Por Mariana Gomes, autora da dissertação de mestrado My pussy é o poder
“Abaixo a carta-resposta que escrevi ao SBT devido à reportagem sobre meu projeto de mestrado veiculada em rede nacional.
Caros Rachel Sheherazade e equipe do SBT,
Eu sou Mariana Gomes, mestranda em Cultura e Territorialidades e responsável pelo projeto My pussy é o poder. Gostaria de agradecer à visibilidade que estão dando ao projeto sobre funk e feminismo. Quero agradecer também por serem claros ao exibirem todo o conservadorismo de Rachel e o oportunismo de vocês. Digo isso porque pretendo pontuar algumas questões nesta carta-resposta, e elas, com certeza, não contemplarão a visão de mundo tão pequena apresentada tanto na reportagem quanto nos comentários da jornalista.
Em primeiro lugar, Rachel, logo na apresentação da matéria, um pequeno erro demonstra seu “vasto” conhecimento sobre a área acadêmica: no mestrado não se faz tese, e sim, dissertação. A tese só chega com o doutorado. Mas tudo bem, este é um erro bastante comum para quem está afastado do ambiente acadêmico e, mesmo assim, pretende julgá-lo ferozmente. Outra questão importante é: frisei em diversos momentos que o projeto não se refere apenas à Valesca, ainda assim preferiram insistir no caso. Perdoados, Valesca é diva, merece destaque mesmo.
Em segundo, mas não menos importante, gostaria de pontuar algo que pra mim é muito caro. Não existe dualidade entre usar o cérebro e outras partes do corpo para produzir qualquer coisa na vida. O repórter disse que eu usei o cérebro para fazer o projeto e que, Valesca, usa ~outras partes do corpo~. Ora, queridos, eu usei muito esse popozão aqui para fazer minhas pesquisas. Dancei muito até o chão, fiz muito treinamento do bumbum e continuo fazendo muito quadradinho de quatro (o de oito não consigo AINDA)! Valesca usa o cérebro tanto quanto eu, você – e mais que Rachel – para continuar seu trabalho. Não julguemos a inteligência de uma mulher de acordo com os padrões estabelecidos. Isso é machismo 🙂
O repórter me perguntou por mais de uma vez se eu tive medo de não ser aceita na academia com meu trabalho. E todas as vezes eu respondi que NÃO TIVE MEDO. Confio no meu potencial, na relevância do tema e, principalmente, na capacidade de renovação e transformação da academia. Quando se trata da UFF, mais ainda, porque conheço o corpo docente e sei a visão de mundo dos professores – nada conservadora, muito mais avançada do que muitos que se dizem avançados.
Não vou comentar sobre o fato de terem entrevistado apenas uma pessoa na rua – e que disse que eu merecia nota zero – porque competência é critério básico para o jornalismo 😉
Sobre a minha fala: colocaram o que eu disse em um contexto equivocado. Eu não tenho essa visão utilitarista da cultura. Não acho que para acabar com o preconceito precisamos “ver o que eles tem a oferecer”. O que eu estava dizendo ali é que, durante a pesquisa, é preciso abrir a mente e ver o que vamos conseguir extrair da observação participante e o que vamos aprender com o movimento. Afinal de contas, quem tem que oferecer algo sou eu: um bom projeto, que sirva para transformar – ao menos parte – (d)o mundo!
“O papel do funk na cultura, só o tempo dirá”, diz o repórter. ISSO NÃO É VERDADE. O papel do funk na cultura está comprovado. E não por mim, pelo meu projeto, por projetos anteriores, mas pelas práticas cotidianas, pelo seu papel em diversas áreas de conhecimento, em diversos setores da sociedade, pela referência que se tornou para boa parte da juventude brasileira. A reportagem é rasa e não tem qualquer compromisso com a realidade concreta, que já provou há muito tempo o que o funk representa.
Agora vamos ao chorume destilado por você, Rachel Sheherazade: insinuar que a popularização da universidade é ruim fica muito, muito feio pra você. Desculpe-se, por favor. E se o funk fere seus ouvidos de morte, acho uma pena, porque EU ADORO, EU ME AMARRO. E meu recado pra você é: é som de preto, de favelado, mas quando toca ninguém fica parado 😉
Dizer que produção de cultura vai do luxo ao lixo é de uma desonestidade intelectual sem tamanho. Como eu disse ao G1 e digo diariamente, hierarquizar a cultura só prejudica. Essa hierarquia construída ao longo de séculos e baseada em um gosto de classe muito bem definido, no qual apenas o que elites definem o que é cultura e o que não é – ou, nas suas palavras, o que é ‘luxo’ e o que é ‘lixo’ – precisa ser COMBATIDA. Creio que a academia é SIM uma das trincheiras na luta pela desconstrução desse pensamento elitista, preconceituoso e, para não ser maldosa, desonesto.
