Desta vez é um deputado quem garante ter testemunhado negociação de propina de R$ 100 mil a R$ 200 mil; passou da hora de o Judiciário e seus satélites fazerem a faxina, ao invés de tentar abafar a corrupção intimidando quem ousa denunciá-la
Editorial
A Associação de Magistrados do Maranhão detesta o titular deste blog, como mostra em suas ações; tanto que o processa, numa represália intimidatória a seus posts.
Mas o ódio da Amma não se dá pelo cometimento de qualquer crime, mas pelo fato de este blog ter ousado desabafar, ainda que solitariamente – uma, duas, três, diversas vezes… – contra a corrupção generalizada que parece ter tomado conta do Judiciário maranhense.
Ao invés de cobrar efetivamente uma limpeza no judiciário, a Amma prefere intimidar quem denuncia, numa espécie de emparedamento dos que não se calam diante da degradação moral do estado.
Mas agora foi um deputado estadual quem fez a denúncia.
Fernando Furtado disse com todas as letras ter presenciado o pagamento de propina – que, segundo ele, varia entre R$ 100 mil e R$ 200 mil – de um colega parlamentar “ao genro de um desembargador”.
Eu fiz o meu pronunciamento incomodando alguns deputados que têm trânsito no tribunal e fazem negociatas, para poder voltar prefeitos com R$ 100 mil e R$ 200 mil, em posto de gasolina. Porque eu fui passar uma noite de domingo em um posto de gasolina em São Luís para flagrar uma negociata dessas com o genro de um desembargador. Eu estava lá de madrugada, vendo tudo – afirmou o parlamentar.
Fernando Furtado não citou nomes, como todos os que ousam tocar nesta ferida. Obviamente por temer intimidações e represálias como a da Amma contra este blog.
A Associação de Magistrados processa este blog por causa de sua capacidade de indignar-se; por desabafar quanto a uma questão que é quase senso comum nos corredores do Judiciário: a de que existe uma indústria de venda de sentenças no Maranhão.
Ninguém dá nomes, até por medo de represálias como esta da Amma. Mas todos sabem até valores.
E são muitos o casos que se acumulam: juízes suspeitos de sentenciar em favor de quem emprega seus parentes; magistrados subjugados por autoridades do poder Executivo a atender seus interesses, e venda de sentenças, como as reveladas tempos atrás pelo deputado federal Hildo Rocha (PMDB), e agora por Fernando Furtado.
Tudo velado, tudo sem nomes, por medo do que possa ocorrer diante da denúncia.
Leia também: Coisas a explicar no Judiciário maranhense…
Mas agora tem um deputado que afirma ter presenciado uma dessas negociatas. Um deputado que diz temer pela própria vida diante da revelação.
Assim como ele – e como este blog – outro parlamentar, Hildo Rocha, também se insurgiu contra este estado de coisas; e o caso acabou abafado na Polícia Federal. (Relembre aqui)
O que se espera da Amma – e do Poder Judiciário como um todo – é que pare de intimidar e exija um freio na corrupção.
Por que este blog vai continuar a cobrar, independentemente da quantidade de processos – e ainda que solitariamente na imprensa do Maranhão.
E se não puder cobrar aqui, vai aos órgãos nacionais, a Brasília, aos órgãos internacionais.
Mas isso tem que acabar…