Pesquisa publicada no fim de semana – às vésperas da decisão que devolveu os direitos políticos do ex-presidente – mostra que o petista, agora definitivamente livre , ainda tem força suficiente para embaralhar a sucessão e ameaçar consideravelmente a reeleição do presidente Jair Bolsonaro
Análise de conjuntura
O peso do ex-presidente Lula no processo eleitoral brasileiro não pôde ser medido na eleição que deu ao país este “arroto da história” chamado Jair Bolsonaro.
Numa decisão política e parcial do ex-juiz Sérgio Moro, questionada desde o seu início – inclusive neste blog Marco Aurélio D’Eça – Lula ficou fora da eleição de 2018, manchada pelos interesses do baronato paulista e da mídia quatrocentona, que tinham o interesse precípuo de apear a esquerda do poder. (Relembre aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e também aqui)
Mas este poder eleitoral do ex-presidente foi medido no último final de semana pelo Instituto Ipec (ex-Ibope), curiosamente, três dias antes de o ministro Edson Fachin anular suas condenações e devolver seus direitos políticos.
A provável candidatura de Lula pelo PT, rearruma, logo de cara, todos as pré-candidaturas da esquerda – do PT ao PSOL, passando por PDT, PSB e PCdoB; influenciará diretamente, por exemplo, a decisão do governador Flávio Dino (PCdoB) visto como o vice ideal para o ex-presidente.
Dino já havia decidido candidatar-se ao Senado, mas pode repensar sua posição, o que abre novo debate sobre a vaga aberta no Maranhão.
Polarização, para o bem e para o mal
Mas, se devolve a esperança para os setores de esquerda e dá novo rumo ao processo eleitoral de 2022, a iminente presença de Lula nas eleições também, traz de volta a polarização ideológica no país.
Incompetente, despreparado, mal-educado, boçal, desqualificado, grosseiro, homofóbico, racista, preconceituoso, machista, corrupto, provinciano, raso, reducionista e incapaz, Jair Bolsonaro se elegeu em 2018 exatamente no rastro desta polarização, que visava apear a esquerda do poder.
Foi o arroto, diante do peso da mão do baronato paulista e da mídia quatrocentona; um erro histórico que transformou um pulha em chefe de poder e de estado, insuflado por setores ignorantes da sociedade brasileira, guardados no armário da história desde o fim da Ditadura Militar.
Com Lula – que goza de força eleitoral importante, como demonstrou o ex-Ibope, mas também tem contra si setores poderosos da sociedade – essa dicotomia polarizada será reacendida; e pode favorecer o próprio Bolsonaro.
É com base nas pesquisas qualitativas e nas análises de conjuntura que Lula deve agora, definir seu papel nas eleições de 2022.
E decidir se sua utilidade será eleitoral ou participativa.
Para o bem e para o mal…