Você, Rachel, diz que as funkeiras estão aquém do feminismo. Mas e você? O que sabe sobre o tema? Tendo a acreditar que Valesca sabe muito mais sobre isso do que você, mas estou disposta a ouvir seus argumentos sobre o assunto. Feminismo, assim como o meu projeto, não é piada, é coisa séria, muito séria.
Para concluir, gostaria de te perguntar quais critérios te levaram a questionar a profundidade do meu projeto. Não gostaria de personalizar o problema, mas nesse caso, não tenho outra alternativa. Você sabia que meu projeto obteve nota 8,5 entre vários projetos avaliados? Pois é. Você leu o meu projeto? Pois é. Você sabia que, para ingressar no mestrado, uma prova é aplicada e, nela, precisamos estudar no mínimo 4 livros? Disponibilizo aqui a bibliografia cobrada para tal prova e aproveito para perguntar – não que isso faça diferença, mas quem começou com argumentos sobre profundidade foi você – quais deles você já leu ao longo da vida. No meu projeto também consta parte da bibliografia utilizada por mim. Também questiono: dali, quais livros você já leu, conhece ou ouviu falar?
Peço perdão pelo argumento de autoridade em dizer que é preciso ler para saber das coisas mas, nesse caso, se você me cobra profundidade, eu te cobro conhecimento.
Abra a mente, Rachel! Vem aprender a fazer o quadradinho 😉
Cordial – mas não passiva – mente,
Mariana (popozuda) Gomes”
Eu hein… que lixo.
Oi, antes que duvidem, sou Rachel Sheherazade. Gostaria de afirmar que eu sei muito bem que a tese chega com o doutorado, se assim não fosse, não seria uma jornalista reconhecida pelo meu trabalho imparcial e independente. Acredito também que, não se pode esperar tanta coisa de alguém que diz “Valesca Popozuda é diva”. Uma pessoa dessa não pode ter o mínimo de cultura.
Segundo, que eu penso que a mulher deveria ter um pouco de bom senso ao querer se rebaixar desta forma tão humilhante. Pensem: São essas pessoas que representam o futuro do Brasil? Que tem o funk como principal referência? Sem mais.
Minha querida, o que eu quero dizer é que o funk não representa a população brasileira (pelo menos não a mim), já que este funk que se criou nas favelas cariocas é bem diferente do que se criou nos EUA. Lá, é similar ao rap: critica de forma construtiva a sociedade; agora, o que se vê aqui é diferente: uma enxurrada de letras com clara apologia ao tráfico de drogas e ao crime organizado, sobre as quais não significam nada com nada.
O mais engraçado é quando ela disse que “o papel do funk na cultura está comprovado” e eu te digo, queridinha, que funk não é cultura e sim a falta dela.
“A reportagem é rasa e não tem qualquer compromisso com a realidade concreta, que já provou há muito tempo o que o funk representa”
O que o funk representa? Ah já sei: Apologia ao tráfico de drogas e ao crime organizado, letras completamente pobres em si e imorais, banalização do sexo, total desprezo à mulher, sequestro, assassinato. Realmente, tirem as vossas próprias conclusões.
29 minutos atrás
“Para concluir, gostaria de te perguntar quais critérios te levaram a questionar a profundidade do meu projeto”
Os mesmos critérios que eu uso pra comentar sobre os assuntos mais polêmicos e tratados como tabu atualmente, como o caso do funk. Eu realmente sei do que estou falando pois sou uma jornalista séria, e tu menina, não passas de uma garotinha que mal começou a vida e já queres afrontar uma pessoa experiente.
“Você sabia que, para ingressar no mestrado, uma prova é aplicada e, nela, precisamos estudar no mínimo 4 livros?”
Claro que sabia, se não soubesse, não seria jornalista há 15 anos, pois ingressei no mestrado e sei que uma prova de várias questões é aplicada nela.
