Vereadores que votaram contra ar-condicionado nos ônibus por entender que aumentaria passagem – e viraram símbolos das más condições do transporte público – agora veem a ameaça de aumento, mesmo com os serviços ruins oferecidos pelas empresas
A nota oficial do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte de São Luís e clara: “Em Assembleia geral extraordinária, por unanimidade, deflagrar Greve Geral, em razão do descumprimento da convenção coletiva de trabalho”.
A razão da grave: o Sindicato das Empresas de Transporte alega falta de recursos e agravamento da crise financeira; e adiou o pagamento dos salários para depois do carnaval.
Traduzido: os rodoviários querem melhores salários e pagamento em dia; e as empresas só conseguirão pagar com reajuste no preço dos transportes.
Caso contrário, é greve geral.
E é aí que entram os vereadores Pedro Lucas Fernandes (PTB) e Roberto Rocha Júnior (PSB), dois filhos de políticos tradicionais de São Luís.
Aliados incondicionais do prefeito Edivaldo Júnior (PDT), Lucas e Rocha viraram símbolo do desinteresse da Câmara Municipal pela qualidade nos transportes ao votarem contra projeto do vereador Honorato Fernandes (PT), que obrigava as empresas a equipar pelo menos 50% a frota com ar-condicionado.
Para eles, a obrigatoriedade do equipamento forçaria, fatalmente, aumento nas passagens de ônibus. (Releia aqui)
Ocorre que o aumento das passagens é uma contingência do sistema, que já foi adotada em várias capitais, e terá que ser aceita pelo prefeito de São Luís se quiser evitar o colapso do setor.
E pouco importa se os ônibus tenham ou não ar-condicionado.
Tanto que, ainda em dezembro, o líder da oposição em São Luís, vereador Fábio Câmara (PMDB), deixou claro que o aumento das passagens, viria, com ou sem refrigeração nos ônibus.
– A alegação de que exigir ônibus com ar-condicionado ensejaria aumento de passagem é furada. Basta pensar que, para o ano que vem, com ou sem ar-condicionado, as passagens vão aumentar novamente – destacou Câmara, para provocar os colegas Lucas e Rocha:
– E se o povo for às ruas contra qualquer aumento alegando que lhe foi negado o direito a uma viagem mais confortável, o que alegarão os que sustentam tal tese?
Portanto, os vereadores Pedro Lucas e Roberto Júnior votaram contra um benefício à população usuária de ônibus e, agora, vão acompanhar “de camarote”, o aumento das passagens.
E a população que se dane…