Suspeitas de manipulação de inquérito, acusações contra membros do Ministério Público e da polícia – e um estranho silêncio da Justiça – marcam as investigações e o processo envolvendo políticos, policiais, empresários e criminosos de todo tipo
Há um estranho silêncio entre políticos, policiais, membros do Judiciário e até da imprensa quando o assunto é a morte do jornalista Décio Sá.
Curiosamente, muitos desses políticos e jornalistas que hoje se calam diante da evidência de manipulação do inquérito policial que apurou o assassinato, eram os mesmos que batiam no peito dizendo-se “amigo e aliado” do jornalista.
Décio Sá foi assassinado no dia 23 de abril de 2012, em um restaurante na Avenida Litorânea.
Quase dois meses depois, em 13 de junho, a polícia apresentou os supostos responsáveis, misturando no mesmo rol gente da polícia, empresários, políticos, agiotas e bandidos cruéis.
Mas a lógica que levou à motivação do crime nunca foi claramente explicada; nem pela Polícia, muito menos pelo Ministério Público ou pela Justiça. (Entenda aqui e aqui).
Apontado como agenciador do pistoleiro que executou Décio, o ex-empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha, acusou desde sempre empresários da construção civil pela morte do jornalista.
O blog Marco Aurélio D’Eça chegou a publicar a carta de Bolinha encaminhada à Justiça, mas foi obrigado a retirá-la da página no dia 5 de agosto de 2013, por decisão do juiz Sebastião Joaquim Lima Bonfim.
Segundo Bolinha, à época, houve uma trama nos porões da Secretaria de Segurança para direcionar o caso – prendendo bodes expiatórios e protegendo figurões da alta sociedade, ligados a políticos.
E essa trama teria envolvido políticos com poder à época, empresários e policiais do comando da Secretaria de Segurança.
De lá para cá, muitas têm sido as tentativas de reabrir o caso, todas esbarrando na má vontade da Justiça, do Ministério Público e da própria polícia.
Último a tentar ouvir novas versões do caso, o delegado Ney Anderson foi transferido da Seic após ouvir Júnior Bolinha e outras testemunhas.
O fato é que, sete anos depois, a morte do jornalista tem um autor preso – o pistoleiro Jonathan de Souza – outros 12 supostos envolvidos pronunciado a Júri popular, mas em liberdade, e uma série de furos que a polícia, a justiça e o Ministério Público se recusam a esclarecer.
E tudo parece caminhar para o esquecimento.
Por parte dos próprios colegas, inclusive…
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