Ao pregar a escolha, na marra, do vice-governador como candidato da base dinista, ex-governador tenta forçar Flávio Dino ao mesmo gesto que afastou os aliados do Palácio dos Leões ao tentar impor o nome de Duarte Júnior como opção obrigatória da base em São Luís
Ensaio
Um dos maiores erros da história política maranhense foi cometido pelo Palácio dos Leões no segundo turno das eleições de 2020, quando o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) acabou convencendo o governador Flávio Dino (PCdoB) a impor – obrigatoriamente – a candidatura do deputado estadual Duarte Júnior (PRB) como opção da base aliada nas eleições de São Luís.
A pressão de Brandão – que chegou a propor expulsão de quem não seguisse a orientação palaciana – acabou entregando no colo dos seus principais adversários internos uma inesperada aliança com o então deputado federal Eduardo Braide (Podemos).
Como se sabe, Braide venceu o pleito, com apoio fundamental do PDT, do DEM, do PTB e do MDB; e a aliança inesperada pode, inclusive, ser fundamental também nas eleições de 2022.
À época, a ansiedade de Brandão por uma “caça-às-bruxas” na base dinista foi visto como exemplo de desequilíbrio e falta de articulação política; passados seis meses da vitória de Braide, descobre-se agora que a “brilhante” ideia persecutória pode ter tido como pai o ex-governador José Reinaldo Tavares.
Criador e mentor político de Brandão, Zé Reinaldo – aos 82 anos – vem agora com a mesma tese para as eleições de 2022.
Segundo o ex-governador, que ganhou de volta espaço no governo a pedido de Brandão, Flávio Dino deve escolher, na marra, o atual vice como candidato em 2022.
“E quem discordar”, prega ele, “que saia do governo”.
– “É um jogo de poder; e o jogo de poder não tem essa compreensão. É como rivalidade futebolística, não tem conversa – completou o ex-governador Zé Reinaldo, em entrevista à TV Mirante, semana passada.
Como o Maranhão inteiro sabe, o senador Weverton Rocha (PDT) lidera todas as pesquisas de intenção de votos dentre os candidatos da base de Flávio Dino e tem alianças nos principais colégios eleitorais.
O Maranhão também sabe que Weverton já tem o apoio declarado do DEM, do PSB, do PSL, do Cidadania e do próprio PRB, onde Brandão estava em 2020 e saiu para entrar no PSDB.
É sabido no Maranhão que outro aliado da base, o deputado Josimar de Maranhãozinho, reúne em torno de si três partidos da base – PL, Avante e Patriotas – podendo chegar a cinco, se conseguir PP e PTB.
Pois bem, o que Zé Reinaldo propõe agora é que Flávio Dino mande tudo isso às favas e imponha, “sem conversa”, que Carlos Brandão é o candidato a governador. E ponto.
E diz mais o ex-governador: o resto, o governo atropela com o seu poder.
A história das eleições de 2020 mostra que Flávio Dino – após os arroubos do vice – deixou a sensatez falar mais alto diante do fracasso em São Luís, evitando afastar quem não seguiu a ansiedade de Brandão e rearticulando a base para 2022.
Essa rearticulação pode garantir o futuro político do seu grupo e uma eleição relativamente tranquila, sem divisões na base.
Se Brandão e seu mentor Zé Reinaldo discordam disto, o próprio ex-governador já ensinou qual o caminho a seguir.
Simples assim…