Como maior autoridade pública do Brasil, o presidente da República cometeu crimes de responsabilidade em série ao ouvir confissões de um criminoso e, além de não tomar providências, ainda estimular a prática criminosa
Editorial
Há quem ainda ache que o áudio gravado pelo bandido Joesley Batista – que assim deve ser tratado por que se confessou assim ao fazer delação – não tem incriminação contra o presidente Michel Temer (PMDB).
Há, sim. E há em profusão.
Joesley confessa pelo menos quatro crimes diante de um temer omisso, cúmplice e até incentivador da prática criminosa.
E tudo isso é crime de responsabilidade.
O primeiro crime o gangster Joesley Batista confessa quando diz que está pagando R$ 50 mil a um procurador da força-tarefa para obter informações da Lava Jato.
Neste momento, como maior autoridade pública do país, Michel Temer deveria prender o criminoso, ma deu de ombros.
Joesley comenta outros dois crimes a um Temer omisso e leniente – o de comprar juízes e o de resolver suas pendências com Eduardo Cunha – até revelar o mais grave deles: pagar R$ 500 mil por semana pelo silêncio do ex-presidente da Câmara Federal.
E é aí que o presidente da República mostra-se tão criminoso quanto o dono da JBS-Friboi, ao proferir a já histórica rase: “mantenha isso, viu?!?”.
São, ao menos, crimes de Prevaricação, obstrução da Justiça e violação de sigilo funcional.
A Câmara Federal e o Supremo Tribunal Federal têm, portanto, elementos suficientes para cassar o mandato presidencial e mandar Michel Temer para a cadeia.
E quem não conseguiu ver incriminação do presidente no áudio, deve ouvi-lo novamente.
Uma, duas três, quatro vezes, que seja…