Índice de Rigidez do Distanciamento (RDS) usado pela Universidade de São Paulo – e referência no Brasil – revela que apenas 49% dos maranhenses mantiveram o isolamento social total nos dois primeiros dias de bloqueio na região da Grande São Luís
Duas narrativas estão se digladiando desde que foi iniciado o lockdown na região da Grande São Luís para conter o avanço do coronavírus no Maranhão.
A primeira é liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que, a despeito da realidade das ruas nos bairros populares e na zona de comércio, garante que o bloqueio “é um sucesso”.
A outra narrativa, usada por setores da imprensa – que vai às ruas constatar se há comprometimento da população e capta as imagens já amplamente divulgadas – vê erros no lockdown e aponta medidas para evitar o fracasso anunciado.
Nesta quinta-feira, 7, estudo da Universidade de São Paulo comprova oficialmente que a narrativa da imprensa, e não a de Flávio Dino, é a correta neste momento.
De acordo com o Índice de Rigidez do Distanciamento (RDS) da USP – hoje usado como referência na análise dos resultados do distanciamento social em todo o país – menos da metade da população aderiu ao bloqueio nos dois primeiros dias de lockdown na Grande São Luís.
Para ser mais preciso: foram 49,6% na terça-feira, 5; e 49,3% na quarta-feira, 6.
Pior: o índice de distanciamento em pleno lockdown ficou abaixo até mesmo da maior média do distanciamento no Maranhão, que foi de 54,8% no dia 22 de março, o domingo seguinte ao anúncio do primeiro caso de coVID-19 no estado. (Veja os gráficos que ilustram este post)
O RDS da USP atribui aos estados escores que vão de zero a 2, segundo sua rigidez e seu alcance geográfico. Em seguida, soma esses escores às medidas de proibição de aglomeração, fechamento de escolas e de trabalho, atribuindo escalas de zero a 100 para a rigidez do isolamento. (Entenda aqui)
O lockdown determinado pelo juiz Douglas de Melo Martins prevê medidas rígidas de restrição de deslocamentos, como multas e até detenções.
Mas nem Flávio Dino, nem os prefeitos envolvidos implantaram essas medidas nas cidades atingidas. (Lembre aqui e aqui)
O resultado é o grande – e crescente – número de pessoas nas ruas, situação que o governador insiste em classificar de “sucesso”.
Mas os números não mentem, jamais…
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