Governador anunciou como “novidade” em sua ações contra o coronavírus uma espécie de canal de denúncia; e insuflou o próprio cidadão a delatar vizinhos, amigos e conhecidos que estejam burlando as regras do governo na pandemia de coronavírus
Um dos símbolos da redemocratização no governo José Sarney (PMDB) – e visto também como sinal maior do fracasso do plano Cruzado – vai ganhar uma roupagem moderna no Maranhão da era Flávio Dino (PCdoB).
Essa foi a grande “novidade” da entrevista coletiva do governador Flávio Dino (PCdoB), na tarde desta quinta-feira, 21.
– Estamos abrindo a possibilidade de que cada um, cada uma, se transforme em um fiscal, para ajudar a fiscalização do Governo do Estado – declarou Dino, voltando ao tema do qual já tinha tratado na TV Mirante.
É isso mesmo!
O governador propõe ao cidadão se encarregue de delatar não apenas concorrentes, mas vizinhos, amigos, conhecidos e familiares que, porventura, estejam burlando as regras do isolamento social determinado pelo governo.
O curioso é que Flávio Dino quer do cidadão um rigor contra seus pares que nem ele, o próprio governador, conseguiu manter, uma vez que já afrouxou as regras do fechamento comercial.
O programa “Fiscal do Sarney” foi criado no início do Plano Cruzado, que estabeleceu o congelamento de preços no Brasil da redemocratização pós-ditadura.
A ideia era que o cidadão denunciasse comércios e empresas que estivessem aumentando o preço dos produtos; em represália, empresários passaram a tirar da prateleira os produtos que não podiam ter aumento de preço. (Entenda aqui)
Flávio Dino vive uma obsessão em repetir a trajetória de Sarney desde que elegeu-se governador, ainda em 2014; tanto que segue nacionalmente os passos políticos do ex-presidente (Relembre aqui, aqui, aqui e aqui)
Como presidente, Sarney sempre foi o principal fiador do seu plano econômico e brigava por ele em todas as instâncias políticas, estimulando o povo a também se engajar.
Mas querer repetir Sarney, cobrando do cidadão que exija o cumprimento de algo que ele mesmo afrouxou, nem Flávio Dino parece capaz.
E o desenho disso tudo chama-se fracasso…