“Abra a mente, Rachel! Vem aprender a fazer o quadradinho” – Não, obrigada querida, mas não sou vulgar como tu. Eu sou jornalista e não funkeira.
resp.: HAHAHAHAHA Só rindo mesmo. Volta pra faculdade, se esteve lá algum dia, para aprender mais sobre cultura. A pessoa quer justificar preconceito e ditar o que a academia deve ou não estudar. Fala sério! Larga essa visão elitista e atrasada, pois tudo pode e deve ser objeto de estudo dentro da Universidade. Isto sim é ser imparcial, mas você pensa que sabe e arrota asneiras (como tudo que você diz no jornal). Não é porque você não gosta e tem uma opinião, besta e rasa, diga-se de passagem, sobre o assunto que aquilo vai deixar de existir, para o seu bel prazer. Se tu achas que cultura é só levar música erudita ou seu gostinho musical pra favela sinto te dizer: moça, você é racista.
Sici. Eu nao li a dicertaçao, mas nao acho que esse tipo de manisfetaçao cultural acrescente. Pelo que entendi das palavras dela, o funk cumpre um papel, de unir e sacudir as pessoas. Concordo que isso nao acrescente, mas passa um visao de mundo, que pode ser objeto de estudo, ate para que geraçoes posteriores possam entao ter referencias e perspectivas diferencidas da nossa complexa socidade.
Edd,entendo você,e realmente o funk tem bastante influência,que acredito que podemos dizer que pode ser sim ,uma tal ”cultura”,infelizmente…assim a sociedade só tem a perder…pelo o que entendo de cultura,é algo que passa uma historia,um aprendizado para a vida,e que possa realmente valer a pena futuramente,algo como orgulho,uma arte…Mas me parece que as coisas não são mais assim,hoje,qualquer besteira é chamado de cultura ou sei lá o quê!Dando a importância,como se isso fosse acrescentar realmente algo em cada pessoa.E foi o que Rachel Sheherazade quis passar e infelizmente não foi entendida!
Essa segmentaçao entre cultura popular e cultura erudita, de fato, se apresenta como uma discussao deveras complexa. Contudo, acho que realmente é muito dificil se estabelecer um modelo padrao para desenvolvimento cultural, pois embora eu tenha nivel “superior” eu nao sei pular de um trapezio para outro, e tambem nao sei fazer o “quadradinho de quatro”. Nao estou a aqui defendendo o funk como prototipo de modelo cultural, mas nao podemos negar que o funk exerce uma influencia sobre as massas, e se isso é cultura ou nao, eu nao tenho, na verdade nao quero ter aparato tecnico para efetuar esse tipo de definiçao.
Ô povo sem cultura…..funk é só sacangem, não acrescenta em nada, só exemplos errados…um lixooooooo.
Acabei de ver o comentário de Rachel Sheherazade no youtube. Não vi nada de mais, além de uma opinião sobre o trabalho acadêmico absurdo, pobre em cultura que parece valorizar não o funk em si, mas a própria Valeska. Ora, a universidade é um ambiente onde reina a construção do conhecimento, e não um ambiente que acolhe trabalhos absurdos como esse, sem fundamento. Pessoal, Rachel tem um vasto conhecimento sobre o que é luxo e o que é lixo. No caso da ideia da mestranda, falar de Valeska popozuda, que é o símbolo da mulher tida como simbolo sexual, é um lixo.
A moça chegou pro médico e falou assim: -Doutor acho que estou com dengue, mas hoje a noite vai ter um baile funck e eu não posso perder. O doutor lhe respondeu: Calma filha vamos curar uma doença de cada vez. kkkkkkkkk
É um lixo mesmo!
Não conheço o alvo da escriba em questão. Posso, no entanto, pelo que escreveu a autora do projeto de dissertação, dizer que ela é a própria ignorância. Monografia, dissertação e tese são seis e meia dúzia. Quanto ao projeto, só a nota já revela a sua insignificância. Observa-se o quão leniente é a academia ao tolerar um projeto onde o lixo é o melhor lugar para ele.
Jornalista, o mundo está mesmo muito raso, muito pobre. Como essa mestra escreve errado! Ela usa o mesmo argumento do PT na política: vocês são contra porque é coisa de preto, pobre e favelado. Dilma Rousseff faz uma besteira atrás da outra, quando alguém mostra o que ela faz, ela diz que a pessoa é contra o Brasil. Sabe o maior erro nisso tudo jornalista? É dar trela para essa figura.
esse professor que deu essa nota pra ´e pior do que ela