Paulo Lemmann, da Ambev, Dino, em busca de um espaço nacional, largou o Maranhão para um salve-se-quem-puder entre os aliados.

Foi o primeiro erro do governador.

Lula recuperou os direitos políticos e o PT voltou a ser o maior partido de centro-esquerda, jogando para as cucuias o projeto centro-esquerdista de Dino.

E sem uma liderança para conduzir o processo que desembocaria em sua sucessão, o governador viu os aliados começarem a se movimentar de qualquer forma para se viabilizar como candidatos em 2022.

O resultado foi uma guerra fratricida na própria base durante as eleições municipais.

Era o segundo erro de Flávio Dino.

O governador equivocou-se em um libera geral na base, que lançou diversas candidaturas engalfinhando-se entre si; o segundo turno em São Luís virou um campo de guerra entre aliados, diante da cobrança do próprio Dino e do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) para que todos se unissem em torno do deputado Duarte Júnior (PRB), que o próprio Dino havia praticamente expulsado do seu PCdoB. 

Derrotado nas eleições de São Luís, Dino passou a culpar alguns aliados e decidiu vingar-se na eleição para presidente da Famem.

O terceiro erro do governador.

Ao deixar o governo às vésperas da eleição entre prefeitos, Dino deu uma espécie de recado à base, de que o nome para a Famem era o prefeito de Caxias, Fábio Gentil (PRB), apoiado por Brandão.

O carismático presidente da entidade, Erlânio Xavier (PDT), venceu a eleição, impondo mais uma derrota ao Palácio dos Leões.

O ano de 2021 começou com a base temporariamente reposta – mas por obra e graça dos próprios aliados, que resolveram levantar um armistício.

Foi então que Dino resolveu impor sua candidatura ao Senado e uma tal carta-compromisso, que deveria, obrigatoriamente, ser cumprida pelo escolhido para ser seu sucessor.

Foi o seu quarto erro.

Ao impor um conjunto de critérios que nem ele mesmo iria levar em consideração, o governador criou ainda mais embaraços em sua base, que já deveria estar livre para a disputa amigável entre si, na base do “que vença o melhor”. 

A carta é tão fantasiosa que, após a reunião de julho, surgiram outras duas candidaturas-amigas de Flávio Dino: a do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Júnior (PSD), e a do secretário de Educação, Felipe Camarão (PT).

Diante de todos esses erros, e às vésperas de decidir quem irá apoiar para o governo, o governador só tem ainda uma única garantia: a de que todos estes nomes irão apoiá-lo para o Senado.

Mas sua movimentação – do tipo paquidérmica em loja de louça – pode levá-lo a cometer mais erros até deixar o governo em abril.

O que pode jogar por água abaixo até a unanimidade em torno de si.

Até porque, toda unanimidade é burra…

Sair da versão mobile