As imagens que ilustram este post são a prova cabal do atrelamento do presidente do Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa à diretoria de Comunicação da Casa.
São matérias divulgadas no site da Assembléia e distribuídas pela Agência Assembléia, todas assinadas pelo presidente do Comitê, jornalista Cunha Santos.
Vinculado à diretoria de Comunicação, Cunha mantém o Comitê de Imprensa atrelado ao controle da Assembléia, uma dupla jornada no fazer jornalístico, motivo que levou os principais jornalistas políticos a se desvincular do órgão.
Como tentativa de justifcar o fato, os aliados de Cunha – curiosamente, todos também vinculados à Secom – argumentam que ele não é funcionário, mas sua mulher, coisa que, segundo eles, é praxe entre jornalistas políticos.
Neste caso, eles admitem, então, uma ilegalidade: um jornalista sem vínculo formal com a Assembléia escrevendo para o site da Assembléia – crime incompatível com o Código de Ética do próprio Comitê, e que pode levar, inclusive, a uma investigação do Ministério Público.
Mas a nomeação, de parentes ou mesmo as dos próprios jornalistas, não é o problema. O problema é a vinculação à diretoria, o atrelamento, a falta de autonomia para decidir o que fazer.
Muitos jornalistas que cobrem a Assembléia são nomeados ou têm pessoas indicadas na Casa. Mas nenhum é obrigado a dar satisfações à Diretoria de Comunicação, como Cunha Santos.
E este é o problema dele – além, claro, da falta de legitimidade em sua eleição, garantida apenas pela própria diretoria, com votos dos assessores da Casa, sem qualquer documentação legal.
À medida que o presidente do Comitê de Imprensa é obrigado a dar plantão e receber ordens da Diretoria de Comunicação, como jornalista da Assembléia, ele perde a autonomia para comandar o Comitê de Imprensa.
E o Comitê de Imprensa não pode ficar sem autonomia em relação à Assembléia e à sua diretoria de Comunicação – sob pena de perder a identidade e se transformar em apêndice da própria Assembléia.
De ontem para hoje, as assinaturas de Cunha Santos nas matérias do site e da Agência foram todas retiradas. Tentativa desesperada da Diretoria de Comunicação de esconder o vínculo do jornalista.
Prova apenas, no entanto, que a Secom insiste mesmo em manter o Comitê de Imprensa atrelado – nem que, para isso, tenha que cometer desvios éticos.
O Comitê pode até continuar submisso à Diretoria de Comunicação.
Mas os jornalistas que realmente importam, estes são independentes.
E vão continuar assim, existindo ou não Comitê de Imprensa…